10 de novembro de 2017

OS PEIXINHOS DO TEJO

São tudo mentiras.
Não há praticamente nenhuma notícia que seja veiculada pela comunicação social, em jornais ou na televisão, que seja totalmente verdadeira e assente em factos!
Nada.
Uma pessoa abre um jornal qualquer, de grande ou média tiragem, de nome ou renome, uma chafarica, um pasquim ou uma trampa com letras, e não consegue absorver a atualidade tal e qual como ela é. Não consigo ler uma única palavra que escreva o Expresso, uma notícia que passe no Público, que não fique imediatamente de orelha fita, desconfiada porque nem dois minutos depois já está a mesma envolta em controvérsia, ou alvo de notícia na página (espetacular, diga-se) dos Truques da Imprensa Portuguesa.
Ler notícias tornou-se um tédio e dá o triplo do trabalho que me dava há 10 anos. Primeiro lemos a notícia, e depois temos de ir perceber se é verdadeira ou falsa. Se for falsa temos de ler novamente a mesma notícia, esperar que seja finalmente a verdadeira.
É uma aprendizagem tripartida, troikana, tricéfala.
É o horror da matemática aplicado às letras, é fazer uma conta e ter obrigatoriamente de fazer a prova do nove, porque meus amigos, às vezes lemos 9 vezes a mesma notícia e em nenhuma podemos confiar.

Há dias entrou-me pelos olhos uma deplorável imagem do Tejo, que mostrava milhares de peixes mortos.
Foi uma carnificina imensa que se seguiu à publicação daquelas imagens. Que as fábricas da celulose matavam a vida no rio (quais? todas? algumas? uma? who cares!), que o rio estava podre, que isto e aquilo, uma desgraça franciscana.
Vai-se a ver e afinal os peixes são alburnos. Ora alburnos são uma espécie invasora, uma praga, e que compete com as espécies instaladas, saindo normalmente vencedora devido ao seu insaciável apetite. É um adversário sem escrúpulos e sem coração. A recomendação é que não se proceda à sua introdução em mais nenhuma massa de água, uma vez que contribui de forma activa para a diminuição drástica de muitas das espécies autóctones.
Ahh, mas isto não tem nada a ver com o facto dos peixes aparecerem mortos, diz o leitor incauto.
Claro que não, mas atentai às características do referido ciprinídeo, que além do mais não é originário do rio Tejo, logo não está preparado biologicamente para algumas partidas mais agrestes do rio ou da natureza: como o rio está superlotado (há de tudo um pouco desde achigãs à ameijoa japónica) e tem atualmente pouca água devido à seca mortífera que se faz sentir, há pouco oxigénio para todos. Ora aqui está a/uma explicação.
Mas não, que a culpa é das celuloses, essas sacanas que matam tudo.
Mas não, que a culpa é das celuloses, mesmo que não se veja nas imagens outros peixes mortos que não sejam os alburnos.
Mas não, que a culpa é das celuloses, mesmo que não se veja nas imagens a água leitosa e nem qualquer outra espécie.
Mas não, que as celuloses matam seletivamente algumas espécies....
Mentira, as celuloses investem milhões na purificação das águas. Têm dinheiro para isso e para muito mais, e investem. Ao contrário do que se pensa, ou do que se veicula para que se pense, nunca as águas estiveram tão limpas, e podemos agradecer ao trabalho das celuloses.
O que mata os peixes, além destas situações ambientais intransponíveis pela ação humana, são afinal as descargas dos pobrezinhos das suiniculturas, vacarias e outras produções animais, que trabalham no limite, esganadas e esmagadas pelos preços de mercado, sem conseguir investir em mais nada a não ser no pratinho que põe na mesa lá em casa, e nos imposto que pagam aos magotes ao Estado que tudo come.
Mas as falsas notícias vão saindo e vão também esmagando e esganando a minha paciência.

Será mesmo que todos os jornalista que se prestam a dar notícias verdadeiras estão sendo  direcionados para a extinção tal como os peixes autóctones do rio Tejo?
Who Cares?

2 comentários:

  1. O velho costume de acender as forquilhas e bramir as tochas (está ao contrário de propósito :)) ao mínimo grito de guerra... :) bom fim de semana!

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  2. Desde os incêndios de Junho que deixei de ver notícias e de as ler com atenção. É mesmo muito baixo o nível do jornalismo que se faz

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