"Anos antes fora uma rapariga que se sentia perdida, isso sim. As esperanças da juventude pareciam já todas mortas, tinha a impressão de decair para trás, na direcção da minha mãe, da minha avó, na cadeia de mulheres sem voz ou irascíveis de quem descendia. Oportunidades perdidas. As ambições ainda eram ardentes e alimentadas pelo corpo jovem, por uma fantasia que somava um projecto a outro projecto, mas sentia que o meu frenesim criativo era cada vez mais isolado da realidade dos tráficos da universidade e pelos oportunismos de uma possível carreira. Parecia-me prisioneira dentro da minha própria cabeça, sem possibilidade de me por à prova, e estava exasperada."
Elena Ferrante in Crónicas de um mal de amor (A Filha Obscura), pág. 336
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