8 de janeiro de 2018

UM LIVRO NOVO POR DIA [Dois Irmãos - Milton Hatoum]

2017 acabou por ser também o ano em que li menos.
Comprei bastante, sem conseguir intuir uma única vez que comprar livros não é sinónimo de ter tempo para os ler, ou capacidade intelectual para estar sossegada a correr linhas e entender o que elas me querem dizer.
Comecei pelo Philip Roth «Quando Ela era Boa», o meu autor preferido - e aquele que eu achava que poderia abrir as hostes do "annus horribilis" - mas que afinal foi tramado pelo vazio que se apoderou de mim quase todas as noites e que me impediu de preencher a cabeça com substâncias palpáveis; secundei com o gigantesco «O Labirinto dos Espíritos» do Carlos Ruiz Zafón, outro dos melhores e um dos que me deu mais prazeres nisto da leitura durante aquele outro ano, igualmente horribilis, em que perdi a tineta e decidi que queria trabalhar num sítio diferente e descobri que afinal são todos iguais; passei os olhos pelo [acho que] magnífico «Não se Pode Morar nos Olhos de Um Gato» da Ana Margarida de Carvalho,e é mais um que lá está a azedar ao lado da máquina de costura, outra que sofre de abandono maternal mas que pelo menos ainda enfeita muito bem o móvel; o coitado do Mário de Carvalho, o pai da Margarida de Carvalho, também não teve sorte com o livro de capa amarela que fala sobre Romanos; o Diário de Anne Frank, que comprei para a minha filha mas que resolvi reler, também lá está com a badana a marcar uma página qualquer algures no mês de setembro quando ela percebe que os vestidos já não lhe servem, os sapatos não lhe cabem e o anexo é afinal todo o mundo que lhe resta - ele há coincidências; e tantos outros que sinceramente não me lembro porque escolhi-os, comprei-os, e depois abandonei-os.

Mas houve um que li.
Em dois dias.
E para ser muito sincera, há muito que não lia assim um romance tão bom.
É do Milton Hatoum, um autor que venceu três vezes o Prémio Jabuti [o mais importante galardão literário do Brasil], e para mim, uma estreia em livros do Brasil depois de Machado de Assis e Jorge Amado.
Larguem tudo o que estão a fazer e mergulhem nesta história extraordinária.
Posso cair muitas vezes do meu cavalo, mas este livro não é um tombo!


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