Tendemos todos para a bulimia nervosa aplicada à informação cibernética, porquanto nos saciamos das polémicas virtuais tão vorazmente, que só vomitando tudo cá para fora é que conseguimos assimilar mais qualquer coisa de novo.
Na maior parte dos casos não há efetivamente nada de novo. São sempre as mesmas coisas, o longo bocejo da repetição, a mesquinhice, as inseguranças de quem se vê no pódio demasiadas vezes - por coisa nenhuma, os arrufos sacrossantos do clickbait levados ao exponente máximo da humilhação pessoal, os recadinhos de bastidores, o veneno e a displicência pela inteligência dos outros.
É triste, sobretudo porque os verdadeiros pódios da vida são concretizações pessoais e individuais e são, atrevo-me a dizer, conseguimentos íntimos que se bastam por si só e não carecem nem de aplausos e nem de dentadas em medalhas.
Tenho grande respeito por quem sobe aos pódios a pulso, lembrando sempre a velhinha expressão do self made Human, pessoas que são ao mesmo tempo brilhantes e humildes, que partilham os méritos e guardam para si as falhas [também dos outros].
Por ser uma Uva Passa, mas não ser assim tão velha, é que me lembro que em 1995 - quando renhidamente se votavam os Óscares de Hollywood - o filme «Forest Gump» e o ator Tom Hanks arrecadaram, respetivamente, melhor filme e melhor ator.
Foi realmente invejável a quantidade de fãs que o filme e o ator vieram a ter, impulsionados pela grande industria carneirófila que papa tudo o que é 'hit' do momento.
Nessa mesma competição estava o filme «Condenados de Shawshank», com Morgan Freeman no principal papel, que [é incrédulo!] não ganhou absolutamente nada.
A verdade é que a história é cruel para quem ocupa falsos pódios.«Condenados de Shawshank» é atualmente um dos títulos mais vendidos no mercado de DVD e Blu-ray, ultrapassando em muitos milhares de milhões de cópias vendidas, o vencedor insofismável da competição de '95.
Eu confio, e espero, que todas as pessoas que assistem em primeira, segunda ou última fila os "conseguimentos" dos outros, saibam ver, e avaliar, com grande rigor, se quem ocupa atualmente certos pódios é verdadeiramente merecedor dos mesmos.
Não só por uma questão de justiça! mas para que depois não lhe venha a história dizer, na sua irremediável soberba, que passaram grande parte das suas vidas a ver o filme errado.
A Abraham Lincon é atribuída a frase:
«Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo.»
<3 Como sempre, tocaste no ponto.
ResponderEliminar"Sou uma Uva Passa, mas não sou assim tão velha, e por não ser assim tão velha é que tenho invulgar lembrança de coisas que grande parte das pessoas já se esqueceram."
ResponderEliminarComo faço parte da pequena parte de pessoas que nunca esqueceram dispenso te ler
e se queres saber
Se não me lês
porque hei-de eu de o fazer
se ambos temos a memória em dia
Tenho memória de um post teu que adorei ler, já que falas nisso.
EliminarJá li milhares de coisas tuas mas aquela que escreveste há uns bons 5 anos atrás ficou-me.
E é engraçado isso, porque de cada vez que me lembro de ti é como se visse o rapazinho.
5 anos à frente é que não podia ser... bahhhhh
EliminarMiúda ! Um grande beijo !
ResponderEliminarOlha quem é ela!!! Então pah? Que tens feito?
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