16 de novembro de 2013

DESPERDÍCIO CULTURAL... OU ESTAMOS EM GRANDE

Dois amigos falando sobre Museus:
- Desculpa se te aborreço com esta temática dos Museus. É uma maçada, eu sei. Quase não interessa, quase não vem à lembrança, passa ao lado, e na realidade é cousa tão importante. Sabes tu?
- Importante? Nunca me interessei por museus, tenho pouco tempo. Oiço dizer que são caros.
- Caros?
- Ó sim, caríssimos. Olha agora por exemplo, o novíssimo Museu N...acional dos Coches (MNC). 35 milhões de euros pousam naquelas paredes ribeirinhas. Não tinha noção que o país ainda tivesse esse dinheiro para gastar em cultura. E que peça de arte.
- Ó não, não me referia a isso. Pensei que falavas nas entradas.
- Pois não achas que são caras?
- Ò não! Não acho mesmo nada. E em boa verdade te digo; estou muito contente com esta preocupação em fazer museus, grandes museus, enormes museus, grandiosos museus. Estou em crer que vamos ficando mais cultos, pois não sabes, mais interessados na nossa história, e agora que falas nisso, posso garantir-te que é de grande valor patrimonial e histórico o nosso Museu Nacional dos Coches (MNC).
- Ai sim? Tenho vaga ideia de ser um dos mais visitados do país, com 200 mil visitas por ano, bem localizado, respirando a plenos pulmões. Funciona muitíssimo bem, dizem. Nunca lá fui.
- Sim, verdade. Ainda vamos tendo cousas boas, mas escuta: quer-me cá parecer que descobriram algo de grande importância, e que está relacionado com esse Museu.
- O quê? Não me digas que encontraram mais coches? Foi assim?
- Sim, fala baixo. Acho que foram aos milhares. Imagina que foram tantos e são de tão grande importância, que foi necessário fazer o novo edifício (quase tão grande como o CCB, mas não chega a ser, e é pena), para os comportar a todos. Sabes tu que um coche não é cousa pouca. Quatro rodas, um arreio....
- De facto, uma grande descoberta. Mas, dizias tu, quanto cobram para entrar?
- Não vai além dos 5,00€.
- Ora fazendo as contas, é grande lucro, não achas tu?
- Ó, sim, sim. Os portugueses estão cada vez mais interessados em Museus.

Desculpem maçar-vos com esta temática dos “museus”.
Pergunto-me a mim própria, sempre com a mesma indignação e em crescendo, quem terá sido o iluminado que projetou e fez nascer um edifício de 35 milhões de euros para lá colocar três restaurantes fast food, a importantíssima área comercial – que precisamos como do pão para a boca – e, vá lá, 15 coches que ao que sei estão p-e-r-f-e-i-t-o-s no sítio onde se encontram? Quem terá sido o luminoso-instruído que roubou 35 milhões à CULTURA para fazer um edifício vazio desde 2012, para lá comportar três tarecos e meia dúzia de caricas, na ideia insana [quiçá se não foi isso que lhe passou pela cabeça], de para lá atrair 8,5 milhões de visitantes como tem por exemplo o Louvre?
E vêm-me, então, outras perguntas à cabeça. Porque não existe responsabilidade penal para estes governantes? Porque se enchem primos, amigos, vizinhos, cunhados e irmãos, com tão grandes repastos de sapateiras e vinho verde, ora fazendo Museus, ora fazendo túneis, ora bailando, sempre, o bailinho da Madeira?
Que interesse tem um museu?
Que interesse temos todos nós?
Calhando, têm ambos cousas que já não existem.
Vida.
Respiremos então senhores, muito fundo. Haummmmmm haummmmmm haummmmm.

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