18 de novembro de 2013

SUSHI TIME! OU UMA SEITA DO PIOR...

- Uva, não gostas de Sushi?
- Opá, haa, não é bem isso, quer dizer, é quase isso, mas nem é por isso.
- Isso o quê?
- Isso de comer peixe cru, enrolado em arroz trinca, frio, com sabor a baixa maré, besuntado em mercúrio...

Versa a história antiga, que apareceu um senhor, desses que usam um barrete na cabeça armados em cientistas, que tendo investigado, feito parvo e durante imenso tempo, a estonteante vida do Atum, veio a descobrir que o peixinho era uma besta a comer mercúrio.
Ora eu, incansável pesquisadora e naturalmente curiosa, fui descobrir que toda eu estou, tal como o sushi e o atum, envolta no elemento do terror.
Para começar, tive a grande ajuda da minha mãe. Fã n.º 1 do elemento vermelho. Besuntou-me aquilo nas feridas das pernas e dos joelhos durante anos, e por isso, impediu deliberadamente que os pêlos das minhas pernas - que todas as raparigas têm e adoram tirar em sessões interessantíssimas de depilação, de onde chegam a nascer borboletas e outros animais - nunca me chegaram a nascer, privando-me desse convívio tão importante para o desenvolvimento da minha massa cinzenta.
E por isso sou assim, loira.
Acresce o facto de ter nascido em setembro, regida por Mercúrio. Se os meus pais estivessem mais atentos na hora em que me conceberam, talvez evitassem mais esta parvoíce, mas não. Mais tarde, quando alguém falava do rebento, era sempre nestes termos: esta rapariga parece que tem azougue! Ora não! Se pensar na quantidade de vezes que me obrigaram, ainda menor, a comer arroz com atum, não é difícil prever que toda eu sou azougue, palavra que, pasme-se, é sinónimo de mercúrio.
Voltando ao Sushi.
Eu, rapariga de ascensos gostos e profícuos saberes culinários, provei sushi uma única vez na minha vida – para não parecer saloia – e segundo me lembro, fiquei com uma pasta branca agarrada aos dentes de baixo e uma alga verde aos de cima, que foi comigo para o bairro alto, onde fiquei até às 5 da manhã, a rir-me para toda a gente….
Ontem, tendo merecido em minha humilde casa a prazenteira companhia dos comensais e amigos, fui surpreendida com um jantar de….. Sushi!
Ao fim de alguns minutos de animada preparação, já eu estava em pânico. Só conseguia ver o arroz unidos-venceremos, o peixe morto e cru que jazia inerte na bancada fria, as algas do Pacífico que pareciam estar vivas como enguias, as sementes da Turquia que chegaram provavelmente em vagões de galinhas nitrofurânicas, a faca branca e aguçada de porcelana de geração Ming, e a fruta colhida por indígenas nus e sem dentes…
…. na loucura do delírio, bebo de um trago uma copada de Planalto e fico logo mais calma.
Continuei a vê-los com os olhos esgazeados. Já nada podia fazer contra a seita: um agarrava-se à faca, o outro ao arroz, o outro às algas, e quando dei por isso, tinha a mesa coberta de pauzinhos chineses, origamis e toda uma panóplia de travessas cheias de rolos pretos (sim, parecidos com aquilo) cortados às rodelas, que fui obrigada a consumir, depois me atarem à cadeira com uma corda, qual Atum drogado, que se contorce na ressaca, por mais uma dose do terrível elemento.
Sei que uma seita se agiganta. Os agarrados ao Sushi-Mercúrio, da qual o meu próprio marido é (ou planeia ser – já que viu e fez tudo com muita atenção) faz parte.
Eles andam aí, a espalhar o terror vermelho. Tenham medo, muito medo.

Caros amigos, foi um belo jantar! O Sushi estava divinal. Cof, cof. Obrigada.

PS: O nosso jantar foi feito com Salmão. O elemento Atum foi colocado na história para surtir mais e maior efeito, no entanto, soube há pouco que outro cientista tem vindo a investigar o Salmão….


 

 
 

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