29 de novembro de 2013

ARREBENTA COM ELES MANEL PARVO!

Quando eu era muito miúda, a minha avó Maria contava-me muitas vezes que havia um senhor lá na terra, no antigo e profundo Alentejo, que comeu até rebentar. O nome dele era Manel, Manel Parvo.
Da minha cabeça pequenina, nasceram, em simultâneo, ondas de comicidade e de terror, ora imaginando o Manel Parvo a comer sôfrego, com os dedos gordos nas mãos besuntadas, e com a grande barriga a crescer logo abaixo dos sovacos, ora imaginando (como a minha avó gostava) que ele rebentava mesmo no meio de uma festa, deixando os comensais todos alagados numa papa de torresmos, vinho e mioleira. O Manel Parvo povoou o meu imaginário durante anos, de tal maneira que a minha expressão "Olha, aquele é como o Manuel Parvo!" é recorrente no meu discurso e é aplicada sempre que noto alguém, como a minha avó notava em mim, agarrado ao prato, ao pote, ao tacho ou ao poder! É no fundo o que este coelho me lembra. O Manel Parvo! Parece-me no entanto (e tenho pena) que o tacho deste coelho (parvo das orelhas), não tem fundo - coisa que não acontecia no Alentejo do Manel, onde o prato era raso - e parece-me que toda esta comida que come sôfrego sem parar (para pensar) é-lhe dada de bandeja, e ele vai comendo, comendo, e espero eu, que seja até rebentar, caso contrário quem rebenta somos nós. Eu por exemplo, não consigo engolir mais nada!

 
 
 

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