20 de fevereiro de 2014

Ninguém morre de congestão



Outro mito daqueles que me encanita, é quando as mãezinhas proibem as crianças de ir ao banho por causa da congestão. E o que eu penei com esta moda? À torreira do sol durante 3 horas depois de almoçar uma refeição ultra pesada, como por exemplo, o rabo de uma sardinha e uma folha de alface? 
É que a minha mãezinha, nem os pés me deixava molhar, e se por acaso eu arrotava nos minutos seguintes, era caso de grande preocupação, já que uma congestão poderia fulminar-me a qualquer instante.
- Só na beirinha, ouviste?
- Mas mamã, deixa-me só encher o baldinho.
- Pede ao teu pai!
 
Vamos lá a ver uma coisinha: a congestão, nada mais é do que uma alteração aguda da digestão, ou seja, uma interrupção da digestão. Esta interrupção pode dar-se de várias formas, pode mesmo acontecer se resolvermos andar de bicicleta depois de comer, ou se fizermos um esforço físico demasiado violento, como por exemplo nadar.
Então o que é que acontece verdadeiramente?
O choque térmico provocado pela entrada repentina na água, ou o esforço, pode parar a digestão. Durante a digestão o nosso sangue está direcionado para o aparelho digestivo, para melhorar a absorção dos alimentos digeridos, mas continua circulando em grande quantidade nas outras partes do corpo. Se a digestão para, o sangue que está circulando na cabeça desce para o estômago para ajudar a digestão que ficou comprometida, e todos já sabemos o que acontece a seguir, a pessoa que não oxigena o cérebro perde momentaneamente os sentidos, fica tonta e pode até desmaiar.
Claro que isto só por si não faz grande mossa ao ser humano, que logo utrapassa este episódio momentâneo, mas se acontecer dentro de água, especialmente em zona fora de pé, não há forma de se segurar, cai à água desmaiado ou sem forças no corpo e morre afogado silenciosamente.
Podemos almoçar uma feijoada e ir logo molhar o corpo ou até mesmo dar um mergulho, mas devagar, e com calma a entrar na água, sem loucuras parvas e sem grandes canseiras, e o mais importante, sem sair de pé. Deixar que o corpo se habitue à temperatura da água é o grande segredo para a digestão não parar. A partir daí, não há mal nenhum.

 
Eu, que praticamente cresci dentro de água, e depois de fugir à garras da minha mãe, nunca mais "fiz a digestão". E conheço imensa gente como eu.
Bons banhos. 

4 comentários:

  1. Padeci de igual mal. Eram as mais longas 3h da minha existência. E sempre de chapéu e t-shirt e uma película de 3 cms, entre o branco e o amarelo claro, de creme Nivea + areia.

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  2. Eu sofria horrores. Se não podia andar com o rabo dentro de água, porque me levavam então para a praia?? As mães pah, chatinhas.....

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  3. Nunca fiz caso nenhum da digestão e nunca me dei mal com isso. Felizmente a minha mãe, que queria era que eu não lhe chateasse a cabeça :) deixava-me ir brincar para a beira-mar e lá se foi construindo a ideia de que não faz mal tomar banho depois da refeição.
    A minha mãe foi uma querida sem saber :)))

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  4. A minha mãe, agora com a minha filha, é tão, mas tão diferente...

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