4 de agosto de 2014

Diz-me lá o que foi que te faltou? Ó minha grande besta?

Do que mais precisavas tu, que não tivesses já?
Era mesmo necessário acabares com tudo, com a tua família, com o Banco, com os acionistas do Banco, com as quintas do Alentejo, com os negócios da Comporta, com as contas em oásis cheios de odaliscas nuas, que podias comer se te apetecesse, uma a uma, ou mesmo todas de uma vez, desde que para isso não te faltasse o vigor? Qu obscura necessidade tiveste tu, em querer mais, e mais? Acabaste com a tua imagem de Lorde inglês, a quem todos faziam a vénia e o salamaleque. Deixaste impando de medo todas as famílias a quem comeste a carne e agora lhes gelam os ossos, e tiritam na incerteza do futuro que conseguiste desmembrar, proficuamente, para arrebanhares mais qualquer coisa para ti.
Um homem como tu, que comeu os melhores mariscos nos melhores restaurantes, que bebeu os melhores vinhos das melhores pipas, todos os dias da sua vida, um homem que conheceu como ninguém os quatro cantos ao mundo, nos mais velozes dos jactos, nos mais luxuosos iates, um homem para quem cantou uma Amália embevecida, ofuscada, enganada. A nossa Amália.
Um homem que vestiu os melhores fatos, dos melhores costureiros, que estudou nas melhores escolas, com os melhores professores, que debutou nos melhores bordéis da Santa Alta Classe, que se pavoneou nas melhores festas diplomáticas, políticas, artísticas, com o melhor champanhe francês, e que saiu para trabalhar olhando as horas no melhor relógio que algum país soube produzir, em troca de códigos alfa numéricos secretos com cinquenta e muitos dígitos, resultado de muitas horas de trabalho sujo, da caneta de ouro.
Nunca te faltou nada. 
Dormiste na melhor cama, da melhor casa, da melhor Vila, da melhor cidade, de um país com homens e mulheres que caíam a teus pés, como mordomos canídeos, lambendo o suor do teu dia infame, esfocinhando o calor do teu sovaco que suou vilanagem, esquemas, aldrabices, aramices.
Conheceste o melhor da vida, tiveste aquilo que nunca ninguém teve, e não te chegou.
Diz-me lá agora, tu que foste de todos, o maior epicurista, o que foi que te faltou, no meio do tanto que tiveste?
És um miserável capaz de matar um país inteiro, se com isso pudesses ter só mais um pouco daquilo que tiveste sempre.

Na história do Portugal-Mau, tu, que de todos foste um dos piores, hás de permanecer por muitos anos, como O Ganancioso.

Portugal não é só teu.
Agora vai-te.
Infame.

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