1 de outubro de 2014

"Burn, mother fucker, burn!"

Quem me conhece um bocadinho sabe, e creio que quem não me conhece também é capaz de desconfiar, que eu tenho a minha alma agarrada às ciências médicas, aos hospitais, ao sangue e às seringas, e os meus dedos e coração agarrados às humanidades, aos livros, à história, à filosofia, e sobretudo às palavras e à escrita (onde de resto sou perfeita- como sabem).
O plano que o Universo tinha para mim, um grande plano se quereis saber, coisa do âmbito metafísico, era fazer de mim enfermeira, coisa que me disse através de um episódio da minha infância e que vão gostar de ficar a saber. 

Um lindo dia, estava eu a brincar no meu quintal, quando ouvi um berro da minha mãe, igualzinho aqueles trovões horríveis que ameaçam chuva, só porque eu estava a retalhar os braços e as pernas de toda a minha trupe de bonecas carecas, para lhes fazer os curativos com o mercúrio e o algodão das almofadas da sala. 

Foi neste dia que eu soube a importância que curar tinha para mim, e a alegria que me dava esfrangalhar as pernas, os braços, cortar dedos, voltar a colar, das minhas bonecas carecas, para depois passar horas a fazer tratamentos com cuspo, barro, pedrinhas, folhinhas e essas coisas que eu tinha no meu quintal e que hoje toda a gente usa para o mesmo fim.
O Universo sabia o que fazia, e tudo se inclinava para isso, até porque em criança passava a vida nos hospitais, sobretudo para levar pontos.
Mas o que nem eu nem a minha mãe sabíamos, era que para esse feito era necessário ultrapassar um obstáculo maior que pagar uma garantia bancária do banco mau.
A matemática.
E foi a matemática o monstro que me perseguiu a vida toda, o monstro que me fez a vida negra, foi a mão atrás do arbusto, foi afinal o espelho negro do sonho, ou seja, cortou-me as pernas, os braços, e mais houvesse para cortar, e que me fez colar com cuspo aquilo que era para ser, mas não foi, o grande plano que o Universo tinha para mim.
A vidas às vezes é esta merda nojenta.

Tem graça que passados tantos anos sobre aquele dia, em que apanhei (mais uma vez) a tareia da minha vida, a terrível matemática, os números, as contas, os cálculos, ainda me perseguem.
Tenho-os agora agarrados aos calcanhares, porra!
Ele é as contas da herança, eles é as contas do condomínio, ele é os TPC da miúda, ele é as contas dos orçamentos, eles é as contas do escritório... e a minha vida é isto, pá!
Fazer contas.

Tou F-A-R-T-A da matemática.
Baza!
Arde no inferno das disciplinas más.

Já agora:
Alguém sabe como é que mata definitivamente a matemática?
Era capaz de fazer um franchising disso.



12 comentários:

  1. a matemática é muito importante. se fores muito boa matemática, podes um dia ser ministra da educação e elaborares uma fórmula para a colocação dos professores. é apenas isso que poderás tirar da matemática. já é bom...

    ResponderEliminar
  2. A matemática persegue-te...aliás, persegue-nos como um fantasma do passado lembrando-nos das más notas à matéria! rsssssss

    ResponderEliminar
  3. Até gostei de matemática, na sua maioria pareciam-me jogos...mas depois escolhi letras :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Era o jogo do "onde está a cábula". Fui sempre apanhada mas consegui fazer aquilo nem sei como.

      Eliminar
  4. Dás-me cada desgosto tu... (Queres que te resolva o sistema de equações da figura, é??)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Consegues? Tens cá uma cabecinha. Espero que os teus filhos sejam bons a matemática, abre-lhes muito mais portas. A minha não se atrapalha, mas nesse aspecto é toda pai.

      Eliminar
  5. Estou contigo! Odeio números. Fuck números, Fuck matemática! Blhac!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu só gosto de números na conta bancária.
      Não generalizo para esse campo. Só quando eles se começam a interessar-se uns pelos outros e a querer ter relações, é que fico mais apardalada.

      Eliminar
  6. São também palavras, na matemática. Apenas outro tipo de palavras.
    Há equações que representam conceitos de uma beleza indescritível.
    Outras pela sua simplicidade são belas em si mesmas.

    Complicado é este estranho universo. A matemática é só uma linguagem sucinta e sem ambiguidade.

    Ah, e quando vemos números a descrever outros números, quando vemos a matemática a tentar compreender-se a si própria... Extático.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ò amigo Quiescente.... estou aqui a coçar a nuca, e não.. não me convenceu. A matetemática lixou-me a vida.
      Eu não dou a outra face. A ela não dou.

      Eliminar