28 de dezembro de 2014

Trabalhos de Casa ou uma Carga de Trabalhos?


Autor: Uva Passa Blog para UpToLisbonKids®
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SOLENE   
1. Feito com pompa e aparato; 
2. Que impõe respeito.

Há palavras que fazem mais sozinhas do que frases inteiras, todas juntas. 
É o caso. 
O adjetivo ‘solene’, por ter em si duas derivações opostas, é o que mais se assemelha à atualidade do nosso mundo escolar, isto é, duas formas de agir, e de reagir, dentro do mesmo conceito. 
Respeito e aparato. 
O mesmo significado, dois sentidos diferentes.

Assim vai a nossa escola, baralhando tudo. 
Pais e professores, dois grupos inseparáveis na formação das crianças enquanto indivíduos, duas pedras basilares que contribuem em pé de igualdade para o seu desenvolvimento, são muitas vezes a causa e o efeito que transforma aquilo que deveria ser importante, calmo e majestoso (solene) num aparato estridente e confuso que nos funde a todos, educadores e educandos, numa espécie de anel apertado de regras e deveres que a todos desgasta e consome, causando um atrito que faz separar os grupos que mais se deviam unir. Cresce a distância entre aquilo que é o papel da escola e aquilo que é o papel da família, sendo cada vez mais visível a mistura de papéis, e a confusão das crianças. 
Quero com isto dizer que, da mesma forma que os professores foram confrontados com um aumento da permanência das crianças na escola, também eu sou diariamente confrontada (para não dizer obrigada) a desenvolver tarefas escolares que apesar de serem da minha filha e pertencerem ao espaço da escola me são servidas por altura do jantar como se fizessem parte do meu menu diário. Na verdade sinto-me cada vez mais refém da vida escolar da minha filha, e posso mesmo afirmar que a nossa relação se vem deteriorando cada vez mais, por razões totalmente impostas pela escola.
Sinto-me verdadeiramente baralhada com este método impositivo e creio não ser a única.
Os trabalhos que os professores mandam para casa, imensos, diários e repetitivos, que não acrescentam em nada à aprendizagem ou à evolução escolar da minha filha - isto se pensarmos que está 8 horas dentro de uma escola com o professor, e não lhe chega! - vêm ocupar um tempo que é meu
Ora se a criança necessita dos dois grupos basilares (escola e família) para se fazer enquanto indivíduo, há aqui uma notória usurpação por um dos grupos nessa educação, e como a balança pende totalmente para a escola, o desequilíbrio surge naturalmente na família. 
A escola impõe-se à família através dos TPC´s, e isto é desrespeito, quando deveria ser solene.

Oiço dizer que as crianças são mal-educadas. Pois são. E serão. A razão radica tão-somente no tempo de qualidade que a criança tem com a família, que se vê tão diminuído, tão escasso  que é quase imperceptível na identidade da criança. O facto da criança ser obrigada a dar continuidade aos trabalhos escolares em família, é como se fosse também obrigada a trabalhar e a interiorizar os preceitos da escola, sem descanso, tornando-se prisioneira do seu próprio desenvolvimento, prisioneira do saber académico. 
A minha filha deveria ter o tempo que lhe resta, o final do seu dia, para absorver a educação filial, dos afetos, das brincadeiras, dos ensinamentos, das emoções, mas não, a minha filha chega a casa para continuar os ensinamentos da escola. Algumas, muitas, ainda se vêem confrontadas com mil atividades extra-curriculares, a ginástica, o judo, a música... a meu ver enganosas, porque são também elas escolas de atividades, escolas com regras, com professores.
Além de ser excessiva esta espécie de formatação académica, a escola está a cometer um grande e perigoso erro: rouba-me o tempo e enfada e satura a criança, que a curto prazo pode criar anticorpos contra a escola e vir sofrer de falta de criatividade, isto é, falta de liberdade para brincar, tempo para pensar, tempo para si enquanto indivíduo, impedida de estar sozinha, enfiada que está num meio coletivo, numa aprendizagem unilateral, pejada de números e letras, de regras e de secas monumentais. O meu tempo de mãe é-me assim roubado por três composições, quatro tabuadas e contas ambíguas de somar.

E é aqui que entra o aparato. 
Porque eu disparato!
E disparato com a miúda, que não sabe escrever como eu, que a cada palavra apaga, a cada conta erra, porque são dez e meia da noite e o texto ainda vai a meio. E eu tenho o saco cheio. E só me apetece é ralhar com a professora, coitadinha da senhora, que até é minha amiga. 
Como disse lá atrás, sinto que a escola está a educar a minha filha, mas não só. A escola com a sua 'diz-que-é-uma-mania' de mandar trabalhos para casa, especialmente desses travestidos de datas festivas que nos obrigam a verdadeiras noitadas de volta de postais, cartolinas, chapelinhos e abóboras, e com a sua rocambolesca teoria de que só assim se consegue que os (irresponsáveis) pais desenvolvam atividades em conjunto com os filhos, está no fundo a dar palpites e a impingir-me um tipo de relação que não quero ter com a minha filha, e vou mais longe, está a tentar ensinar-me como devo relacionar-me com ela. 
A escola, ao tentar unir os pais aos filhos, com cópias e ditados 'inocentes', está sim a separá-los, e ainda mais da escola. Desde que a minha filha começou o seu percurso escolar, há três anos portanto, que tenho escola por todo o lado. Escola em casa, escola no trabalho, escola no verão, escola na Páscoa, nas férias grandes e no Natal. É escola a mais. Eu não quero trazer o meu escritório para casa, como também não quero os trabalhos da escola em casa. Eu não quero composições ao fim de semana e tabuadas nas férias. Eu quero ter a minha filha só para mim, e tenho direito de a ter só para mim.
A escola, que tanto se queixa da falta de tempo para preparar aulas, deveria ter em conta que os pais também trabalham o dia inteiro, e vamos lá ver: se não compete à escola a educação parental, porque me há de caber a mim a educação e os ensinamentos escolares? 

Bem sei o que muitos vão dizer: que uma conversinha de pé de orelha deixava a professora nos eixos. Mas não, porque a professora segue as regras que aprendeu também ela, enquanto profissional. Os TPC´s muito embora estejam quanto a mim completamente desenquadrados da realidade familiar, e até da atualidade educacional, são parte integrante dos conteúdos programáticos e está totalmente (ou quase) enraizada na cultura do 1º ciclo. Além do mais, a professora pode não aceitar que uma mãe lhe imponha os seus métodos, como eu, que também não aceito que ela me imponha os dela. Não considero por isso o professor como sendo o único ator responsável por este mau teatro. Também ele, enquanto profissional foi motivado para fazer desta forma, ou o que aprendeu transformou-o desta forma.
Às vezes penso que os professores que mais se dedicam a este método, ou são mais velhos (daqueles dos primórdios em que todas crianças saíam às 13h e tinham a tarde tooooda livre) ou são solteiros e sem filhos e não entendem a difícil dinâmica familiar.

E os outros pais? Que dizem eles? 
Há pais que podem proporcionar aos filhos o tempo que eu não tenho? Uma minoria.
Mas há pais em casa o dia todo? Sem dúvida.
Há pais em casa às seis da tarde que podem fazer estes trabalhos? Há, mas não sou eu, e o mais engraçado é que a minha filha também não.
Então e não há nenhuma alminha que ponha cobro a isto?  Com tantas vozes que se levantam?
Já pensaram que há pais analfabetos que não sabem ler uma letra do tamanho de um palácio? A estes é-lhes 'perdoado' o trabalhinho pós-laboral?
Já pensaram que há avós velhotes, que muito já fazem eles, quanto mais ler intrincados enunciados e resolver contas e análises de textos.
E os métodos atuais tão diferentes dos nossos?

Da mesma maneira que não me faz qualquer sentido TPC´s até ao 4º ano de escolaridade, por não adicionar mais-valias significativas à aprendizagem da criança, menos sentido me faz nas férias (grandes ou pequenas) ou aos fins de semana. As crianças necessitam de brincar, dormir e descansar e até, pasme-se, de ver televisão e jogar computador. Se os professores não trabalham nas férias, não deviam impingir isso aos seus alunos e aos pais dos seus alunos.
 
Caros professores primários adeptos dos TPC, faço este apelo:
O momento é solene. 
Não façam mais aparato.

20 comentários:

  1. Trabalhos forçados, para pais e para filhos.
    Trabalho inútil, que chega a nem ser solicitado, nem tão pouco corrigido.
    Trabalho abusivo, desproporcionado com a capacidade das crianças.
    Trabalho escravo, sem troco algum.

    Eu cheguei a fazer alguns, tantas eram as fichas e os cadernos para completar não sei de quê mais, e as férias todas estragadas. Lembro-me de uma ficha (1º ano) que era para pintar as manchas da vaca de castanho nas vacas viradas para a direita e de preto nas vacas viradas para a esquerda. Tinha diante de mim um pulsinho a doer de tanto fazer letras em cima do tracejado. "Dá cá os lápis". Até tive o cuidado de borrar um bocadinho por fora das manchas das vacas.
    Eu sei que é anti-pedagógico e anti-tudo.
    Ela entrou para o ISCTE este ano, para o curso que queria.

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    1. Dou em louca! Louca! Era muito preciso que alguém pusesse um ponto final nisto. O verão passado (eu com 3 semanas de férias em dezenas de trabalho) tive de fazer trabalhos de casa com a miúda quase todos os dias para dar vazão e no fim nenhum foi corrigido! Isto é estúpido e desumano e muito castrador para a criança. Eu farto-me de falar disto e aqui no blog então... Mas ninguém me ouve...

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  2. Não podia concordar mais! Luto todos os dias com os colegas que passam TPCs a toda a hora. Haja o bom senso de deixar às famílias algum tempo de qualidade!

    Beijocas, Uvinha! :)

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  3. Nem todos os professores são assim. Isso depende dos professores e não do sistema. Eu não me posso queixar da quantidade, embora me queixe da qualidade. Já cheguei a dizer à professora da minha filha que EU não iria passar mais tardes de Domingo a fazer um livro de história de Portugal em Inglês e que, como ela era manifestamente incapaz de o fazer sozinha, a professora que lhe passasse outro tipo de trabalho ou que lhe desse pistas sobre como fazer o livro sem ocupar os pais uma tarde inteira. A princípio não percebeu que eu estava mesmo a falar a sério mas lá encaixou, depois de dois recados na caderneta a justificar a falta do trabalho. Eles agora têm instruções muito mais específicas, fazem o livro com pouca ou nenhuma ajuda e, acima de tudo, aprendem. Eu sempre manifestei todos os desagrados que eventualmente tivesse, do outro lado sempre encontrei pessoas sensatas.
    O problema, às vezes, são os pais. Cheguei a dizer a uma mãe, que reclamava por haver poucos trabalhos, que havia imensos livros de fichas à venda, que ela era livre de escravizar o filho até à hora que entendesse desde que deixasse o meu em paz.

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    1. Nem todos os professores são assim. Isso é certo Picante. A escola moderna por exemplo (presente em alguns colégios que eu não posso pagar) é um exemplo disso mesmo. TPC só a partir do 4º ano. Maravilha.
      O problema são os pais. Eu assumo uma parte do problema.
      A minha filha anda numa escola pública aqui numa zona compliqué. Há uma grande fatia dos EE que estão desempregados e são de baixa escolaridade. Os putos não são muito bons e a prof. carrega TPC para eles fazerem com os pais que estão em casa, e para melhorarem a aprendizagem. Ela (prof) diz 'implicá-los'. Eu vou aos arames.
      Os bons alunos (a minha filha é boa aluna até ver) paga esse preço.
      Para que a minha filha deixe de ter TPC, todos tinham de deixar de ter TPC. Ora os pais com menos escolaridade não entendem que a professora não manda TPC porque a formação baixa não lhes permite perceber que isso é contraproducente. É estranho e complexo.
      Tenho aqui uma grande percentagem de pais (e vive um empresa à conta disso mesmo aqui à minha porta) que paga 150,00€ por mês para ter o filho ou filha num apoio ao estudo SÓ para fazer TPC. É grave. E é estúpido. Mas entranhou-se e as pessoas andam felizes e contentes com o facto dos filhos 'andarem no apoio ao estudo e até lá fazem os TPC'. Muitas são miseráveis (que disso percebo eu) e pagam aquela bengala aos filhos e não entendem que nunca mais se livram daquilo. Eu sou contra 'explicações' no 1º ciclo, que aparecem muito por conta dos TPC,s. A mim não me faz nenhum sentido.
      Por outro lado não posso dizer à professora que a minha filha não faz, porque a miúda fica transtornadíssima se lhe digo que 'hoje não fazes'. E chora. Ela percebe que os outros levam e ela não e acusa-me de a fazer ser diferente.
      Já referi o exagero numa reunião de pais e a maioria foi contra mim porque já tem aquilo enraizado e lá está, o tipo de população onde me insiro ainda mete os professores nos píncaros e não são capazes de ir contra as ideias deles. A menos que lhes chumbem os filhos. Aí são capazes até de lhes tirar os olhos.
      Ando a ver se resolvo o problema mas tenho tido muita dificuldade.
      E tenho visto muitas vozes contra, mas nada a acontecer.

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    2. Experimente falar com a professora a sós. Explicar que a criança não precisa, a violência que são os finais de dia, as horas a que chega a casa e a falta de tempo para a acompanhar. Normalmente os professores compreendem, pelo menos é a experiência que tenho.
      Quanto aos pais... tenho visto gente sem nenhumas dificuldades e com cursos financeiros a entregar crianças de 2º ano aos centros de estudo. Passam lá duas horas por dia. A fazer tpc's e aprender Inglês. Uma violência. Nestas idades os miúdos, em tendo concentração nas aulas, não precisam de apoio extra. Mas os pais ficam malucos se os testes não são muito bons, nada a fazer.

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    3. Nada a fazer, mas é muito estúpido. É uma COMPETITIVIDADE atroz, logo desde cedo. Andam a criar monstrinhos laborais. Se agora já se comem uns aos outros, fará no futuro.
      Eu que nem fui uma aluna por aí além, só tive explicação na faculdade a matemática, onde sempre fui um zero.
      Isso é o que vou fazer. Falar com ela a sós.
      A professora é boa menina. A ver se nos entendemos.
      Mas é mal geral. Tenho falado já com tantas mães e todas se queixam do mesmo. Um horror. E transforma a minha vida num inferno.
      Um abraço Picante.

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  4. Este tema vai ser sempre alvo de discussões apaixonadas.Vai haver sempre os que estão a favor, e os que são contra. No meio, os indiferentes, para quem a escola é apenas um meio para poderem ter os filhos sob a responsabilidade de outrem. Depois a indisciplina, muita. Os alunos, logo desde cedo, não percebem o significado da palavra "não"! No espaço de uma sala de aula, quando isso acontece desestabiliza todo o ritmo de trabalho e desgasta. Assim, lá se vai a concentração e o tempo útil que podia ser gasto a aprender. Tudo o que ficasse feito na escola, não viria chatear para casa. Depois, os programas, Não conheço bem os do 1º ciclo, já estou longe dessa realidade. Mas o de Matemática é abominável, segundo ouço dizer, uma vez que engloba conceitos quase impossíveis de perceber por crianças destas idades. O pior é que não é possível chamar os responsáveis à razão. Eles não ouvem. As cátedras que administram não lhes permitem, na maior parte das vezes, serem pessoas razoáveis. Depois, tudo o que se experimenta no estrangeiro, imita-se cá, sem preocupações de ter em conta a realidade e a mentalidade! Devoram-se livros de especialistas em pedagogia, fazem-se ações de formação, discute-se, há plenários e debates, e fica tudo na mesma. Depois vieram as AEC, último reduto para manter mais tempo as crianças nas escolas.E aqui chegamos ao cerne da questão:o tempo. O tempo é precioso; quer para pais, professores e alunos. Quando os trabalhos para casa engolem esse mesmo tempo e a paciência de alunos e encarregados de educação responsáveis, acabam por tornar-se num problema sem solução à vista, a não ser que o bom senso impere. Eu não sou professora do 1º Ciclo, o que aqui ficou escrito não resume a problemática, nem pouco mais ou menos.Esta, é muito complexa. É muito difícil ser-se pai, mãe, encarregado de educação, professor nos dias atuais. A todos é exigido mais do que aquilo que podem dar. E por último, deem-lhes tempo para brincar, na rua, porque a escola é mesmo para levar a sério. E já agora, crianças a entrarem no primeiro ano ainda com cinco anos? Não sei se é boa ideia. Há uma coisa chamada maturidade. Até para estar sentado a ouvir, é preciso ter a faixa etária certa. Peço desculpa por me ter alongado, e sair um pouco do tema, mas , na minha opinião, tudo está interligado!

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    1. Belíssimo coment cara Rodapé! Belíssimo.
      A minha filha entrou com cinco anos, mas eu até acho que bem. Um ano inteiro a marcar passo seria uma tormenta para ela que já ia muito avançada na matéria. Sabia ler e contar até 100.
      Mas conheço muitas mães que não deixaram os filhos entrar com essa idade precisamente pela questão da maturidade. É outra questão pertinente que ninguém liga. Essa e a de se dar prioridade a emigrantes quando para uma vaga há um português com 6 anos e um menino estrangeiro com a mesma idade. Essa e haver várias crianças deslocadas numa sala de 3º ano qaundo deviam estar na sala do 2º ano. Essa e os professores entulharem as crianças com TPC nas férias grandes e depois serem substituídos por outros que nada sabem do que se passou e do que tem para corrigir... e agora a novíssima temática vinda da Finlândia, que nos diz que todas as crianças deveriam só aprender a escrever com letra de imprensa, abolindo a letra manuscrita... e que toca nessa tal importação de que falaste... enfim, pano para mangas em tempo muito quente...

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  5. Olá Uva. Eu ainda não entrei nessa guerra (o meu mafarrico anda ainda na pré), mas pelas conversas que vou tendo com outros pais de crianças mais velhas, vejo que esse é de facto um mal geral. Assim de repente não me recordo de um sequer que não se queixe disso. Eu ainda não sei como vai ser com o/a professor/a que lhe calhar em sorte, mas de uma coisa tenho eu a certeza: não vou ficar calada se considerar que deixamos de ter vida familiar para termos apenas vida escolar em família.

    (e clap, clap, clap para o texto)

    PS - uma das coisas que mais me arrependo é ter ter mudado a grafia lá pelos 11 anos e passado a escrever com letra "à maquina". Tinha um colega te trabalho que tinha uma letra manuscrita lindissima. Que inveja...

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    1. Olá Anna.
      Só espero que não entres nesta armadilha. Lembro-me de ter noites muito infelizes com a minha filha na 1ª classe. Mandavam TPC para ela fazer coitadinha, que ninguém entendia e muito menos ela. Muito leeentaaaaa a fazer as letrinhas, e eu a dormir em pé, depois de 11h ou 12 horas de escritório em cima....
      A ML já teve 3 professores em 3 anos. Poderiam ser diferentes? Podiam. Mas não. Tudo a mesma coisa no que a TPC diz respeito. Um abuso.

      Se queres ver o que se passa na amiga Finlândia vai ver isto:
      http://www.ionline.pt/artigos/mundo/finlandia-escolas-dao-primeiro-passo-acabar-escrita-manual

      Eu estou dividida e ainda não ponderei bem. Não consigo opinar ainda.

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    2. E essa da letra rococcó é uma bela treta. Os miúdos olham para os livros, escritos com letra de imprensa, e não reconhecem as letras. Uma idiotice.

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    3. Miss Golden, está prometido um post a falar disso!

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  6. O meu filho frequenta um colégio que não envia TPC. Mesmo assim a prof. do meu filho envia umas fichas para o fim de semana para satisfazer a necessidade dos pais que gostam de TPC. E há pais que gostam mesmo de TPC! Só me pergunto se não têm nada mais giro para fazer ao fim de semana!

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    1. Não têm Miss, é que não têm mesmo. O colégio do teu filho é uma maravilha. Sabes disso?
      Eu é que sou uma pobretanas e enfim, tenho de me sujeitar a estas coisas.

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  7. Assino por baixo. Não sou mãe mas trabalho num centro de estudo. Lá, as crianças fazem os TPC e estudam! Estudam porque é altura de testes, estudam porque sim, estudam porque os pais pagam. Estudam até estarem vesgos e eu os mandar embora após as 19 horas
    Algumas crianças entram na escola às 8 e saem do centro de estudo após as 19. São 10 a 11 horas diárias. É um exagero. Trazem inúmeros trabalhos de casa e os pais querem resultados excepcionais, logo a criança tem de fazer mais não sei quantos trabalhos para estudar a matéria para tirar muito bom a tudo, basicamente.
    O assustador é que tudo o que aprendem é colado e no ano seguinte não se lembram de nada. No quinto ano não sabem a tabuada, escrevem com erros, esqueceram como se divide as sílabas de uma palavra e não sabem fazer contas de dividir sem máquina.
    É a sociedade que temos. Querem resultados, mesmo que sejam errados. Querem quantidade e não qualidade.
    poucos pais conheço que pensam como tu. Poucos pais se lembram da necessidade que os filhos têm de ser crianças . Os filhos têm de ser os melhores, uns robôs, o número 1. Tudo o resto pouco importa.

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    1. Olívia, isso é medonho miúda. Eu vi há coisa de um mês uma reportagem sobre os centros de estudo e aquilo pareceu-me de uma bizarria imensa. Era incapaz de fazer aquilo à minha filha. Isso é o significado da palavra castração parental. Criam monstrinhos. Vou falar sobre isso. O teu comentário é precioso. Espero utilizá-lo se mo permitires, devidamente anónimo. Grande testemunho. Obrigada.

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    2. Podes utilizar à vontade. Eu sempre disse que tendo filhos nunca na vida os poria num centro de estudo. Se em algum ano tiverem dúvida numa determinada matéria posso pensar em explicações e é o máximo. Eu nunca fui aluna de 5, tinha poucos 4 e muitos 3 e fiz uma licenciatura e um mestrado e aas 26 anos comecei a trabalhar já com tudo feito. Agora as crianças são forçadas a ter resultados porque "só os melhores são bons". É de uma violência absurda! E muitos parte dos pais. E isso ainda me assusta mais.

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