Tal como tinha prometido, aqui estou eu a responder de forma mais séria aos comentários que me foram deixando no post sobre a Carolina, um caso mediático com contornos de índole reconhecidamente humanitária, que ‘apaixonou’ a comunidade, (nomeadamente a blogosfera), que através de diversos pedidos e ações no terreno, fez desencadear uma resposta da sociedade civil, que contribuiu como pode, com o que pode, com o que achou por bem contribuir, na tentativa de tirar a Carolina da situação de risco eminente em que se encontrava e que infelizmente ainda se encontra.
O que se passou com o caso ‘Carolina’ e com tantos outros casos do conhecimento geral é aquilo a que comummente chamamos de ‘onda solidária’.
Onda porque se agiganta, rebenta, leva tudo à frente, e vem, como vêm todas, morrer na praia.
Puxando o romantismo da coisa, já que a sociedade civil responde a estes casos quase sempre de forma romântica, com o coração, faço já aqui um paralelo entre a resposta da sociedade e a onda.
Bonita de ver, linda na sua grandiosidade, mas revolta, indomável, perigosa, cuja continuidade não é um lago de águas calmas como se quer [paz], mas sim uma sucessão de outras ondas, que rebentam sem parar, sem finalidade aparente, senão a de fazer barulho, agitar as águas, e levar na remissão, tudo atrás.
No entanto, as ondas têm uma função na sociedade, como têm, naturalmente, no mar.
As ondas não movem a água do mar como também não fazem movimentar, metaforicamente falando, o cerne da sociedade, ou seja, as ondas transportam energia, sem transportar a matéria. Diria que as ondas solidárias (no caso da Carolina) serviram para energizar e até alertar as entidades competentes, mas a matéria, aquilo que faz mudar a própria sociedade, não é já função da sociedade civil [onda], mas de quem controla a matéria.
Para responder às questões que foram elencadas por esta menina que de resto compreendo, julgo que não há necessidade que me alongar na 1ª questão, uma vez que, como compreenderá, o amor ao próximo e a moral, não são apanágio somente dos que têm uma formação religiosa, porque ao excluir-me desse grupo, por ser ateísta, coloca-me numa posição que não ocupo, de todo.
Permitam-me que exclua também da equação os outros casos aqui mencionados (Rodrigo e Nonô) que foram ajudados pela sociedade civil e pela onda solidária, mas que por serem casos de ordem médica, casos que surgiram depois do Estado ter feito TUDO o que estava ao seu alcance - mas que para um pai e para uma mãe nunca chega – não se podem incluir no grupo de casos que surgiram por ‘demissão/falência/incompetência do Estado’, mas sim para coisas extraordinárias à sua função, como tratamentos em países estrangeiros (alternativos) que o Estado não pode pagar, nem prestar, e que a sociedade civil sentiu que aquelas mães mereciam dar aqueles filhos. E a verdade é que foi precisamente a sociedade civil e depois um medula, que salvou muitos deles.
Mas a Carolina tem outra doença.
Por outro lado coloca-se uma questão fundamental: a exposição da criança; e vou citar a Lady_m para alavancar: ‘é preciso alertar e consciencializar as massas para a importância da doação de medula óssea’. A exposição tão necessária nestes casos é inversamente proporcional (e desnecessária) ao caso da Carolina, que acabou por ser, como explica a Leididi, um fator de risco, porque todos os habitantes no novo bairro/escola conhecem a situação e fazem questão de dar disso conhecimento à Carolina, através de ameaças de vária ordem que obrigam inclusive a mãe a ficar de guarda.
Continuo, agora para fora de pé.
Ajudar alguém que precisa de açúcar para fazer um bolo, é substancialmente diferente de ajudar alguém que precisa de açúcar no sangue.
Ajudar alguém que precisa de açúcar para fazer um bolo, é substancialmente diferente de ajudar alguém que precisa de açúcar no sangue.
A sociedade civil respondeu com muitos pacotes de açúcar, e até de farinha, ovos, fornos, mas o doente faleceu.
Mas então não era de açúcar que ele precisava? Era. Mas em doses certas, administrado no local certo, com médicos a monitorizar, o dietista para fazer a lista de alimentos, com consultas semanais para conferir os valores, com ajudas para comprar os medicamentos, um psicólogo da área, talvez uma casa mais perto do hospital…
E a onda, que na sua ânsia de chegar à praia, que lutou tanto, que veio lá dos confins do mar, onde fez amigos peixes, anémonas, rochedos, tudo disposto a ajudar, a fazer e a dar, falha onde?
Por que motivo continua Carolina em risco, quando tudo se fez para a salvar?
Falha porque as ondas não salvam ninguém de se afogar, e no caso da Carolina não era só ela que não sabia nadar, era a Carolina, a família da Carolina, a escola da Carolina, os colegas da Carolina, os ‘violadores’ da Carolina, os pais dos ‘violadores’ da Carolina…
Era um mar de gente.
A sociedade civil que se uniu para ajudar a Carolina esqueceu-se das circunstâncias da Carolina (Família, Escola, Bairro).
Tudo o que fizeram para a ajudar falhou. E vai continuar a falhar.
Era preciso salvar também toda esta gente, da miséria, do desemprego, do bairro, da família que está formatada para a miséria e para a dependência.
Quem é que atrás de e-mails e mesmo de reuniões diversas e diversificadas consegue fazer isto?
Educar esta gente toda para inclusão?
Salvar a Carolina não é só dar-lhe uma bóia.
Ahh mas pediu-se ajuda a tudo o que foi conhecimentos.
Se o vosso filho diabético estivesse a definhar, como gostariam que fosse tratado (aproveitando um certo dizer ‘podia ser a minha filha’)?
Era com um médico conhecido ali da Buraca que faz uns furos no Hospital da Cruz Quebrada? Uma Psicóloga no desemprego? Um Assistente Social desocupado, que não está agregado a nenhuma instituição? E este (que posso ser eu que também sou A.S.) faz o quê pela Carolina? NADA! Porquê? Porque não há um único profissional que se preze que se atravesse por uma família (em risco ou não) sem ter uma rede por trás!
Porque os contactos que o A.S. tem são preciosos para os casos dele, para os casos que apresenta ao patrão! Pois é… gastar recursos da instituição em casos fora da sua área pode valer-lhe o emprego. E muitas confusões.
Um médico que se preze não opera crianças nas escadas de um prédio, ou opera?
Porque há de um Psicólogo fazê-lo? E se a operação corre mal e ficarem com a menina nos braços?
O trabalho da sociedade civil falha aqui, e de punhos cerrados (e já agora, sem vernáculo) digo que o post não é injusto, e não é injusto porque não ataca a Leididi ou a Pólo Norte, e nem a onda na sua imensa misericórdia. Não as ataca porque também elas fazem parte desta onda e desta forma romântica de intervir na sociedade.
E tiro-lhes o meu chapéu!
Se a fórmula correta e ultra maravilhosa para resolver os problemas sociais fosse a caridade da sociedade civil, não havia necessidade de existir o Banco Alimentar, a Cáritas, os Bombeiros, o São Vicente de Paulo, a Associação do Alzheimer, porque a sociedade civil tudo resolvia com a sua caridade impreparada e fugaz, lá está, munida de NIB´s e IBAN´s, móveis e sofás.
Se a fórmula correta e ultra maravilhosa para resolver os problemas sociais fosse a caridade da sociedade civil, não havia necessidade de existir o Banco Alimentar, a Cáritas, os Bombeiros, o São Vicente de Paulo, a Associação do Alzheimer, porque a sociedade civil tudo resolvia com a sua caridade impreparada e fugaz, lá está, munida de NIB´s e IBAN´s, móveis e sofás.
E se de repente a família, e a Carolina, e os violadores e suas famílias estivessem apenas a fazer bluf? A serem profissionais da pobreza? É um horror pensar nisto assim não é?
Mas existem casos assim, e outros bem piores.
Já pensaram que há pessoas que só vivem disso? Da caridade? Negam empregos, não querem aprender a pescar, porque lá está, comer um peixe quente e a horas, em casa alheia, sem perguntas, sabe muito melhor do que andar o dia todo ao frio a meter minhocas magras num anzol ferrugento.
E que da mesma forma que existe pouca tolerância à liberdade de expressão dos outros, também a tolerância à pobreza dos outros (e basta verem a indiferença de quem passa nas ruas de Lisboa pela miséria alheia) é limitada. Ajudamos uma vez a quem não sabe (nunca) aproveitar, e depois se há quem pode aproveitar, já não ajudamos porque fomos enganados.
Mas não é o caso da Carolina que infelizmente e em ultima instãncia precisa de ser salva da mãe e do pai e quiça, que sei, dela própria.
Acho maravilhosa a atitude de quem se preocupou e andou, sem nada receber em troca, a mover mundos e fundos por esta menina, e não é sequer isso que está em causa e nem defendo que não se faça de todo, mas gostava de alertar para que numa próxima oportunidade, e hão de haver muitas, milhares delas, creio que o melhor será focar a intervenção numa só instituição vocacionada para ajudar EM TODA A LINHA a problemática, e encaminhar para lá todas as ajudas materiais e monetárias, para que não se perca em parte incerta, injustamente, todo o amor pelo próximo que algumas pessoas ainda vão conseguindo ter pelos outros.
Obrigada a todos.
Mesmo.
Tens toda a razão Uva, tu és da área sabes do que falas. Li muito á pressa mas logo venho ler com mais atenção.
ResponderEliminarObrigada
Maggie
Obrigada Maggie.
EliminarMuito embora considere que 'os da área' às vezes de tão perto que estão não conseguem ver nada.
Mas temos a prática e a prática (como o protocolo médico) diz-nos mais do que o senso comum.
É não misturar alhos com bugalhos!
O teu post não foi injusto, não, Uva.
ResponderEliminarO teu post não criticou quem se moveu na onda de solidariedade.
O teu post alertou para o facto de toda a boa vontade do mundo nem sempre ser suficiente para encontrar soluções para determinados casos, sabendo-se lá se realmente têm solução. O teu post fez o que muitos outros fizeram desde o inicio, e recordo-me bem da posução que já na altura marcavas, que é a necessidade da existência de uma rede de apoio consistente, constante e duradora, bem como na cessidade de ponderar todas as hipóteses, inclusivamente aquelas mais desconfortáveis, que eram a ideia de estarmos a promover a "caridadodependência".
Muitos beijinhos
Exatamente.
EliminarNão sou contra a onda, porque, como também disse, ela tem uma função na sociedade, que infelizmente não serve estes propósitos.
Beijinhos e obrigada Mirone.
Sem tirar nem pôr
ResponderEliminarTu és uma rapariga muito interessante.
EliminarBem.... muito obrigada. Acho eu
EliminarUva:
ResponderEliminarGostei muito de ler o que escreveste e tal como diz uma leitora acima: li um bocadinho à pressa, mas prometo vir cá ler, com calma :-)
Há uma coisa que me saltou à bistinha ou ao coração e que não posso deixar de dizer agora: quando escreves: "{...} 1ª questão, uma vez que, como compreenderá, o amor ao próximo e a moral, não são apanágio somente dos que têm uma formação religiosa, porque ao excluir-me desse grupo, por ser ateísta, coloca-me numa posição que não ocupo, de todo. {...}, nunca na vida disse isso, não acho isso e esse não é o meu pensamento de todo. O bom coração não vem da nossa formação religiosa. Nunca disse tal coisa, nem nunca me ouvirás dizer, se ouvires: interna-me. Não tenho a mínima dúvida que não te opões à ajuda de quem a deu, que quero salvaguardar que no meu caso não foi nenhuma, não é isso que está em questão. Não atribuo a bondade, o amor ao próximo a crenças religiosas.
Já volto, que tenho a sopa ao lume :-)
Não voltes senão para ler isto:
EliminarNão te maças com tanta escrita? Isto foi catarse. A Uva às vezes é muito chata...
O que me fez escrever aquele parágrafo foi porque equacionaste e fizeste depender o teu amor ao próximo, à formação religiosa e moral que tens, através da palavra 'talvez'.
Era só para te dizer que eu também tenho amor ao próximo e não sou religiosa.
Mas se calhar entendi mal a tua frase. Entendi mal não foi?
Hoje só fiz merda. Desculpa.
Oh rapariga, temos formas diferentes de ver a vida e o mundo. Felizmente {e aqui não uso o graças a Deus para não ferir susceptibilidades :-) :-) :-) } que assim é: é o que faz o mundo andar para a frente. Repeito muito a tua opinião, como respeito a de todos. Há muita coisa neste texto com a qual concordo, mas és lúcida e eu gosto disso.
EliminarDe chata nada tens :-) o talvez foi usado com outro sentido: sou católica praticante e em todo o meu percurso religioso, tive a sorte de cruzar-me com as pessoas mais bondosas que conheço. Foi nesse sentido que escrevi o "talvez". Lembrei-me delas enquanto escrevia. Observei-as durante muitos anos, admiro-as tanto que a minha inclinação foi imitá-las e guiar-me pelos seus - bons - exemplos. O amor ao próximo nada tem que ver com religião, calhou daquelas serem crentes :-) abraçam causas e uma delas até trabalha em São Vicente de Paulo ;-)
Não me maça nada ler tanta escrita: aliás, é um gosto ler-te. Muitas das instituições que falas nasceram de movimentos da sociedade civil. Eu não acredito no Estado paternalista, mas acredito na tal rede que falas e que a Carolina deve ter acesso. Acredito mesmo, sem pingo de hipocrisia. A blogo tem muito peso, tal como a comunicação social. Entendi que na altura e continuo a acreditar {movo-me pela tal onda: a paixão} que a carolina vai ter um final feliz.
Foi um gosto - enorme ler-te - a mc é que não achou grande graça: disse que a sopa ficou mal-passada ahahahaahahahahahah
* "(...) Há muita coisa neste texto com a qual concordo, mas és lúcida e eu gosto disso. (...), o "mas" está a mais.
EliminarClap Clap... e acreditas que eu nuca tinha visto a solidariedade por esse ângulo?
ResponderEliminarDisseste uma coisa que pensei inicialmente, é preciso dar uma vida nova à Carolina e isso começa quando a afastarem daqueles pais, e daquela família e só assim ela poderá ter uma vida.
Ainda bem que gostaste.
EliminarSim, para salvar a Carolina é preciso salvar primeiro o mar de gente que vive ao redor da Carolina.
Esse é o ponto. É isso que fazem as instistuições com as suas 'equipas multidisciplinares'.
Na altura quando essa onda de caridade começou a desenhar-se no horizonte, houve alguém numa caixa de comentários que referiu a questão dos "pobres profissionais", não que se aplicasse a este caso, mas que um caso como este poderia dar ideias a outras pessoas de tentar activar a mesma via para atingir determinados fins. Há muita gente bem intencionada e ainda bem que os há, mas é tal como explicaste, pessoas avulsas não substituem o Estado/a instituição responsável.
ResponderEliminarNão conheço o caso, nem posso aferir com certeza o que é aquela família, mas dar a uma família a oportunidade de seguir em frente, escrever cartas e diligenciar para que se empreguem e façam algo da vida (que obviamente já não tinham antes) e essa familia não fazer nada, enfiar-se em casa à espera sabe-se lá de quê.... enfim, a prática diz que isso é miséria consentida, dependência da caridade.
Eliminar´Pessoas avulsas não substituem o Estado/a instituição responsável.' Isso mesmo.
Pobre Carolina...
ResponderEliminarAgora é que acertaste.
EliminarBolas, desconhecia a historia!
ResponderEliminarAté fiquei com o estômago torcido!
Pobre miuda! :((
Uma vez estava numa esplanada com amigos e apareceu uma senhora a pedir com uma criança e um papel que contava a história do filho doente, todas as pessoas da mesa lhe deram uma moeda, excepto eu que lhe perguntei se tinha fome, assim como a criança. Disse que não, pegou nas moedas e foi embora. Na altura, os meus amigos disseram que não custava nada e que não conseguiam ficar indiferentes. Perguntaram se achava que era mentira, etc, etc. Disse-lhes que também eu tenho um filho doente, com uma doença rara, que fazia\faz duas ou três consultas mensais pois é seguido em 5 especialidades, tirando o gasóleo e as portagens que pago do meu bolso para me deslocar às consultas, tudo o resto, tratamentos, algumas terapias, exames, comparticipação na medicação é o Estado que provém porque é assim que compete ser. A caridade em certos casos (e já nem falo daqueles que não passam de ludibriação alheia) pode ser perigosa e não ensina ninguém. Se aquela senhora tivesse aceite que eu lhe desse comida, eu teria falado com ela, teria perguntado se sabia o que fazer para ter apoio social e tela-ia encaminhado na direcção certa.
ResponderEliminarNunca fiquei com peso na consciência por não dar "uma moeda". Trabalho muito para dar ao meu filho aquilo que o Estado não lhe dá, que são as consultas no privado, o material didáctico que não existe na escola, a almofada para que se sente correctamente na escola, o apoio de pés, o computador que lhe serve de caderno, visto que não consegue escrever, a hidroterapia, a hipoterapia, os óculos que muda de 3 em 3 meses, os softwares e tudo o que todos deveriam ter do Estado e não têm. Se podia estender a mão (ou criar uma página no Facebook - "o Macaquito tem uma doença rara") e ficar em casa a dar-lhe toda a atenção que ele precisa, podia mas não faço porque a minha consciência não o permite.
Desculpa se me alonguei mas não podia deixar de dizer isto e que subscrevo tudo o que escreveste.
Não me assustam os textos longos
ResponderEliminardesde que não sejam redondos
Temo que as ondas se esgotem, e este mar se torne lago
E já agora uma variação sobre o mesmo tema. Ou quase.
Um belissimo texto de um colega.
EliminarObrigada pela partilha Rogerio.
A ajuda proporcionada pela onda solidária foi complementar, e não substituta ou concorrencial das entidades competentes em terreno. É que estas, por muito boa vontade que exista, não conseguem tudo. Fico genuinamente satisfeita por saber que há pessoas que têm esta capacidade - que eu não tenho - de se envolver pessoalmente. E que sabem os limites da intervenção da sociedade civil, e dão lugar aos técnicos quando a matéria a tratar é da sua competência.
ResponderEliminarDe resto, juro que não entendo, uva, porque tentas fazer da Carolina um case study sobre pobreza e formas de intervenção. Este é um caso. Ninguém falhou. Não gosto da palavra falhar, e muito menos do atirar pedras que se lhe segue. Nos não estamos lá, não sabemos os que é crescer mal alimentado, em bairros sociais, em famílias desestruturadas e que há gerações vivem na precariedade, e a planear refeições com apenas um dia de antecedência. É um ciclo tremendo, e ainda bem que, a par de instituições e entidades e técnicos competentes, há uma sociedade civil que teima em estender a mão, emprestar o ouvido, e oferecer o seu tempo. Ainda bem, e não queria viver numa sociedade diferente.
Izzie (não sei se consigo fazer log in aqui)
Izzie,
EliminarA ajuda proporcionada pela onda solidária não foi complementar às entidades competentes em terreno.
A ajuda moveu-se de tal forma, que ocupou com técnicos avulso e medidas avulsas (a Leididi referiu que contataram estes e aqueles) as entidades no terreno. Não sei se tiveste oportunidade de ler o primeiro post em que digo (e é com conhecimento de causa) que logo que as entidades competentes notam o 'campo alagado' com ajudas da comunidade, tiram o cavalinho da chuva.
Neste ponto não desarmo, porque se eu estiver a fazer atendimento a uma senhora que precisa de comida, cama e roupa lavada, e esta me diz que cama a vizinha lhe arranja, eu já não procuro a cama e concentro-me só na comida e na roupa lavada. Funciona assim a complementaridade. Não consigo explicar isto melhor, Izzie.
Por outro lado, fico genuinamente satisfeita em saber que a sociedade se preocupa com o próximo e que se envolve pessoalmente e cria redes de apoio para dar essa ajuda.
Só discordo contigo quando dizes que a sociedade civil sabe onde parar. Viu-se neste caso (que não é case study porque isto acontece sempre - tu é que não sabes os problemas que se arranjam quando a sociedade tenta meter o 'bedelho' em casos graves como este, e às vezes o bedelho é um tio ou vizinho dar dois tiros na cabeça dos violadores, mas também pode ser uma ajuda inocente mas muito ineficaz, como dar dinheiro para 'um bolo' a um toxicodependente que está no programa da metadona). E lá se vai o trabalhinho da técnica que levou 6 meses a trilhar, e os custos que tudo isso acarreta até para a comunidade que ajuda.
Ninguém falhou? Isto é um caso grave de falha e ninguém falhou? Então e a educação daqueles miúdos? Não foi falha? E a escola? E o Estado?
Pois Izzie, se tudo isto não tivesse falhado, garanto-te que a sociedade civil não teria intervindo.
Eu sou Assistente Social. Desde o ano de 2001 que venho trabalhando em bairros sociais, com famílias desestruturadas, droga, alcoolismo, prostituição, maus tratos, rendimento mínimo. Andei meses e anos sem fim enfiada em becos sem saída, no Casal Ventoso, no Bairro da Serafina, na Galinheiras, na Musgueira. Conheci pessoas que viviam dentro de buracos escavados na terra alimentados a heroína, gente que dormia tapada de percevejos ao invés de lençóis.
Nós quem?
Já perdi essa inocência há muito. Lamento muito Izzie, não imaginas o quanto lamento pela Carolina, e lamento ainda mais por tantas Carolinas que cá temos, escondidas em barracas, analfabetas, imundas, escravas.
Quem nos dera a nós, técnicos, e a nós todos, haver uma sociedade civil sempre tão empenhada como se emprenhou no caso da Carolina, caramba, foi comovente.
Que nos livrem a nós todos de vivermos sem os outros e sem a ajuda dos outros que não ‘entidades competentes’. Fui muitas vezes incompetente, Izzie. Muitas vezes.
Mas a comunidade que quer ajudar precisa de ORGANIZAÇÃO para dar continuidade!!
Tu não podes querer transplantar um coração, em que preparas tudo, a sala, os instrumentos, o médico, e depois tiras o coração e ... onde está o coração substituto??? Como é que isto agora se resolve? Tirámos a miuda da escola, do bairro, de casa e na mudança esquecemos-nos de que é preciso reconstruir tudo, para que ela continue a viver sem que vá para um local diferente reproduzir o passado. Que é o que está a acontecer.
Não me entendeste Izzie, mas julgo que não te posso censurar.
Uva, agora a sério: aquilo que disse sobre a complementaridade disse com conhecimento de causa. Ponho a mãozinha no fogo. E tu, tens conhecimento de causa para afirmar que o envolvimento e a onda solidária afastaram as outras entidades e técnicos, ou estás a fazer uma suposição? É que isso não aconteceu. A "onda solidária" tentou proporcionar recursos que as tais entidades e técnicos não tinham possibilidade de proporcionar, e saiu de campo quando teve de sair, e fizeram muitíssimo bem. Mas não deixaram de estar à disposição, porque aquilo que quiseram fazer, criar uma rede de apoio, pode continuar a ser necessário.
EliminarTens a tua experiência de campo, e não desvalorizo as experiências e know how que adquiriste. Todavia, deixa-me dizer-te que durante uns anitos trabalhei numa área muito sensível, e era parte de uma "entidade competente". Contactei com outras entidades competentes e técnicos, e digo-te, abençoadas redes de apoio, abençoada sociedade civil, abençoadas ondas solidárias, porque essas podem ajudar, e muito. E também tive de contactar com assistentes sociais com uma visão parecida com a tua, e olha que houve braços de ferro e arrancar de cabelos, e felizmente elas não levaram a melhor em certas situações.
Não aguentei aquilo, que não dormia a pensar nos que não conseguia ajudar (mais), não tenho estômago, cabeça e emoções para lidar com certas coisas. E por isso digo e reafirmo: abençoadas pessoas que não baixam os braços e estão disponíveis para complementar, dar uma mão, emprestar um ombro.
Estou a afirmar. Se a rede complementar tivesse funcionado e não tivesse afastado os outros meios, a Carolina não estava outra vez escarrapachada no blog da Leididi e no meu. O trabalho tinha tido continuidade, ou pelo menos estava já o trabalho mais concertado.
EliminarVolto a afirmar que não disse que não tinham feito bem e parece que tentas a todo o custo colocar-me contra a onda solidária. Já leste várias vezes que não, e que a ajuda da sociedade é bem vinda desde que organizada por quem sabe organizar os meios.
Se os meios que a sociedade dá (camas, colchões, alimentos, frigoróficos) fossem despejados à tua porta para tu ajudares, ficavas a olhar para quilo sem saber o que fazer. Já ouviste relatos a dizere que houve até casos em que as coisas que a sociedade decidui dar ficaram a apodrecer na rua. As pessoas fragilizadas NÃO SABEM TOMAR CONTA DA VIDA.
Acabas por me dar razão sem te dares conta. Em toda a linha. Como?
Estiveste numa situação em que estavas do lado da entidade competente, com a sociedade civil a ajudar, que te contatou ou que contataste para pedir apoio.
Funcionou bem porque a entidade (tu) estava a organizar.
Não sei o que queres dizer com 'técnicas com visões parecidas com a minha'... deves também colocar nesse grande tacho a furia popular a querer ultrapassar a intervenção policial.
Levar a melhor ou a pior não é bem assim. É a vida das pessoas que está em causa e não um jogo de titâns entre pessoas com ideias avulsas sobre questões sociais (técnicos vs comunidade civil). Há regras sociais a cumprir na intervenção social, que não são sempre consentâneas com a opinião geral já sabemos, mas são regras para cumprir.
Mas se queres analisar assim, também podemos. Levaram a melhor com certeza, porque tu (como acontece com a sociedade civil de um modo geral) desistem de ajudar porque aguentam um 'caso' e depois, meus Deus aquilo é demais. Mas depois ficam lá os técnicos a apanhar os cacos. E os pobres não desaparecem quando a comunidade tão profícua a ajudar fica sem estômago. Vês como voltamos à questão da continuidade?
Izzie, eu não sou nenhum monstro insensível que anda aqui a granjear louros às entidades competente e a desvalorizar a ajuda de todos, acho que não me entendeste bem neste ponto.
Estou totalmente de acordo quando levantas os braços aos céus a agradecer a bonomia dos outros, mas sou totalmente contra acções sem controle, sem bases e sem continuidade porque colocam em causa e pioram em muitos casos a vida de quem é alvo das ajudas.
Neste ponto concordamos em discordar.
Olha que tu dás luta miúda!
Neste caso está a haver continuidade. De todos os envolvidos, incluindo entidades competentes. E nos casos em que eu tive intervenção, posso dizer que não, nem sempre funcionou bem. Porque a vida mete-se no meio, e nem todas as histórias têm um final feliz. Atrevo-me até a dizer que 90% das situações não têm final feliz, ou sequer o esperado/desejado. E não é por falta de empenho de ninguém, ou por falta de apoio continuado. É por diversas falhas, de meios, de sei lá o quê. Este é mais um caso, que está numa etapa complicada. Vai continuar a haver apoio, se o final será feliz ou simplesmente satisfatório, logo se verá. Estar a botar abaixo agora, e ver neste revés uma prova de falhanço, daí tirando ilações que me parecem apressadas, isso é que me parece mal. É só isto.
EliminarIzzie, na altura em que o caso explodiu e andava já a comunidade civil envolvida, a meu ver demais e sem controlo, eu já tinha deixado a minha opinião que foi sempre neste sentido.
EliminarNão foi só agora que me lembrei de falar disto para achincalhar os envolvidos.
De resto, a sociedade aprende é com os erros, não vejo o mal de se tirar ilações do que correu mal.
A falha é o novo tabú da sociedade? Olha, parece que sim.
Hoje em dia ninguém pode falhar.
Nasce toda a gente ensinada e a fazer sempre tudo bem.
Não sou pessoa de tirar ilações apressadas, mas falho, falho muito.
Olha se calhar falhei neste blog. Talvez fosse mais sensato falar só das coisas positivas e boas da vida ao invés de andar aqui a falar de mortes nas urgências (falhas alheias), pessoas a ficar sem nada por fiadores pdp (falhas alheias), o Sócrates em preventiva (falhas alheias), os ciganos todos reunidos numa turma (falhas alheias) e merdas que não interessam a ninguém.
É só isto.
E voltamos nós ao velho "ou estás comigo, ou estás contra mim". As coisas não são assim, a vida não é a preto e branco. O facto de alguém na altura, ou hoje, ou quando quer que seja, chegar e apontar aquilo que acha que deveria ter sido feita de forma diferente, ou de dizer que sente que a família não fez a sua parte para aproveitar o que lhe estava a ser oferecido não quer dizer que se esteja contra, contra aquilo que tentaram fazer, ou contra ajudar esta família.
EliminarEu não ajudei, simplesmente porque achei que não tinha nada a oferecer a esta família em particular, mas isso não quer dizer que não possa dar a minha opinião, nem tão pouco quer dizer que critico ou julgo quem o fez.
A própria Izzie admite que houve falhas e é com essas falhas que devem aprender, dizer que apontar as falhas e trazer as mesmas ao de cima é deitar abaixo é ridículo. Se não soubermos identificar as falhas e aceitar que as houve como é que aprendemos a fazer melhor? Vamos fingir que foi tudo bem feito, que não resultou por obra do acaso, e continuar a insistir numa fórmula que não resulta?
Toda a gente tem direito à sua opinião. O que vim aqui apontar é tão simples quanto isto: uma coisa é dar uma opinião sabendo o que se passou, outra coisa é dar uma opinião baseada em conjecturas extrapoladas do teor de um ou outro post. Foi o que se fez aqui. A Uva não respondeu à questão que lhe coloquei directamente, sobre se conhece esta situação em particular e o que se passou ou foi feito, e papéis dos intervenientes. Presumo que não. Assim sendo, e apenas por um desabafo da Leididi, não tem razão de ciência para tirar tantas conclusões. Falhas, claro que houve, há e haverá. Como em tudo, porque nada é perfeito e raramente qualquer intervenção tem resultados ideais ou sequer imediatos. Agora apontar o que foi mal feito e deveria ser feito de forma diferente? Quando não sabem concretamente o que foi feito e como? Por favor. Sabem nem um décimo. Insistir numa fórmula que não resulta? Quando nem sabem que "fórmula" é que está a ser aplicada? Gee.
EliminarE acreditem, estamos a falar de pessoas inteligentes e qualificadas em campo, entre "entidades", técnicos e voluntários, que têm competência para saber o que fazer, o que não fazer, quando e como se deve insistir, e quando e porquê se deve desistir.
(e ninguém está aqui no comigo ou contra mim, embora não perceba muito bem o teor do último comentário que a Uva me dirigiu - falha minha, decerto - e divagações finais)
Lady_m acho que ninguém disse "ou estás comigo ou estás contra mim" eu não concordo com muito do que disse e nem por isso acho que esteja do "outro lado da barricada", aliás este debate todo, não tem como objetivo máximo ajudar a Carolina? Foi dessa forma que li tudo o que li. Claro que houve falhas, senão não estariamos a falar delas. Agora resta reconhecê-las e corrigi-las, não lhe parece :-)? E lá venho eu feita maluquinha achar que isto vai ter um final feliz, desde que os pais colaborem {lá está, eu não sabia de muita coisa. a colaboração dos pais é fundamental}.
EliminarHá uma frase que gosto muito {se não me falha a memória é do Caio Fernando Abreu}: " vai dar tudo certo e se não der, fazemos tudo outra vez".
Uva:
EliminarEu - também - falho todos os dias. Só quem nada faz é que não falha, a falha faz parte do processo de aprendizagem. Em todos os comentários que aqui deixei, o meu coração apoderou-se dos meus dedos. Escrevi com o coração, deixei apanhar-me pela emoção: a tal onda que falaste; também escrevi sobre uma história que não conhecia, nem conheço por inteiro. Tal como já tive oportunidade de aqui escrever: gostei muito de te ler.
Deixo-te aqui um link: http://oblogdodesassossego.blogspot.pt/2015/01/lembram-se-da-carolina.html atenta, por favor no comentário da pólo norte. A tal rede, pelos vistos sempre existiu. Torço é para que os pais tenham mais pulso e vontade sobre a situação, que sei por experiência própria que nem sempre é fácil. Podemos querer ajudar, mas é preciso que o outro lado queira ser ajudado, enfim...
:-) Beijo
Conheço o caso que me deram a conhecer, Izzie, e a partir do qual se gerou a onda solidária. Não é difícil de ver que não me envolvi diretamente no caso, mas a resposta taxativa está aqui.
ResponderEliminarSe está mal contado, pois deveria estar melhor, porque foi dele que resultou o debate. Fui ler outra vez (obrigada miúda sem nome) e afinal o desabafo da Leididi tinha incongruências que a PN rematou com o que se passou na verdade.
Sabemos o que foi feito mediante os relatos que todos lemos. A minha opinião não sai beliscada depois de (afinal) se esclarecerem os pontos.
Na altura foi um banzé nos media e depois veio a blogosfera que postava a cada dia as maravilhas da união, que tudo estava a correr às mil maravilhas, tudo eram rosas… e nós a ver que não.
Pessoas alegres, satisfeitas, que 'pensavam que estava tudo resolvido' e agora este balde de água fria.
No entremeio nem uma palavra. Quiçá, a pedir ajuda antes deste descalabro.
Houve afinal 'entidades envolvidas' que percebiam muito da poda, muito inteligentes, mas afinal não. A questão das mobílias, da casa, da localização da casa, do envolvimento da família, do interesse em mudar, a mãe totalmente dependente a reproduzir o comportamento que teve a vida toda, a Carolina a ser violada DUAS vezes, na MESMA escola, pelos MESMOS miúdos, e a intervenção de CINCO instituições e outros tantos técnicos não foi suficiente...
O caso é pior do que eu pensava. Muito pior.
Falha tudo.
Agora pergunto eu, que já enumerei algumas questões que julgo estarem no cerne da falha redonda, diz-me Izzie, onde está para ti a falha?
É preciso antes de mais identificá-la para conseguirem seguir em frente e não defraudar as expectativas, no mínimo, de quem ajuda.
É um exercício que devem fazer todos os intervenientes, e obviamente que não quero que a partilhes aqui.
Faço-te só um pedido: não digas que a culpa foi da família.
Até aí já todos chegámos. Aliás, esse foi o verdadeiro ponto de partida. Só que infelizmente ninguém percebeu.
Amiga sem nome: li atentamente tudo o que escreveste e dou-te muita da razão que chamas para ti. Tenho eu (que já vi este caso passar-me à frente dos olhos vezes sem conta, com nomes diferentes mas em tudo igual) o coração mais empedernido que o teu, mais racional, e já não faço parte (não dessa maneira desabrida) da onda romântica que também considero de suma importância e fundamental na nossa sociedade filha de raiz seca.
Já ajudei muita gente ao longo dos anos, se calhar mais do que devia, gente que nunca mais vi, gente que continua a pedir ajuda.
Enfim, as coisas são como são, e no meio do debate, acho que todos se fizerem entender.
Cá estamos para ver os novos desenvolvimentos, prontos para ajudar no que for preciso, mas sempre com um olho no burro e outro no cigano.
I rest my case.
Um abraço.
Agora estou confusa: afinal a culpa não foi da família? É que por aqui muita gente o disse.
ResponderEliminarNão há "culpas". Há coisas que correm mal, que não resultam, há uma abordagem que não surtiu efeito e precisa de ser adaptada. Chiça! A sério que tu, com experiência no 'terreno', não sabes que isto da intervenção social não é uma ciência exacta? Achas mesmo que é possível isolar uma culpa, uma, ou duas, ou três falhas? A sério?
Se uma abordagem, estratégia, tipo de intervenção não resulta, é óbvio que os envolvidos, entidade, técnicos, e voluntários pensam no assunto e reformulam os termos da sua intervenção. Duh. O que não fazem é escrever tratados sobre o que correu mal, e o que poderia ter corrido melhor: avançam e agem. E quais expectativas é que estão a ser defraudadas? Se quem ajuda tem expectativas, então não está a ajudar, lamento. Quem se mete nestas coisas não pode nem tem o direito de esperar o resultado X. Faz-se o melhor que se pode, e os resultados nem sempre correspondem ao investimento e vontade que se pôs em campo. Simples.
Sinceramente? Cada vez mais me convenço que há aqui uma falha de comunicação muito grande. É que já levo quase 15 anos de serviço público, alguns deles a lidar com merdas que muita gente nem imagina, e nunca, mas nunca - à excepção daquela AS que mencionei por aí - vi alguém abordar os assuntos como vi aqui.
"A sério?" ?
Eliminar"Duh." ?
E mais respeitinho e menos sobranceria, não?
Sinceramente Izzie ficar sem argumentos é algo natural, já não saber dialogar e passar para o "duh" não é.
EliminarPessoalmente, não creio que existam culpas mas existem responsabilidades. Os pais estão a fazer tudo o que está ao seu alcance? É ir ler a resposta da PN e já se percebe mais ou menos como a coisa está a correr.
Para mim houve várias questões neste processo que me ficaram "entaladas" mas há uma acima de todas que me perturba:
Sabemos que a Carolina não está bem, sabemos que ali na zona todos conhecem a história de vida dela e que tal mudar a miúda e os pais de zona do país? Para o Algarve, para o norte, para o interior... existem várias câmaras no interior a promover e a ajudar a ida de pessoas para lá, algumas oferecem até alguns trabalhos. Não é melhor? Uma zona protegida, pessoas desconhecidas, habitantes mais amistosos, criminalidade mais baixa e até trabalho.
Mas se calhar seria importante perceber se estes pais querem trabalhar. Quando foi a última vez que trabalharam? E quando foi a última vez que procuraram trabalho? Há muita miséria "por opção", há muitos "coitadinhos" a viver "mal" porque estão sempre há espera das ajudas...
A continuidade do problema, no entanto, parece-me mais do que óbvia estar a ser promovida pelos pais. Deram-lhes o peixe e agora que estão habituados a "comer" sem se mexer, estão à espera que se mexam para o obter?
Amiga Uva:
ResponderEliminarO meu nome é Rita, o raio da tasca é que não tem nome :-) e pelo andar da carruagem nunca vai ter :-) eu já ajudei pessoas que nem precisavam de ajuda, mas não deixei que essas destruissem esta forma de estar na vida: a quem lhe chame ingenuidade, não sei que nome lhe dar [tal como ao blogue] :-)
Olá Rita!!
EliminarNunca mais te chamo miúda sem nome.
Olá Rita!