23 de abril de 2015

As convenções (anti)sociais dos colegas do escritório

Ai puxas-me pela língua?
Então cá vai disto. 

A formalidade entre a Secretária e o Senhor Doutor é muito alimentada pelo Senhor Doutor, e de forma mais ou menos submissa (mas sempre conivente), aceite pela Secretária, que lhe presta serviços, alguns de vassalagem, alguns de criadagem, outros profissionais, quase todos em troca de retribuição monetária. 
Troca-se a inferioridade profissional, no caso injusta, por um punhado de euros, férias, telemóvel e computador ligado à Internet. 
Não poderia quebrar essa tão absolutamente portuguesinha barreira entre súbdito e realeza se não visse da outra parte uma vontade para tal.
Nunca vi, mas percebo.
O que os outros pensam de nós (dentro da hierarquia da empresa) ainda faz diferença a muitas cabeças, ainda que não à minha. As convenções estúpidas de que falas não são tanto sociais, porquanto também eu sou uma Senhora Doutora, com mais formação até que os demais, logo merecedora socialmente de tal tratamento; é mais uma convenção profissional de umas poucas profissões de hierarquia multidisciplinar, ou, como eu gosto de dizer, por motivos de falha grave no sistema de classes.
Os médicos também não suportariam ver os enfermeiros a passar receitas, mas há enfermeiros a diagnosticar doenças, a tratar doenças, e a dizer aos médicos que medicamentos passar. Mas a vinheta não lhes pertence.
É impensável a um Senhor Doutor tratar a Secretária pela mesma designação, ou no sentido inverso (discriminação positiva), por tu, porque iria desaparecer (no trato) a superioridade do Senhor Doutor sobre esta, e convém manter ali a superioridade, os galões, que isto à vontade não é à vontadinha e ‘se eu a tratar como igual vou perder a legitimidade para lhe pedir que me tire o café ou a fotocópia, e ainda corro o risco de ouvir um vai-tu tirar, mesmo em frente à colega nova, uma possidónia do pior’.

É uma visão dantesca esta de nos acharmos diminuídos nas nossas capacidades profissionais ou mesmo na nossa virilidade se o colaborador indiferenciado tiver na justa medida um tratamento igual aos superiores hierárquicos, e os países mais desenvolvidos há muito que deixaram cair esta prática, sequer a tiveram muitos deles, que é a soberba ridícula que existe entre os que estudam e os que não estudam, mesmo que os que estudaram sejam brutos como as casas, e os que não estudaram façam furor no pensamento. Mas no nosso covil abestalhado isto ainda é prática comum, e não vejo maneiras de mudar a breve trecho.

Eu sou incapaz de alterar uma distância profissional inicial, porque de forma muito educada, e se quiseres, politicamente correta, sigo um certo respeito pelas instituições e sobretudo pelas pessoas. 
Não me passaria pela cabeça tratar o Senhor Ministro por algo mais do que Senhor Ministro, mesmo que o encontrasse a cambalear no meio de uma pista de dança com a camisa desfraldada.
Da mesma forma que seria muito inconveniente da minha parte, e eu detesto a inconveniência,  extrapolar para um tu-cá-tu-lá, um colega de trabalho que até a mãe trata por Doutor, só porque se desenvolveu entre nós uma relação de proximidade.
E esta sou eu, afinal, completamente debotada pela negra hipocrisia vigente.
Mas, da mesma forma que me obrigo a um certo formalismo profissional dentro da minha empresa, não me obrigo ao mesmo formalismo fora dela, não medida em que não me é imposto socialmente que mantenha amizades com ex-colegas depois de rompidos os laços profissionais.

O que quero dizer é que, não sendo tu Ministro, nem de superioridade social que imponha respeito, eu era miúda para desistir da possível-futura-relação se assim se mantivesse o costume profissional.
Seria até patético que dois ex-colegas que decidiram ser amigos, se fossem tratando por Senhor Doutor-Senhora Doutora, enquanto comiam uma sardinha assada com as mãos, numa Adega como a das Gravatas.

Um abraço.
Aqui da Uva.

33 comentários:

  1. Querida Uva Passa,
    Quão bom terá de ser o Senhor Dr. para ter como secretária uma Senhora Dra.? É de ir aos píncaros. Vendo por este prisma, o Senhor Dr. alegre e acertadamente usará o título académico. Dentro de uma academia, espero. Fora dali é só foleiro. Já entre "amigos" será mais intragável do que a espinha da sardinha.
    Bom dia,
    Outro Ente.

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    1. Precisamente porque a necessidade assim o dita.
      Todas as secretárias que conheço, dentro da minha função profissional, são todas doutoras, algumas mestres e até doutoradas. Hoje em dia é quase tudo doutor, a maioria a fazer funções indiferenciadas por falta de emprego. Até a minha mequinhas tem um curso superior de subir aos cortinados.
      Entre amigos é impensável, mas acontece. Ui, até na cama acontece caro Ente.
      Fora da academia é o que mais se vê. Everywere.
      Apresentam-se as pessoas pelas profissões.
      Este é o Sr. Dr. fulano de tal, é economista da felicidade. E o economista feliz ri-se muito e diz que sim que é doutor. E vivem felizes para sempre.

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    2. Se me apresentassem um economista da felicidade, também riria. E, mais que isto é Jesus Cristo, que não sabia nada de finanças, nem consta que tivesse biblioteca.
      Já quanto a apresentar-se uma pessoa indicando também o que faz, é útil. Eu, pelo menos, risco logo os temas da sua formação da lista de conversas, que para secas não tenho pachorra.
      Beijos,
      Outro Ente.

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    3. É uma questão de hábito, Uva. Em Portugal enraizou-se esse, o de tratar as pessoas pelos títulos académicos, em vez do simples Senhor, Senhora, como acontece noutros países.


      (por outro lado, em certas ocasiões, dá muito jeito o distanciamento imposto pelos títulos. Tão inconveniente é quem nos impõe um Dr. como aquele que o dispensa na vã tentativa de criar uma proximidade que não existe)

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    4. Ente: É útil para quem tem 'uma formação' ou um emprego de classe. É umas das maiores possidonices de sempre ser apresentado pelo que se faz em frente à pessoa e a outras pessoas, aliás, é mesmo mal educado. Olhe esta é a minha amiga Dulce, é doméstica. Pimbas, um selo na testa. Quem tem profissões de classe não sente essa inferiorização.
      Eu pelo menos não sou uma profissão, mas há quem seja só a profissão. Triste.

      Mirone: 'como aquele que o dispensa na vã tentativa de criar uma proximidade que não existe' pois tal e qual. É o que digo no final do meu post. Inconveniente.

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    5. Olá, eu sou Dulce e não sou doméstica... sou secretária.
      Dulce/Porto

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    6. Olá o meu nome é Uva Passa, e sou doméstica de manhã e ao final do dia em calhando também sou cozinheira.
      Durante o dia vou alternando entre TOC, notária, advogada, secretária, senhora das limpezas, telefonista, motorista, arquiteta, decoradora de interiores e gerente de mesa. Faço mapas em excel e contas de condomínio. Escrevo umas coisas mas não me pagam.
      Ah! E sou blogger.
      Também sou mãe, filha, mulher, sobrinha, tia, prima, parva e às vezes anormal que dói, mas no fundo até sou boa pessoa. Quando tomo os medicamentos.
      ;)) Olá Dulce. Já estás inscrita no sindicato dos profissionais de escritório? Dava-me jeito uma grevezita para amanhã. Tenho tanto que fazer.

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    7. Pois, eu lá no despacho também faço de tudo isso. Até me chamam a Eng.ª de Tudo. E até há coisas que querem que eu faço a que eu reajo com um grande pirete - às vezes só mental, não vá o diabo tecê-las. Mas, do mal o menos, não trato ninguém por dr/dra.
      Dulce/Porto

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  2. Pois é coisa que me faz imensa confusão. A questão do tratamento por doutor, engenheiro e que tais, o marcar de posição de algumas pessoas, que muitas vezes não chegam aos calcanhares do seu dito subordinado.
    Já me aconteceu uma senhora doutora (da mesma instituição onde eu trabalho, a quem eu sempre tratei assim porque é assim e pronto e que me tratava por você) me se encontrar comigo na aula de ginástica e mi dizer que ali o tratamento podia ser por tu cá tu lá. Isso é que me fez uma danada de uma confusão. E claro que lhe disse que não dava, porque ou é uma coisa ou outra, nem sequer me dava jeito. E não lhe teria mais ou menos respeito no trabalho conforme o tipo de tratamento. Há tanto que trato por Sr. Dr ou Sr. Arq. que quando é preciso lhes digo das boas e outros a quem não tenho respeito nenhum.
    É a nossa cultura... e "prontus"

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    1. Com certeza que não vamos tratar por tu o CEO da empresa só porque o encontramos no ginásio.
      Não havendo relação além da profissional, e já fortemente balizada no que a tratamento diz respeito, é só mal educado.
      Há pessoas que me tratam por Senhora Doutora e a quem já pedi para não o fazerem mas que continuam a fazê-lo porque foi assim que se habituaram. É estúpido e eu digo sempre: trate-me só por Uva Passa.
      Dispenso totalmente esse tipo de diferenciação, e estou-me nas tintas para o meu grau académico.

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    2. Uva Passa, se calhar não me fiz entender. Ela queria que eu a tratasse por tu no ginásio e vice-versa e eu a tratasse por Sr. Doutora no trabalho. Não dá jeito, teria de pensar muito antes de falar com ela, ia ser estranho. E se me saísse um tu no trabalho??? Iria ela fuzilar-me com o olhar???
      Há pessoas que trato por você porque ao fim de tantos anos não conseguimos mudar, mas é como se fosse tu-cá-tu-lá.
      O que não gosto é daquilo que falaste. Usar os títulos académicos para rebaixar o outro ou se superiorizar, quando muitas vezes o "subordinado" tem mais formação que o "chefe".

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    3. Entendi-te sim Filomena. Ela queria batatinhas... Olivia empregada e Oliva patroa.
      Sabem muito, mas andam a penantes!

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  3. AI ai que conheço tão bem essas hierarquias todas já que trabalho no meio engenhocas e Deus nos livre e acuda de quem não os trate por engenhocas. Aliás alguns até atendem o telefone dizendo daqui fala o Engenhocas António Joaquim da SIlva e eu a pensar claro que sim, que a tua santa mãe quando levou à pia do batismo e o Sr Abade lhe perguntou que nome dava ao menino ela respondeu: Ai o meu piqueno vai-se chamar Engenhocas António Joaquim da Silva. E eu com um curso superior como todos eles não sou a Sra Dra porque sou a rececionista, a responsável pelo expediente, a vendedora e o que vai calhando que isto de sermos polivalentes tem muito que se lhe diga. (a verdade é que eu não gostava de ser tratada por Sra Dra porque nem sou médica nem tenho um doutoramento). Mas a todos eles eu trato por engenhocas ai pois não que o respeitinho é bonito e eu também prefiro esse distanciamento devo confessar. Quanto a colegas de serviço, tive dois palermas que se auto-intitulavam de Dr e Dra (assinavam e-mails com esta designação) claro está que eu nunca os tratei por Drs, até porque eles não me tratavam a mim e a mania passou-lhes em três tempos. Na realidade as únicas pessoas que me tratam por Dra são os contínuos, as funcionárias da limpeza ah e o atual CEO aqui do estaminé.

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    1. Uma vez escrevi um post que dizia que o tal de fulano era Doutor da parte da mãe e Francisco da parte do pai. Devem ser da mesma família.
      Sorte malvada.
      Tanta gagança no reino do cagalhão.
      Olha a esses que assinam com o titulo académico, mando-os cagar.
      Desculpa a resposta escatológica mas na realidade é só o que me apraz dizer.

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    2. Eu uma vez, como provocação, perante uma carta assinada por um Arq. Fulano de Tal, perguntei; Arq. de arqueólogo?

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    3. Sim engenhocas e Arq são do piorio com a mania dos títulos académicos. Há cenas tão ridiculas como quererem colocar no cartão de visita Prof. Dr Eng Alfinetes. Claro que habilmente o designer lhes diz que não podem colocar tantos títulos porque há um espaço limitado para esse campo. Do genero ou queres titulos ou queres nomes. Desconfio que muitos preferiam os títulos aos nomes. Ah Ah Ah. Quanto aos ato-intitulados sim o melhor é mesmo mando-los pastar.

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    4. Mirone: hahahahahahahahah muito bom!

      Inesinha: Os tugas são todos assim. Está na massa do sangue, é cultural e até vou mais longe, é genético!

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  4. Olha isso é uma merdice pegada. Por aqui os engenheiros e doutores, são Eng e Drs, já os formados em línguas, secretariado internacional, contabilidade, logística, etc,etc, são meros assistentes administrativos. A mim só me choca a descriminação, o resto, não há cá títulos, trato cada pessoa pelo nome e mais nada. Não gostam? Azar. Por essas e outras é que custo a engolir...

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    1. Esses engenhocas bem os conheço. É só engenhoquices. ;)))

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  5. Não em todos os países desenvolvidos. Na Alemanha, o tratamento por Doktor (tenho uns cartões de visita germânicos que o comprovam, em que são os próprios que se auto-denominam assim) é mais comum ainda que encontrar sardinhas assadas como prato do dia na Adega das Gravatas.
    Incrível, mas verdade.

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    1. Xilre!
      Vocência conhece a Adega das Gravatas?
      Será ainda do tempo em que aquilo era sardinha assada a rodos (e que boas), chão de terra batida e uma nojeira pegada com gravatas com mais de 800 anos cheias de teias de aranha e mesas e bancos corridos cheios de homens de mangas arregaçadas a assobiar às empregadas?
      Xilre, Vocência é uma caixinha de surpresas...

      Sobre países desenvolvidos Vs. Alemanha:
      atenção! não comparar países desenvolvidos com cidadãos desenvolvidos. A Alemanha tem lá com cada armário, que credo, só servem como cabide. cof cof cof - em junho vou lá ver isso ;))

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  6. Olha eu tenho uma experiência espectacular.
    Noutra vida, num tempo em que em vez de "femme de ménage" era secretária/operadora de linha de sinistros duma seguradora automóvel, tive uma chamada completamente surrealista.
    Recebo declaração amigável de nosso segurado em que era o culpado do acidente. Abro processo e ligo ao terceiro para marcar peritagem definitiva ao seu automóvel, agora começa a conversa surreal:

    Bom dia, chamo-me R.apelido, falo da companhia de seguros XPTO, gostaria de falar com o senhor Fulano Tal.

    Bom dia. Desculpe, quem?

    O senhor Fulano Tal.

    Aqui não trabalha nenhum senhor Fulano Tal.

    Ah, então estou a ligar para uma empresa, o senhor Fulano Tal deve trabalhar aí e deu este contacto. Ele teve um acidente com o nosso segurado e era para reparar o veiculo.

    Mas aqui não trabalha nenhum Fulano Tal.

    Tem a certeza? Tem um carro assim assim, teve um acidente há alguns dias, bateram-lhe por trás.

    Ahhhhhh!!!! O DOUTOR Fulano Tal.

    Sim. Poderia falar com o Senhor Fulano Tal?

    DOUTOR Fulano Tal. Vou ver se o DOUTOR Fulano Tal a pode atender... (...) O DOUTOR Fulano Tal vai atendê-la agora.

    (...)

    Bom dia.

    Bom dia, SENHOR Fulano Tal, daqui fala....

    Com certeza minha senhora...

    (Ele duma simpatia que só visto e nunca me corrigiu)

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  7. Pois eu cá acho muito bem que se tratem as pessoas pelos respectivos títulos em ambientes profissionais, foi para isso que se estudou e é por que se trabalha na área onde se trabalha. Aqueles que não são Engenheiros, Advogados, Arquitectos, o que for e que criticam, como já vi algures nos comentários aqui em cima, parece-me mais uma questão de descriminarão e do velho "síndrome do coitadinho". Pois se eu trabalhasse numa empresa de Engenharia e viesse alguém pedir para falar comigo acho muito bem que peça para falar com a Engenheira Margarida. Entre colegas com alguma afinidade até se pode dispensar o título académico, mas em questões profissionais e formais não passa de uma falta de respeito chamar pelo Zé ou pelo Manel e não pelo Engenheiro José e pelo Arquitecto Manuel.
    Quanto a isso de ser Dr/Drª, convencionou-se vá-se lá saber porquê atribuir esse título a qualquer pessoa com uma licenciatura, daí que também se trate do Sr.º Engenheiro, Srº Arquitecto, etc..
    Fora do âmbito profissional é só parvo usar os títulos académicos.

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    1. Eu vou passar a chamá-la, se me permite Vocência a delicadeza, de Engenheira Margarida.
      Mas diga-me Engenheira-Margarida, a sua área é engenhocas ou baldrocas?

      ;)))

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    2. Ora Uva não se vê logo que sou engenhocas, dessas que tanto gostam de títulos e são "do piorio" como dizem aí para cima as suas leitoras recalcadas!

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    3. Não concordo nada com a opinião da Margarida. Não me parece nada uma falta de respeito não tratar as pessoas pelo título académico em ambiente profissional. Mesmo nada.
      E não sofro da síndrome do coitadinho nem sou recalcada.
      Dulce/Porto

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    4. Eu também não concordo. A única vez que trabalhei em Portugal, ainda nem era licenciada, estava a fazer um estágio curricular obrigatório, era chamada de Dra. Acontece que aqui a Dra., não gostava nada da situação e, por vezes, nem associava que me estavam a chamar para ir ao balcão atender alguém. Logo após acabar o curso, fui fazer um estágio fora de Portugal e não havia títulos para ninguém (pessoas altamente qualificadas e diferenciadas). Passado dois anos, continuo a ter experiência fora de Portugal (dois países), em multinacionais e nunca, mas nunca me referi como sendo Dra. de coisa nenhuma. Aqui nem a formação de base define o indivíduo, visto que o meu chefe directo não tem formação na minha área/área que está a dirigir, e não podia ser mais respeitado por isso. Em Portugal seria uma coisa estranha, ia ser provavelmente posto em causa pelos novos doutorinhos e engenhocas por estar a mandar sem saber do que fala. É por essas e por outras que não me imagino a trabalhar em Portugal (tenho pano para mangas, desde os horários loucos à forma de trabalhar). Desculpe o testamento mas sou alérgica a estas patetices dos títulos académicos (ah sim, também tenho amigos recém médicos que se tratam por doutores fora do hospital e fico com vómitos...mas isso é também outra história).

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  8. Uva, vou comentar pela primeira vez por aqui... Reporto-me a todo o meu percurso profissional. Pelas duas multinacionais por onde passei o tratamento com um dr antes do nome é quase como que proibido. Desde o CEO até ao paquete, todos se tratam pelo nome próprio, apenas a senhora da limpeza trata a maior parte por dr(a). Recordo-me de quando entrei como estagiária (um estágio pago), ao timidamente tratar o CEO por dr. foi-me dito de imediato em tom de brincadeira que se o voltasse a fazer era despedida com justa causa. Portanto, tem a ver com a área, com o género de pessoas, com o tipo de ambiente. Tive a sorte de entrar para uma área em que a maior parte das pessoas são descontraídas, mas não desleixadas, sabem estar, a maioria licenciadas, mas nada dada a pedantismos, snobismos. A única coisa que se exige é boa formação, profissionalismo e nomes próprios que não incluem drs antes dos mesmos. A vida a acontecer como assim tem que ser. De forma natural. Porque, naturalmente, tudo corre melhor.

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    1. Best coment ever!
      Muito bem dito sim senhora!
      As multinacionais deram um passo à frente, sei disso, são normalmente empresas estrangeiras.
      Aqui o meu caso é um formalíssimo Gabinete au Avocat, onde até a senhora da limpezas é tratada por doutora pelo porteiro que por sua vez é tratado por doutor pelo motorista que por sua vez é tratado por doutor pelo arrumador. É toda uma pirâmide.
      Sabes lá...

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  9. Olá Uva!
    Uma coisa é o ambiente profissional, salamaleques formais, convenções que se seguem e respeitam em ambiente profissional e que em alguns casos é mesmo exigido, digamos assim, ou se preferires, podemos também dizer que fazem parte do cenário. Outra coisa completamente diferente é a manutenção desses mesmos salamaleques e da persistência dos títulos para lá do ambiente profissional e aí Uvinha, aí (por ser aqui entre nós vou usar um eufemismo), aí dá para perceber quem terá bebido mais chá ao longo da vida, pormenores, são sempre eles, a fazer denúncias desde...desde sempre.

    (Fizeste-me rir com o post do traseiro, aquilo não é um traseiro, aquilo é uma calamidade eh!eh!eh!)

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    1. Ahhhhhhhhh quem é vivo sempre aparece!
      Tive de ir ver de ti às tascas ali do lado, mas afinal sempre te encontrei!

      Aquele rabo é delicioso. ;)

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  10. E se o Sr. se chamar mesmo Doutor? E se esse Sr., Doutor de nome próprio, for Engenheiro e docente universitário de física nuclear?!

    Como apontou uma professora em outros tempos
    - então qual é a resposta...?
    - professora, é coisa e tal.
    - o que é que o sr. disse?
    - hmmm, é coisa e tal...
    - não, antes disso.
    - professora...
    - não, antes de professora.
    - não disse nada professora.
    - pois não, mas devia ter dito senhora, senhora professora.
    adolescente imberbe, fica-se logo vermelho à frente de vinte e tal colegas

    ou com uma colega (sim, só colega, daquelas a quem ensinamos bastante quando estudamos juntos)
    - ah, desculpa, agora é professora doutora (um pouco na brincadeira com alguém que se conhece há anos)
    - não faz mal. vais ter muito tempo para te habituares...

    sinto-me triste. também gostaria de ser tratado por Sr. Doutor & Engenheiro, ter um colaborador a polir-me os sapatos à saída do bentley flying spur com uma garrafa de espumante ainda na mão e outro a segurar o guarda chuva. ou, em alternativa, por Sr. Comendador. tenho inveja tal como o JMT...

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