8 de maio de 2015

Do inconseguimento

Há várias formas de inconseguimento. 
Noto que no meu caso, e à medida que vou envelhecendo, o meu maior inconseguimento é tentar entender os inconseguimentos dos outros, sobretudo dos que teimam em mostra-se muito capazes.
E são mesmo capazes de tudo, até das maiores alarvidades.
E sou teimosa, naturalmente porque sou uma pessoa que teima, e teimo muito em retirar das pessoas o melhor que há nelas. Vou ao pote cheia de sede, lambuzo aquilo tudo e no fim, quando verifico que aquilo estava completamente seco e o que lambi não foi senão a minha própria baba, fico doente.
Então mas eu tinha uma ideia tão gira desta pessoa a agora é isto?
No fundo volto sempre a cometer o mesmo erro, inconseguindo reter aquela que foi a primeira coisa que aprendi a não fazer na vida: não presumirás!
Sicrano já removeu o tumor? Presumo que sim Sr. Doutor. Então vou fechar. Nheca. Isto além de colocar o doente em muito maus lençóis, já que Sicrano afinal não removeu tumor algum, transfere automaticamente para nós o erro dele, porque supondo nos responsabilizamos pela suposição.
Uma presunção é em si um enorme inconseguimento, além de ser estúpido.
A resposta é sim ou não. Um talvez é coisa medíocre e muito mal conseguida.

Voltando ao tema do post: parece que há aí um rapazola completamente alheado da realidade do seu próprio inconseguimento. Ele presume (erroneamente) que a opinião que debita, muito culta, muito bem escrita, muito erudita, é uma opinião plausível, entendível, comestível. Mas não é.
E de repente é como se tivéssemos um enorme elefante, um belíssimo e portentoso elefante, no meio da sala, ocupando o espaço todo, espalhando uns cocós gigantes em cima dos nossos tapetes persas.
Sim, volto ao homem do momento. 
O grande elefante [que o Jornal Público tem na sala] é o inconseguido jornalista João Miguel Tavares.
Isto parece uma espécie de perseguição ao homem, e se calhar até é, se calhar isto é mais um inconseguimento meu, o de inconseguir largar a labita ao JMT e deixá-lo lá com os seus devaneios de Idade Média. Mas há coisas que simplesmente... é pah, não consigo.
Desta vez deu-lhe para apoiar o Presidente do Instituto Português de Sangue, na sua mórbida homofobia. O grande elefante largou uma enorme bosta com letras e escreveu que os homossexuais não podem dar sangue porque são um grupo de risco na transmissão do VIH.

- Mas porquê?
JMT - Porque levam no rabo e o rabo não lubrifica tanto como a vagina e faz mais feridas susceptíveis de contaminação.
- E as mulheres? Não levam no rabo?
JMT - Levam, mas levam muito menos.
- E tu sabes que existem lubrificantes para meter no rabo? E preservativos conheces?
JMT - (...)
- Mas tens noção que o VIH é uma doença que atinge muito mais heterossexuais do que homossexuais, não tens?
JMT - Mas os homossexuais (blhec) têm muitos parceiros sexuais, e são eles que contaminam os hetero.
- E as mulheres que tu conheces são todas freirinhas é? Nenhuma teve mais do que um parceiro?
JMT - (...)
- Tu sabes que há mulheres que já levaram no rabo de homossexuais não sabes?
JMT - (...) 
- Tu sabes que nos hospitais fazem análises ao sangue TODO não sabes? E que os homossexuais que não tem esse rótulo tatuado na testa podem lá ir doar sangue e dizer que são heterossexuais não sabes?
JMT - (...)
- Tu sabes se a tua mulher é homossexual?
JMT - (...)
- Tu não tens pena de ser assim?
JMT - (...)
- Quanto é que te pagam para escrever estas alarvidades no Público?
JMT - Muita massa.
(...)

É só. 
Considero encerrada esta audiência. Podem levar o animal.
E já agora os seus cocós.

28 comentários:

  1. Que giro.
    Da próxima vez que for dar sangue, escrevo no questionário (onde me perguntam toda a espécie de indiscrições) que não quero que o meu sangue vá nem para o presidente do Instituto, nem para o JMT.
    Porque eu, quando vou lá deixar meio litro de mim, não distingo para quem o faço. Ai deles que o façam por mim.

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    1. Tu escreve.
      Eu espero que ele nunca precise de levar sangue de uma bicha muito bicha, para sobreviver.
      Falecia de preconceito.
      Burro!

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    2. ´Tou mesmo a ver-me, a seguir as pisadas de Linda Porca!
      Escrever essa "condição" em nota de rodapé no questionário, assim com muitos "errox ortograficox".
      Depois o JMT, virá com o seu preconceito de fazer chorar as pedras da calçada e dirá que o meu sangue, que diga-se de passagem é, de facto um verdadeiro néctar dos Deuses, não servem, pois é um sangue cheio de lacunas, cheio de ilitracia ou iletracia! (Raios!! Uva, é que não sei mesmo como se escreve)
      :)

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    3. O sangue do JMT está contaminado pelo preconceito comezinho.
      Por mim era a caça ao homem, e tirar-lhe a caneta das mãos, antes que mate alguém.

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    4. Achas que podemos fazer uma petição "Eu NÃO SOU jmt"???

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    5. A Linda percebe bués de campanhas! Bora!

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    6. Vamos a isso!! Linda, como é??

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    7. Eh, e só agora é que vejo isto?
      Redijo?

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    8. Eu subscrevo abaixo, Uva e tu?

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  2. I <3 U
    (se calhar já não posso dar sangue...)

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    1. Estes elefantes deviam ir todos para o circo!
      Tem efetivamente muita graça.
      Palhaço.

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  3. Os alarves existem, andam aí e precisam de levar porrada. Muita porrada!

    Beijo, Uvinha. :)

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    1. Pai de 4 é este exemplo homofóbico que passa aos filhos.

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  4. Que anormais destes existam não me choca, que o que não falta para ai é gente burra e estúpida. Choca-me é que o Jornal lhes dê uma plataforma para debitarem este tipo de alarvidades.

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    1. E pagam a este gajo uma maquia alarve de dinheiro para ele dizer que sim, que os gays estão TODOS doentes.
      Ele é que é doente. Está mais que provado.

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  5. Querida Uva Passa,
    Finalmente, uma entrevistadora que não pergunta ao entrevistado que acaba de descobrir que a filha é lésbica, como é que ele se sente.
    O entrevistado esclareceu que "interessa tanto para aqui as convicções políticas e sociais de cada um como eu saber se o cirurgião que me vai operar às varizes vota no CDS-PP ou no Bloco de Esquerda". Esqueceu-se das crendices de las brujas, que lhe terão incutido, juntamente com o papão, sob a égide de religião.
    Eu prezo muito que não haja o medo de dizer. Mas onde fica a vergonha?
    Beijo,
    Outro Ente.
    (Fui ler o artigo do entrevistado por sua causa. Não merecia o tormento a que me sujeitou.)

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    1. Eu queria que lesses o artigo para eu tirar as minhas incertezas da cabeça e não achar que sou eu que tomei o homem de ponta.
      Ele diz que todos os países civilizados têm esta prática de impedir grupos de risco de dar sangue, mas se há coisa que eu não entendo é como é que eles sabem que um homenzarrão de bigode e farta cabeleira, voz grossa e passada firme é um gay se não for ele próprio a dizer.
      Cai totalmente por terra o argumento que utilizou, porquanto é obrigatório fazer a análise a todos os sangues, e a certeza de que há em grupos de risco pessoas hiper saudáveis.
      Segue as passados do Saraiva.
      É religioso, sim. Já o topei à légua com a historieta que tentou impingir com o aborto. Levou nas orelhas da Uva que foi um mimo.
      Cambada de orelhudos.

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  6. Sexo com animais conta? Espero bem que não, pois não quero que o senhor jornalista (sou educada) mais o senhor presidente (muito educada) como dadores.
    Ah, caso aconteça uma desgraça (batam 3 xs em madeira) e precisem de um dador para sobreviverem, quais as pessoas que vos servem? Virgens de 25 anos! É que rezam as lendas que elas e as sereais andam por aí aos pontapés....
    Ah, mais uma perguntinha, caso a senhora vossa mãe ainda tenha capacidade para ler, ela recorda-se das vezes que senhor vosso paizinho ia às meninas e trazia gonorreia para casa?
    Maria Lopes

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    1. Conta. Com galinhas especialmente. Ou pelo menos com pessoas com cérebro de galinhas.
      Essas coisas ele não querem saber.
      Só querem saber se são gays. O resto, mesmo que tenham as partes pudendas a cair de podre com gonorreia e sífilis e essa treta toda, pode doar sangue.
      Anormalidades.

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  7. É por estas e por outras que a ignorância se vai perpetuando. A minha filha tem um colega que está convicto que homossexualidade é uma doença. E ai de quem lhe diga o contrário.

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    1. Infelizmente ainda há muita gente que pensa que a SIDA se pega com um espirro.
      Imagina que na minha rua tenho um senhor dono de um café que guarda numa prateleira afastada das outras chávenas, a chávena do café que serve a um cliente que tem essa doença.
      Assim que ele vira costas o tal dono do café diz logo: esta é a chávena dele. Mais ninguém usa. Podem ficar descansados que higiene aqui não se descura.
      Uma vez disse-lhe: Ó Sr. [...] também tem uma chávena só para loiras? É que se tiver eu quero. Não me quero misturar com as morenas do bairro.'

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  8. Este fulano é pago para escrever baboseiras? Não há ninguém que reveja os textos, não há bitola? Pode-se escrever o que apetecer? Qual é o currículo necessário para se escrever nos jornais de referência?
    Eu sei que são muitas perguntas e não tens de responder a nenhuma mas tanta anormalidade junta deixa-me um bocado baralhada.

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  9. Pelo que se passa no blog dele, parece que ele a a sua senhora nao tiveram olhos nem genitalia para mais ninguem! Sao impolutos, pa! :-D

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  10. Penso que o rapaz se juntou ao Ei e não avisou lá na cubata. Ou mudou a medicação.
    Quando ouvi, lerdo como sou, pensei: raios, aquele pateta do ministro acabou com a análise do sangue enquanto se discutia o papel do TC nas finanças partidárias!
    É o problema de todos estes programas, e da AR: a mesma gente demasiado tempo.Saiam da frente! É dar lugar aos jovens! Na gíria dos STCP, entra pela frente, passa umas paragens, sai por trás. Poças.

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    1. Julgo que anda a saltar a medicação. Está catatónico.

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