24 de junho de 2015

Triste sina

Eu bem quero fechar os olhos à degradação da minha cidade.
Eu bem quero assobiar para o lado sempre que os vejo engravatados, em filinha pirilau, a tentar sacar por tudo quanto é janela, por tudo quanto é buraco, o dinheiro que os contribuintes cospem anualmente para a conservação da obra pública.
Todos os dias há diversos atentados ao património da cidade e às suas mais emblemáticas instituições. E todos os dias os jornais e as televisões tornam público este saque à mão armada, às vezes até o saque das forças armadas, com a conivência dos comensais que olham apáticos para a televisão pendurada na parede da cozinha.
Recentemente, em mais um caso absolutamente sinistro que visou desmantelar e fragmentar o Institut Français au Portugalunicamente para vender o edifício da Luís Bívar, intenção que foi amplamente combatido por altas individualidades portuguesas e francesas através de uma petição (que pouco pode fazer), antes, a vergonhosa tentativa de transformar a [MAC] Maternidade Alfredo da Costa num portentoso hotel five stars, que só serviu para separar os bons profissionais das suas equipas de sempre, e aumentar a desilusão do serviço prestado naquela casa, mas que deram com os burros na água, o focinho nas couves, e a gata não foi às filhoses, porque felizmente o Alfredo da Costa, amigo do peito, soube antever aquilo que à época já era prática comum: a ilustre mansidão de um povo Vs. a imensa voragem política.
Com o fogo preso no cu, raios o partam se não estoira de uma vez, temos O Ignóbil mas bastante ativo Manuel Salgado, que mal contente com a tentativa frustrada do fecho do quartel de bombeiros mais moderno de Lisboa para vender o terreno (público) à (privada) Espírito Santo Saúde para fazer uma extensão do Hospital da Luz (cujo arquitecto projectista era ele próprio) - assunto que também tive a oportunidade de partilhar -, resolve agora, qual iluminati do monte dos vendavais (não há uma ventania que o leve?) ter a ideia peregrina de fechar a Estação de Santa Apolónia para dar lugar às bicicletas.

Às bicicletas??

Julgais, caro dono-desta-merda-quase-toda (que-eu-também-cá-tenho-um-pedaço) que nós, os lisboetas, somos assim tão anormais, jumentos, erva rasteira?
Achais mesmo que se a cidade de Lisboa (ou outras metrópoles portuguesas), fossem cidades planas, sem colinas, com pontes, ciclovias, cidades praticáveis para andar de bicicleta, como Paris, Colónia ou Amesterdão, não tínhamos já pensado nisso? não tínhamos já enchido a cidade desses meios de transporte tão funcionais, baratos e não poluentes, que todo o europeu metropolitano privilegia, e mais, sem precisar das vossas ideias peregrinas para nada?

Não há bicicletas na cidade que justifiquem acabar com a estação e NEM NUNCA VAI HAVER!
Vá lá morar para Odivelas, Sr. Vereador, e depois de subir a Calçada do Carriche, subir a Av. Padre Cruz, fazer ali os túneis do Campo Grande, descer a Avenida da Liberdade, subir até ao Castelo, dar uma voltinha na Graça, descer ao Martim Moniz, e reunir com o seu advogado no Saldanha, ou no Ritz, venha cá dizer-me se quer trocar os comboios, os barcos, o metro, aos autocarros e o automóvel por uma bicicleta a pedais.


5 comentários:

  1. Esse gajo é mas é parvo!
    Está visto que não conhece a cidade que tem!
    Por alguma razão eu só aprendi (finalmente) a andar de bicicleta na Holanda!

    http://www.osexoeaidade.com/2013/08/tem-sido-uma-animacao-que-so-visto.html

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    1. Chama-lhe parvo. A urbanização da área entre o Parque das Nações e Marvila foi projectada por ele e pelo atelier da primeira mulher e dos filhos antes de se tornar vereador. Obviamente que começar a deitar mãos à obra naquela zona, instalando lá os seus megaloprojetos arquitectónicos para beneficiar os seus, já vem tarde.
      Este gajo é um jumento!
      Cambada.

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    2. Olha tu queres ver que tenho de ir com ML à Holanda?

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  2. É o q eu digo, esta merda é uma comédia. Eu ainda estou a digerir o Oceanário nas mãos da JM, fónix.

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  3. Não há paciência que aguente!

    Beijos, Uvinha. :)

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