7 de setembro de 2015

Beatas not death!!

Li, na crónica de ontem da Helena Matos que vivemos de arrebatamento em arrebatamento e cada arrebatamento tem de ser mais arrebatado para compensar a anterior desilusão.

Pois temo que o próximo arrebatamento seja este, e será através deste que a crise se agudizará, se intensificará e se agigantará, como uma nuvem espessa e medonha por cima das nossas cabeças portuguesas.
Ao que nos é dado a conhecer, ou, ao que nos é transmitido pela comunicação social (mais perdida que a agulha no palheiro, e identicamente perigosa quanto esta), circula pelas redes sociais (ainda mais perdida do que a comunicação social, porque a primeira ainda tem um patrão), que os migrantes muçulmanos atiraram borda fora os seus companheiros de viagem, quando descobriram a sua religião. Cristãos.
Passo rapidamente os olhos pelas notícias (de abril, vejam bem) em cache, e o que se desenrola é mais ou menos o same as usual nestes meios de comunicação: circulam frenéticas várias petições para não aceitarmos migrantes em Portugal, devidamente acompanhadas de fotografias dos nossos sem-abrigo, das nossas criancinhas da Meia-laranja, dos números do desemprego, e há uma petição muito assinada a favor do regresso das Cruzadas (suponho que seja a velhinha Cruzada dos Nobres e a 10ª na generalidade), para nos defendermos da invasão muçulmana.
O que antes era o arrebatamento pelo sim, tornou-se de um dia para o outro, o arrebatamento pelo não.

Afinal, entre os buracos da calçada portuguesa, tantas vezes pisada e repisada, há ainda uma radicalidade religiosa que (tanto quanto me lembro) me foi dada a ler pela última vez num livro muito querido chamado A Morgadinha dos Canaviais, ou ainda em O Crime do Padre Amaro, mas que afinal não, e as diversas petições de teor religioso estão aí para me relembrar.
Na gaveta, claro, ficam as mil e uma petições pela aceitação e respeito pela tendência religiosa de cada um, contra a proibição do véu, a favor da liberdade de expressão - só que não, e contra... contra qualquer coisa, tanto faz.

Mas isso agora não interessa nada.
O que na realidade me interessa, e entristece, é que o que andamos a fazer desde há anos e que é tão somente isto: agredimo-nos uns contra os outros, dizemos coisas horrorosas uns aos outros, fazemos queixa a torto e a direito, ameaçamos tudo e todos com processos na justiça, sobre temas que hoje apoiamos e amanhã acarinhamos.

12 comentários:

  1. Mas tu não sabes que o ser humano é o bicho mais mau ao de cimo da terra????Somos ambíguos, raramente sabemos o que queremos, requintados na maldade, vingativos.. e pregamos a moral e os bons costumes!

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  2. Essas petições não têm qualquer teor religioso. A verdade a seu dono. O Papa Francisco pediu que cada paróquia se responsabilizasse por uma família, que cada mosteiro recebesse outra. E eu acho uma excelente ideia, evita a criação de guetos, facilita a integração e minora extremismos (de parte a parte)

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    1. As petições sobre a reposição das Cruzadas (exemplo que não encontrei agora mas que está no FB - a ver se a encontro, devo encontar) ou sobre outro qualquer pretexto xenófobo são todas elas de cariz religioso e eu vou tentar explicar-te (sucintamente) o porquê desta minha opinião (que pode estar errada).
      O que está em causa em todas as petições relacionadas com os migrantes, é - apesar de travestidas de 'vêm roubar os nossos empregos e violar as nossas mulheres' - só e apenas a religião.
      Os que agora estão contra a ajuda aos refugiados deram-se conta da certeza da dificuldade da aceitação da nossa 'cultura' pelo migrantes. Cultura (a nossa, a portuguesa) é tudo mas é sobretudo 'moral' e 'mandamentos religiosos'. Tradições de vida, exaltação da vida, dos vivos, da mulher, dos filhos, da paz, da educação e da saúde. Tudo diferente da deles, onde a exaltação é a morte, o céu, os mártires e a submissão das mulheres, dos filhos, a castração do conhecimento e o horror da guerra permanente como forma de obrigar a um tipo de cultura religiosa que não conseguimos entender.
      Há uns anos fomos literalmente abalroados por brasileiros (só ali na Costa de Caparica eram uma comunidade de 400 mil) e nenhuma petição para os mandar embora aconteceu. Porque são 'irmãos cristãos' e de certa forma iguais nessa exaltação da vida.
      Eu não referi mas são todas xenófobas. Esta por exemplo: http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT78324, horrível.

      Este Papa é especial. Muito poderia dizer sobre ele.

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    2. ...e depois de amanhã não queremos saber.
      Tens razão, já hoje , no fb, tive uma troca prolongada de ideias com uma pessoa cheia de medos e até se esquecem que só vamos receber 3.000, que em Portugal já existem mais do que esse número de muçulmanos e ninguém ainda deu por eles.

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    3. Vamos discordar. Essa história das Cruzadas (não vi mas acredito) não passa de ignorância mascarada de religião.
      Quanto à questão da cultura, acho que é um problema, sim. Não por causa da religião Portuguesa ou Ocidental, a qual é maioritariamente católica, mas por causa de questões legais ocidentais, as quais "chocam" directamente com os valores de muitos muçulmanos. Na Europa homens e mulheres têm os mesmos direitos, violência doméstica é crime, há tolerância e respeito pelas diferentes religiões.
      Querer garantir uma rápida integração e o respeito pelos nossos valores apenas revela inteligência, não assumir que há o perigo de um choque cultural é fazer como a avestruz. A meu ver, claro.

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    4. Não vamos nada discordar.
      Concordo com o que disseste e discordo muito da maioria cheia de medo de receber o muçulmanos maus e das petições.
      Eu acho que não me fiz entender.
      As petições que circulam são todas elas de cariz religioso (não desarmo aqui) porque nós europeus, portugueses, temos medo da cultura religiosa deles, do que els fazem pela religião, até onde são capazes de ir para cumprir a Sharia. É tudo o medo a falar, o medo do amor que eles dedicam a um 'ser' imaginado, um Deus que para nós é tão estranho.
      Na Europa temos os mesmos direitos (e deveres), vamos lá a ver isso bem Picante, se calhar não temos, e as minorias estão aí gritantes para nos dizer que um cigano dá uma coça brutal à mulher, casa com ela aos 12 anos e tira-a da escola na 4º classe, e puf, está tuuuudo bem, deixemo-los lá estar que eles são perigosos.
      As minorias são casulos difíceis de abrir.
      Eu sou a favor da aceitação e integração (na medida do possível) dessas gente e considero altamente xenofóbico o facto de haver petições a incitar cruzadas e coisas assim porque não querem cá os 4500 muçulmanos quando já cá existem 50 mil e ninguém nunca deu por eles.
      Concordo (porque já te li noutra situação) que deveria ser feito tudo cuidadosamente, mas julgo que assim será e não poderia ser de outra maneira.
      A tolerância religiosa nos portugueses e europeus é tal e qual o ser Charlie. São todos tolerantes, só que não. Mordam-me cá nos calcanhares, venham cá com bombas, e burcas que eu já me sinto a desmaiar. Tolerância sim, de ambas as partes.
      Tudo o que já vi sobre isso nas redes sociais é muita ignorância, sem duvida.

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    5. Por acaso eu até acho que as pessoas são tolerantes, relativamente à religião. Acontece que há muito muçulmano que nos olha de lado, que acha que as mulheres ocidentais não passam de umas prostitutas e que comentem verdadeiras atrocidades contra o género feminino. Acho normal que as pessoas tenham medo, fruto do que ouvem e leem sobre o que se passa na Arábia Saudita, Afganistão, Iraque ou Iemen, por exemplo. Até porque, se nós em Portugal não damos por nada, o mesmo não se pode dizer em França, Inglaterra ou Holanda.
      Eu, enquanto mulher, fico profundamente ofendida quando me cruzo com mulheres de negro, com uma abaya, a andar atrás do marido. Não digo nada, claro que não digo, é um direito que lhes assiste, vestirem como querem, mas ofende-me.

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    6. A mim também Picante. Ofende-me, revolta-me e dá-me pena. Tenho pena dessas mulheres. Fazem-me sempre lembrar um burro preso há anos pela arreata a uma cadeira de plástico.
      Não sei onde isto vai chegar. Mas tenho medo.
      Também tenho medo.
      Mas tambem tenho fé.
      Na Humanidade. Sempre!

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    7. Tem dias, isso da fé na humanidade.
      (é sempre um prazer "discutir" com a menina...)

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    8. Pior que ver uma mulher assim é ver as duas filhas, ambas mais pequenas do que o meu filho de oito anos, a maior com o véu/lenço posto no sítio sem mexer e a mais nova 4/5 anos com uma espécie de saco/gorro de esqui feito em tecido, para que não saia do sítio, pela cabeça abaixo.

      Pior que andar no lidl às compras com os homens com olhar de nojo para ti, são os olhares de nojo das mulheres que te incomodam mais.

      No outro dia, após uma situação vivida no passeio, dei por mim muito chocada comigo mesmo, reparei que me estou a tornar um pouco racista/xenofobia.

      Moro a menos de 30 km de Paris.

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  3. Olá Uva, boa noite.
    Também li, e vi imagens legendadas. cujo teor versava a renúncia relativamente a alimentos por parte da população muçulmana de campos de refugiados, por estes, serem distribuídos por elementos da Cruz Vermelha. Depois é só fazer associação de ideias- cruz, igual a cristianismo, , e por aí de perigos à solta!
    Boa semana.
    Mia

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  4. Eu acho q seria importante percebermos q nunca vamos ganhar esta "guerra" com os muçulmanos com armas. Isto só tem um caminho. Educação e cultura.
    Há mtos muçulmanos, q apesar degostarem verdadeiramente da sua religião,acreditam numa integração. E é nessas fileiras q deveriamos estar a "combater" procurar imãs mais "abertos"...mas n, continuamos (mundo ocidental) a insistir nas armas e nos conflitos.

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