6 de janeiro de 2016

Admirável Mundo Velho.

Exames são prejudiciais, e aprender não deve ser obrigação. (Albert Einstein)


Para Albert Einstein, o ensino não deve ser imposto aos jovens como uma obrigação: deve-lhes, sim, ser aguçada a curiosidade, a vontade de aprender. 
'Aprendi desde muito cedo a extrair o importante, prescindindo de uma multiplicidade de coisas que (…) desviam a mente do essencial. O problema é que para os exames tens de enfiar tudo na cabeça, quer queiras ou não. (…) É um erro grave acreditar que a vontade de olhar e pesquisar pode ser fomentada pela obrigação e pelo sentido de dever. Penso que até um predador animal saudável pode ser privado da sua voracidade se lhes for exigido continuarem a comer quando não têm fome.'
 Fonte: Observador

Depois de ler isto fiquei a pensar.
O método atual consiste, como também verificou Einstein, em obrigar os alunos a decorar a matéria ao invés de ter uma atitude critica sobre a mesma, refletindo nos porquês.
Os tubarões são obrigados a nadar vitaliciamente. Porquê? Não interessa, porque há mais 80 páginas para decorar de balelas sobre os tubarões. 
Será que se retirarmos aos jovens a obrigatoriedade de estudar eles terão vontade de aprender?
Será que retirar uma criança dos tentáculos superpoderosos do polvo do sistema educativo, teremos uma criança capaz de desenvolver as mesmas tarefas que uma criança que andou 30 anos na escola a encher a cabeça de alheiras, chouriços e salsichas?
E especialização profissional, isto é, o ensino mais virado para a prática, comum no final da formação académica, longuíssima e penosa, diga-se em abono da verdade, fará muito mais sentido no inicio e ao longo de toda a carreira académica ou só depois da cabeça cheia de conceitos teóricos e balelas sobre tubarões?
4 anos no básico, 2 anos no preparatório, 7 anos no secundário, 5 anos no superior, fora os chumbos, as mudanças, os interregnos não são o bastante. Não chegam quase para nada. De que me serve saber tudo sobre a máquina que faz salsichas, o binário, a força, a velocidade, se nunca vi uma de verdade, e bom, sobre a salsicha, bom, sobre a salsicha há muito que aprender... 
A praxis é indissociável da teoria. Comi esta refeição durante cinco anos, todos os dias, mas a verdade é que quando fui trabalhar nada sabia da prática.
'As grandes personalidades não se formam com o que ouvem ou dizem, mas com o trabalho e as ações. Por conseguinte, o melhor método de educação foi sempre aquele que exigiu ao seu discípulo [ou aluno] a realização de tarefas concretas. Isto tanto se aplica às primeiras tentativas de escrever feitas por uma criança, como [à escrita de] uma tese universitária (…), à interpretação ou tradução de um texto, à resolução de um problema matemática ou à prática de um desporto.'

Admirável mundo velho.

11 comentários:

  1. Acho que te vou responder em forma de post, assim como assim não tive tempo de fazer o post de hoje e suponho que a resposta seja longa. Só concordo em parte.
    (essas contas estão com gato... 9 anos de ensino básico mais 3 de secundários, mais universidade...)

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  2. É mais importante querer saber porque é que num triângulo a soma dos quadrados dos catetos e igual ao quadrado da hipotenusa do que saber simplesmente a formula.
    O Porquê das coisas e mais importante do que o facto de elas existirem!
    O nosso sistema debita factos, mas raramente diz porquê!

    :)

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    1. É mesmo. Eu realmente há muito que ando a mastigar nesta ideia de ser tudo a encher chouriços. Matérias sem pés nem cabeça, miúdos abduzidos por programas escolares sem sentido algum. Já há escolas preocupadas com estas coisas de quererem formatar os miúdos. colocarem dogmas na cabeça, dar importância a coisas sem importância nenhuma. Não falam do ambiente, não sabem plantar uma batata, não entendem o ciclo da vida, da felicidade e depois os pais não têm tempo para isto porque também não sabem a importância disto. Vivemos uma vida do faz de conta. Enganados.

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  3. Saber é poder

    Talvez, digo eu, o facto do ensino não passar de encher chouriços, tenha uma finalidade a médio/longo prazo - direccionar gente ignorante é muito fácil.

    Bom dia

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    1. Pá, não só puseste o dedo na ferida, como o enfiaste lá dentro e escafunchaste!

      Disseste tudo em 6 palavras!

      :)

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    2. Verdade noname, verdadinha!!! Cepos, andamos a educar cepos. Nem brincar sabem. A minha filha de 8 anos desce agora sozinha de elevador. 8 anos. E a culpa é minha. Eu com oito anos já tinha tido 52 namorados.

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  4. Os meus filhos passaram pelo nosso ensino e agora estão numa escola com um currículo muito diferente. Não existem métodos perfeitos. Até a personalidade duma criança se adaptará ou beneficiará mais dum método que de outro. Tive uma experiência traumática com a nossa escola. Sentia-me a infligir maus tratos aos meus filhos. De todos os lados ouvia "agora é assim" ou " tem de ser assim para que se preparem para o mundo de hoje".
    Se o mundo se tivesse resignado ao "agora é assim" ainda vivíamos em cavernas. E eu não quero educar os meus filhos para o mundo de hoje mas para o de amanhã. Por poder investir numa escola, não tive de me resignar. Pude optar. Não sei se será melhor ou pior. Só o futuro o dirá. Mas segui a minha intuição.

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  5. Oiçam o Eduardo Sá. Pode ter um ar muito terno e doce mas sabe o que diz.

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  6. Horas e horas a fio de bla, bla, bla que entram por um ouvido e saem por outro. Resumindo, pouco lá fica e nem sempre fazem bem os filtros, por isso não sabem brincar, nem decidir, nem fazer pequenas coisas. E a maioria chega ao 12º ano e não sabe o que quer da vida. Muitos não têm nada que lhes desperte o interesse, parecem uns alienados... O ensino tomou um rumo muito errado quanto a mim.

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