17 de abril de 2016

Dos ecos das minhas palavras

Continuam a chegar-me de todos os lados, e que alegria, os ecos do que escrevo.

Ontem cheguei às 400 mil visitas, e acaso não tivesse o retorno daquilo que escrevo, das coisas que conto, dos delírios que tenho, julgo que o melhor seria meter a minha viola no saco, e remeter-me ao silêncio das minhas palavras.
Lembro-me de todas as pessoas que por aqui passaram, lembro-me de ter aprendido à minha custa as regras deste jogo, tão complexas.
Sei, porque já vivi o suficiente, que podemos ser muito felizes - se nos ligarmos às palavras e às pessoas que nos lêem as palavras - através dos afetos. Sei, porque já vivi o suficiente, que se nunca nos curvarmos perante uma evidência, um erro, somos a soberba rancorosa, remoemos a raiva negra, e isso nota-se por fora.
Tenho um respeito absoluto por todos os que escrevem, por todos os que transmitem o amor pelas letras, pelos livros, pela poesia, e que se dedicam com uma atenção especial à arte tão grandiosa que é esta, de entreter, fazer pensar, fazer sentir, repercutir, nos outros, o impacto das nossas letras.
Todos os amigos imaginários que tenho através do blog têm um peso real na minha vida.
Imagino-os todos os dias, com as suas carinhas iluminadas pela luz do monitor, à noite, depois da vida arrumada, dos trabalhos deitados, escrevendo para mim, contando-me, preocupados que estão em não deixar de me atender. Eu penso que escrevem para mim, claro, por força das vezes, tantas, que me identifico com o que escrevem. E sei quem me escreve à noite, sei quem me escreve pela manhã, e sei quem anda apoquentado, distraído, zangado, também comigo.
Somos, cada um à sua maneira, todos iguais.
É por isto que aqui vamos continuando, não por nós, mas uns pelos outros, ligados por finas ironias, por grandes confusões, por mal entendidos, por amizade, por admiração.
Cá vamos escrevendo e tecendo, vivendo e remoendo, reparando estragos, apanhando os cacos, sedentos que estamos todos de nos manter-mos assim, para sempre, ligados.
Continuam a chegar-me de todos os lados os ecos do que escrevo.
Peço desculpa, porque sou a Uva Passa, por algumas frases menos conseguidas, menos buriladas, sobretudo pela (minha) presunção ruinosa de que todos me entendem da mesma forma, me conhecem os contornos, me sabem as ironias.
Confesso-me: isto às vezes, como diz a menina azul, é tudo uma grande metáfora.

Obrigada a todos os que passam pela Uva Passa.
Obrigada.

23 comentários:

  1. Parabéns, Uvita, tu mereces chegar ao milhão, e depois ao infinito e mais além.
    Comigo não contes para me apoquentar ou zangar contigo. Podes ter as tuas loucuras, mas olha: tens para a troca?
    Também eu sinto que me escreves, quando escreves, e isso traz-me vontade de escrever, e gosto em ler-te — que são, ambas, actividades de puro prazer.
    Curiosamente, comecei a ler este post e pensei que era (também) a pensar em mim que o tinhas escrito. E chamas-me menina azul, no final, epíteto que me é tão caro, e que até acho que partiu de ti.
    Continua, eu cá estarei.
    Queria mandar-te beijinhos azuis, mas como tu gostas mais de abraços, recebe aí um abraço azul, assim do tamanho do céu de hoje da nossa Lisboa.

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    1. Escrevo-te muitas vezes, mesmo quando não o ponho, aqui, por palavras. Acreditas?
      Um grande abraço meu, e da Uva.

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    2. Acredito, sim.
      Idem, quanto a mim.

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  2. Cá vamos indo Uva... Uns dias melhor outros dias pior, mas cá vamos... Arrastando os ossos, como diria um que eu cá sei. :) Beijinhos

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    1. Verdade. Uns dias bem piores que outros, outros bem melhores que uns. O que interessa é continuar. Abraço grande.

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  3. "Às vezes somos o que somos
    Às vezes somos quem fomos
    Mas às vezes tantas vezes
    Fomos
    Aquilo que nunca somos
    Somos e fomos por um dia
    E às vezes por fantasia
    Se perturba tanto, ser ...
    Querendo ser o que somos
    E aquilo que nunca fomos
    Fomos tudo
    Somos nada
    Fomos aquilo que somos

    E às vezes e quantas vezes
    Tantas vezes a dizer
    Nunca sabemos quem fomos
    E nunca soubemos ser."

    Isabel R. Monteiro

    Somos ecos que se cruzam e confundem. É aí, nesse nada, entre a tua voz e a dos que estão deste lado, que nascem os afetos, esses fios transparentes que nos prendem uns aos outros. Eu estou dos dois lados e sei - ou penso saber - o que sentes. Por isso, quando escreves, sei que escreves também para mim. Obrigada, Uva.

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    1. Que coisa bonita que escreveste à Uva hoje. Obrigada por escreveres para mim. Obrigada.

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  4. Querida Uva, posso não te ter visto nunca mas já estive contigo umas centenas de vezes. De todas elas me senti bem. Gosto de ti, rapariga! :)

    Beijos :)

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    1. Já me viste sim! Então e eu na minha bicicleta??? Ahhh pois. Ali todinha!
      Um grande abraço minha poetisa.

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  5. É agradável sermos lidos.
    E aqui é um prazer ler.
    Um beijo.

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    1. É efectivamente o melhor que há, o sermos lidos e sabermos ler.
      Um abraço.

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  6. Não precisas de agradecer. Eu é que tenho de te agradecer.
    É um verdadeiro deleite e gosto ler as tuas palavras.

    :)

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    1. Que cavalheiro és. Ponto negro cheio de luz.

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    2. Muito pouco luminoso, nos últimos tempos...

      E tem lá cuidado em chamares-me cavalheiro, porque como o mundo anda ainda fico com as feministas obtusas (porque também há as não obtusas e há que saber distinguir) da praça a buzinar-me às orelhas o quanto sou um porco chauvinista...

      ;)

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  7. Aqui a Maria continuará a passar à Uva que espera que não Passe.

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  8. Não é por nada... mas hoje sinto-me inchada.
    Obrigada, Uva.

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  9. E nós gostamos mto de te ler.que continues sp assim a escrever, para q te possa ler ;)

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  10. Sabes, Uva, a verdade é que, ultimamente, tenho andado a passar pouco, ou a passar a correr por todos os blogs que me habituei a visitar, não só por aqui. Hoje, apeteceu-me vir aqui e ainda bem, assim posso dizer-te que continuo a passar pela Uva Passa. Já agora ,aproveito também para dizer-te que gosto disto: "E é uma porra esta porra que tenho, de estar sempre pronta para começar a vida." e que não acho porra nenhuma, dá é trabalho, pois, lá isso dá. Por andar tão desnaturada contigo, não me vou incluir no teu obrigada, mas também quero deixar aqui um abraço.

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    1. Sabes Clau, não fosse agora este teu comentário e estava prestes a pedir ajuda ao Ministro (e ilustre secretária) para Claudifilipar o meu blog também!! :))))
      Tive saudade tuas miúda, mas olha, não te apoquentes.
      Isto na verdade anda fraquito.
      Um grande abraço para ti, miúda, Rainha dos Comentários!

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