15 de abril de 2015

Problem maker Vs. Problem solver

Hoje, no caminho para o trabalho, vim a ouvir o  Júlio Machado Vaz que discorria, no seu já habitual fio de voz e com grande mestria - diga-se em abono da verdade -, sobre o tema do stress.
O stress está na nossa cabeça e o que para uns é um stress imenso, para outros é uma situação banal.
Costumo dizer que a minha personalidade é do tipo problem solver, bastando um nó apertado numa qualquer linha de produção para o meu cérebro fazer um exercício muito parecido com aqueles programas que procuram os voos mais baratos na internet. Carrega-se ali num botão, e os neurónios começam a procurar muito rapidamente a forma mais fácil de resolver a angustia.
Os angustiados, como lhes chamo, são os problem maker, os stressados, os à toa, os que perante qualquer sarilho ficam ali parados a olhar para as mãos, sem saber o que fazer, ou pior, nem se mexem para não fazer de todo.
Não posso afirmar que os desprezo ou que nutro por eles um sentimento de quesília, mas atrapalham-me, exasperam-me, e chego muito vezes à conclusão, e o pior é que chego a esta conclusão numa base diária, é que quem só sabe de medicina não é bom médico.
Enervam-me as pessoas que só fazem aquilo que foram formatadas para fazer, que não sabem fazer mais nada além do que profissionalmente lhes é atribuído, até porque lhes denoto uma certa propensão para trabalhar conscientemente menos do que os outros apelidados de apagadores fogos, que sabem tratar de todos os assuntos e não se acanham perante as adversidades.
O 'não percebo nada disso' ou o 'não sei nada desse assunto' ou ainda 'se vou tratar disso sou capaz de demorar horrores porque não conheço o processo' é exatamente o mesmo que quando aparece um nó na linha que ninguém esperava, dizer, 'a culpa não é minha', 'não fui eu que tratei', 'esse não é o meu departamento'.
Estas pessoas vivem portanto fechadas em caixinhas, muito fechadinhas, muito estanques, sem que se verifique nunca, que horror, o princípio dos vasos comunicantes. Se alguém vai lá tirar-lhes a tampinha daquela merda, morrem de susto, assarapantadas.

Na minha humilde opinião, este tipo de stressadinhos especializados em fazer nada, muito idênticos aos sujeitos que na linha de produção estão 30 anos a apertar o mesmo parafuso, são do mais calinas que há, escondendo-se numa estúpida e ridícula 'especialização' que só os inferioriza, para não se envolverem no trabalho, para não serem chamados à pedra, só para atrapalhar uma organização que necessita cada vez mais de quem saiba fazer de tudo, muito, depressa e bem.
Assim não vamos lá, cambada.  

15 comentários:

  1. E depois há os complicados, esses chatos. Nó na linha? Pára tudo!!! Venham esses msnuais todos. Ninguém mexe até percebermos a função do mais ínfimo parafuso.

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    1. Não tenho pachorra. É que não sabem fazer nada.
      Veio aqui um perguntar-me se sabia gravar disquetes...
      Ora disquetes é coisa para ter desaparecido há uns 15 anos...
      Eu - Não temos gravador de disquetes, isso já foi descontinuado.
      Ele - Ahh, não percebo nada de informática.
      Eu - Não percebo nada de pessoas que não percebem de informática.

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    2. Querida Uva. Vi o primeiro computador numa sala. Ora, mas isto é normal, dizes tu. Só que o computador enchia a sala toda! :)) Muito penei para chegar à utilização das novas tecnologias, eu, que teclei numa máquina de escrever de plástico!! Há que aprender, com mais ou menos stress!
      (E sim, sou bastante antiga. :))

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    3. Mas estes Maria, são todos 'doutorados'... Nasceram (passo o termo) com o computador enfiado no rabo! Sabem muito bem o que é uma disquete. O que não querem é ter trabalho a gravar 854582585 documentos para um CD, que isso dá trabalho e é uma chatice.
      São muito espertos mas andam a pé.

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  2. Na mouche Uva e infelizmente há cada vez mais casos assim. Aos poucos, ao fim de 18 meses estou a reconquistar o meu lugar e responsabilidades que me foram assaltadas depois de uma licença de maternidade de 6 meses e precisamente por isso.
    Não gosto de não saber, procuro, investigo, questiono quem sabe e quem me pode dar as respostas que preciso. Na faculdade aprendi a aprender, que foi a mais-valia que trouxe comigo. Sou assim, não gosto de não saber, de não conseguir dar resposta às coisas, tal como tu Uva, gosto de desemaranhar nós e dá um gozo tão grande quando se consegue… :)

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    1. Eu devo ter muito azar. Na minha vida profissional contam-se pelos dedos das mãos as pessoas que gostam de fazer coisas, ajudar, trabalhar, mesmo que não sejam as suas competências académicas ou profissionais.
      Não podem levantar uma cadeira para ver se lhe falta um parafuso porque estudaram comunicação social e essa tarefa não fazia parte da matéria.
      Santa paciência.

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    2. :)
      Compreendo-te perfeitamente. E às vezes não há mesmo pachorra (a falta de pachorra já me valeu queixinhas ao admn. Delegado com choradeira à mistura, um filme. “tens de ter paciência” disse-me ele.) Enfim… nós é que temos de ter paciência! GRRR

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    3. Esses queixinhas mereciam uma cachaporra!

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  3. Repito muitas vezes a frase: arranja-me soluções, não me arranjes problemas! :-)

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    1. Isso é a frase de um verdadeiro LÍDER!
      Tu tens um líder dentro de ti! (já foste tratar disso?)
      ;))))

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    2. Ui? Será que tenho? Vou tratar de o amputar ;)

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    3. Ser líder dá muito trabalho e é uma canseira. Antes apertar parafusos...

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  4. Bem Uva eu sempre me considerei uma faz tudo. Está estragado? Vamos lá ver se dá para arranjar.... Há aquilo para fazer? Então vamos lá fazer.... Nunca fiz? Ora aprendo. Eu já montei móveis, carreguei paletes em carrinhas com o empilhador, reparei fechaduras, aparelhos electrónicos e eu sei lá mais o quê.

    À conta disto nas várias empresas onde trabalhei saltei de departamento em departamento, era o apaga fogos, tapa buracos, sempre que era preciso alguém lá me vinham chamar porque eu dava conta do recado, porque se não soubesse rapidamente aprendia.

    Ora isto pode ser muito bom, que é, mas depois dá azo a abusos, qualquer coisa vai-se pedir ou perguntar à Lady_m e a mula que se desenrasque. E é eu a trabalhar e os marmanjos encostados à sombra da bananeira, e por isso, algumas vezes, não tantas como deveria ser, a Lady_m faz-se de burra e diz "não sei, não faço ideia".

    Reconhecimento? muito pouco, ou nenhum, porque afinal os outros é que são doutores e eu não conclui a licenciatura....

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    1. Pois, nesse prisma também entendo, mas esses que concluíram a licenciatura parecem-me ser aquele ali de cima do post armados em doutores. Caganças. Eu tenho licenciatura e até tenho mais que isso, mas lá porque vou desencravar a máquina de cópias ou regar as plantas, não me caem os pergaminhos, e além disso ando mais ocupada, a treinar os neurónios, e acredita, vamos ser lúcidas até mais tarde.
      Não te importes de fazer. Quem faz vive, quem não faz dura.

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  5. Por causa dessas e de outras manias de querer fazer tudo e perceber tudo é que já dei cabo de um aspirador, um secador de cabelo, uma torradeira e outras coisitas mais ao desmontá-las para tentar arranjar. Algumas até consegui mas outras nem por isso, stressar porque não funciona é que não, stresso porque não consigo arranjar. Acho que ando a falhar nos comprimidos... :))

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