Pois parece que foi desta que a identidade da brilhante escritora 'Elena Ferrante' foi desvendada.
Gostei de a conhecer, sou sincera, olhei para ela e não pude deixar de pensar que sim, que me faz sentido conhecê-la, como me faz sentido saber quem foi Kant, Proust ou Dostoiévski, mas se ela publicasse mais duas ou três obras como Elena Ferrante e não como Anita Raja (uma suposta tradutora romana nascida em 1953, filha de um magistrado napolitano e de uma professora de alemão de origem polaca), era mais ou menos indiferente, por agora.
A questão é que várias vozes se levantaram contra aquilo a que chamaram de 'um atentado à vida privada da autora'.
Sim, posso concordar em parte com isso, com o facto de Elena Ferrante [ou Anita Raja] ter preferido o anonimato durante todos estes anos, homonimizando-se em Elena Ferrante, escondendo-se atrás de e-mails, de entrevistas telefónicas, quem sabe como golpe publicitário, quem sabe se por sofrer de alguma fobia social.
Mas (e já referi isto aqui no Uva, várias vezes):
Nunca tive especial interesse pela identidade ou pela vida dos escritores, ou antes, nunca
escolhi um livro por gostar ou não gostar, pessoalmente, da pessoa que o
escreve.
Embora não valorize num livro
ResponderEliminarnem a espectacularidade nem a efervescência
estou de acordo contigo
Elena Ferrante? então vamos lá saber
quem me deste a conhecer
a obra pode resumir-se a uma reconstrução pessoal.
ResponderEliminar"compreender" uma obra pode tornar-se um objectivo fútil.
a obra não é um absoluto consciente do autor.
em rigor, nenhuma acção é um absoluto consciente em quem quer que seja.
aquilo que ocasionalmente aparenta tratar-se de registos autobiográficos muitas vezes mais não são que a riqueza da imaginação do autor. Recordo uma intervenção muito bem humorada de Rentes de Caravalho num pequeno auditório, quando esclarece a dado ponto ”nao, meu caro, isso foi tudo fruto da imaginação"
de qualquer modo, se é desejo de alguém permanecer no anonimato, se não lhe é imputado qualquer crime ou suspeita, não vejo este acontecimento com bons olhos.
Não há confirmação alguma.
ResponderEliminarNas suas entrevistas por escrito disse várias vezes que o que importa é a escrita e não a pessoa. Não quer ser conhecida nem reconhecida.
Para além de ser de um jornalismo muito pequenino e de ter ido contra a vontade de uma pessoa, houve devassa, esmiúcaram registos bancários. Uma falta de respeito imensa.
Ao contrário de si não gostei nada de saber desta "notícia", mas cada um sabe de que é feito.
100% de acordo
EliminarUm post sobre o MAAT? Sobreviveu às expectativas?
ResponderEliminarHá algum tempo estava a ver um quadro, a apreciar o desenho e o traço. Quem me mostrou o mesmo perguntou-me " e então o que achas?". Achei o quadro agradável, nada de deslumbrante mas bem feito, com bons traços, com talento.
ResponderEliminarO autor do quadro? Adolf Hitler.
Portanto eu já apreciei a arte dele e, sinceramente, há sempre a incredulidade de como ele poderia ter talento, como poderia gostar de cães, como podia comer, beber e ser humano em todos os sentidos.
Ps: Há muito tempo foi-nos apresentado na faculdade um relato sobre o Hitler, escrito de tal forma que só falavam dos factos neutros da vida dele (pais, nacionalidade, o factto de ser emigrante, idade na qual entrou nos partidos, idade na qual se tornou um líder, etc) e omitindo a identidade dele. No final a questão de debate era se a pessoa nos parecia alguém agradável, trabalhador, empenhado, se sentíamos empatia por alguém assim ou se, em contrapartida, era alguém que não tinha nada a ver connosco, por quem sentiríamos antipatia e considerávamos má pessoa.
Isto foi debatido e todos tivemos a percepção de uma boa pessoa. No final disseram-nos que tínhamos estado a falar da vida do Hitler.