26 de outubro de 2016

Kids Market ou Mercadito, eis a questão

Não sei, sinceramente, para onde me hei de virar este fim de semana.



Do espetacular Vasco Gargalo, uma ilustração que diz tudo sobre injustiça, sobretudo da injustiça que ninguém parece ver: a exploração infantil, também nos blogs.

http://ilustragargalo.blogspot.pt/

Desculpem, por favor, mas tenho que o dizer outra vez:

Não posso, não quero, e não concebo, a continuidade da exploração infantil em blogs, como pretexto para as mulheres que por algum motivo (escolhido ou imposto) decidiram fazer da sua atividade profissional uma variante suja das stay home moms, utilizando os seus filhos como receita.
É sujo, é horrível, e custa-me muito saber, que as marcas que patrocinam mercaditos e quejandos estejam dispostas a tudo, sobretudo dispostas a ser cúmplices de um roubo humano, como o roubo da infância das crianças, perdidas em incontáveis e inconcebíveis sessões fotográficas, no veste e despe, sobretudo do despe, na praia, nos seus quartos, na sua intimidade, autênticos bonecos de montra blogosférica, para aumentar lucros.

Se há tantas vozes que se levantam, como a minha tantas vezes, contra a publicidade encapotada em blogs, não entendo como é que essas vozes não se viram contra a exploração infantil encapotada em blogs.

Isto não pode continuar.

60 comentários:

  1. Achas, Uva? É tudo tão inocente...

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    1. Inocentes somos nós que abrimos aquela merda todos os dias, só para ver que porcaria fizeram para mostrar aos seguidores.
      Eu também contribuo para as visitas.

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    2. É isso que também tenho estado a tentar controlar.

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  2. concordo, mas não pode ficar só por aí, se quisermos olhar temos de ver tudo, não só um nicho.
    As roupas da China e países circundantes, Malásia e afins.
    Em minas que são em condições desumanas em África, crianças em pedreiras no equador, no Vietname 70% das crianças trabalham na agricultura e por aí, pelo que fotos da própria criança até é um mal menor neste mundo, o problema é o do desenho que expões, aí sim, já dei por mim a olhar para as etiquetas e não comprar por vir desses países, mas também já vi roupa de criança de marca a 60€ ou mais e da... China pelo ninguém deixa de comprar por um lado ou pelo outro, como é óbvio quero acreditar que faço o melhor, mas ao comprarmos um telemóvel quantas crianças foram exploradas, um anel bonito para oferecer à cara metade (blood diamond), roupa xpto (sabe-se lá as voltas que dão) e depois as pessoas esquecem e não falam do Hugo Boss que era nazi e os vestia e compra-se os perfumes e roupa dele, a Junkers fazia aviões que mataram milhares de pessoas inocentes e se calhar temos em casa um esquentador da Junkers/vailant, não deixamos de andar num elevador da Thyssen que fabricou canhões que matou outros tantos milhares ou milhões, o Ferdinand Porsche que fez tanques para o Hitler/Alemanha que matou outros tantos milhares e fez o VW carocha que tanta gente comprou financiando dalgum modo, por isso e isto já vai longo, acho que sim cada um deve fazer o que puder mas parece-me que acaba-se sempre fazendo errado, mesmo não sabendo.

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    1. Pois infelizmente é isso tudo Misha, mas para isso temos lá o Guterres e as ONG´s,
      mas aqui pertinho não temos ninguém porque aqui não há 'miséria visível', mauis tratos visíveis, as tias são todas ricas, cheias de casas brancas, folhos e colégios. É uma máscara que afasta a mais atenta assistente social.
      Elas é televisão, é radio, é tudo. Não são clientes do rendimento mínimo, não nadam aos caixotes, não são alcoólicas.
      Nestes blogs que ai andam há anos, tantos quantos a fertilidade lhes permite, que isto quando um empregado / filho chega aos 12 anos e já não está para tretas, e há que ter mais filhos, para continuar a faturar, a dificuldade reside na bruma.
      Na bruma cor de rosa.

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    2. Esse último paragrafo... não é não acredito, é não quero acreditar, parece a malta do RSI, toca a fazer meninos(as), para todos os meses depois ir no meu mercedes de 70000€ ir buscar o guito.

      isso do guterres e das ong's é tudo muito bonito mas é o antibiótico e ainda bem que existem, mas o problema reside em não querer combater a doença isso sim, ainda não percebi o que (não) fazem a ONU e a NATO.

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    3. E os pais que vendem os filhos para serem escravos laborais ou até sexuais?

      Ps: isso de ver as marcas na etiqueta não vale de nada. Eu conheci uma pessoa cujo trabalho era etiquetar para uma determinada empresa como "made in Portugal" algo que não era feito cá.
      As roupas de várias marcas muito conhecidas, algumas relativamente caras, são feitas por empresas em locais com crianças como principal mão de obra. Outras tantas mantêm uma fachada pois fazem a montagem em solo europeu/americano mas as peças são feitas primeiro num país sub-desenvolvido.
      Os telemóveis, mesmo aqueles que custam mais do que um dos nossos OMNs são quase exclusivamente fabricados em fábricas sem condições...os problemas são tantos e é tão impossível verificar a origem verdadeira de um produto mas uma coisa é certa: não é por uma peça custar mais que significa que a sua origem é mais digna, muitas vezes é precisamente o oposto pois mesmo que venha do mesmo sitio da peça mais barata, a exploração humana feita a essas pessoas é ainda superior pois o lucro é superior.

      Continuando com a história da exploração infantil: então e todos os miúdos que são actores? Esses não entram?

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    4. Entram, claro que entram! Se bem que é horrível da mesma forma, esses recebem dinheiro pelo seu trabalho, ainda que sejam os pais a geri-lo. Estes dos blogs só trabalham. Dinheiro zero.

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  3. por comodismo, talvez, Uva. ou então, uma anestesia coletiva...

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    1. Acho que anestesiados sim, mas por isso é que cada vez aparecem mais, e mais e mais.

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  4. Pipocante Irrelevante Delirante26 de outubro de 2016 às 15:11

    Encapotada?

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    1. Sim, encapotada. Completamente encapotada. A publicidade a fraldas, ao Skip, e ao Mitosyl, é encapotada por crianças lindas e perfumadas, filhas das melhores famílias.
      É aqui que está o capote. Ninguém associa isto a exploração, porque as crianças, as mães, e os pais, são um exemplo de felicidade. Como as campanhas da Coreia do Norte e as imagens dos guettos nazis. Tudo maravilhoso para inglês ver, mas no fundo uma exploração.

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    2. Pipocante Irrelevante Delirante26 de outubro de 2016 às 16:08

      Depois dessa resposta só me posso considerar uma pessoa com uma inteligência muito acima da média (resta saber qual a média).
      Que aquilo é do mais explícito e transparente que pode haver,

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    3. Estamos aqui a falar de coisas diferente, acho eu PID. É absolutamente visível, todos a vêem, mas talvez tu e eu, que já andamos nisto há 70 anos, sabemos o que é. Esta exploração é visível mas não fere os olhos, não é viável para queixa, está encapotada pela bruma da elegância das fotos, da beleza dos meninos, das casas grandes e cozinhas brancas. As pessoas não associam estes mercaditos a exploração infantil materna. Acham bem, porque é tudo muito lindo, meter os filhos de cuecas na net para vender fraldas.
      Acho que este é que é o ponto.
      Diz-me que estás a seguir o meu raciocínio.

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    4. PID, em boa verdade, explícito é quando há um aviso a informar tratar-se publicidade.

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    5. Pipocante Irrelevante Delirante26 de outubro de 2016 às 18:13

      A exploração é bem evidente. Não acredito que haja alminha que acredite que crianças brincam com cápsulas da loiça. Ou que no meio de uma brincadeira consigam ainda assim posar para um momento kodak.

      Se o leitor aceita essa exploração enquanto conceito negativo, isso sim é discutível.

      De qualquer modo, para mim o problema nunca foi a exploração (relembrando tempos antigos, e actuais ainda em algum Portugal, em que a criançada era um "asset", pois significava mais mão d'obra para a família), mas antes a salvaguarda da integridade e intimidade das crianças. Mesmo que essas fotos, em modo passerelle ou na retrete, fossem desprovidas de qualquer tipo de critério publicitário, eu continuaria a condenar. O facto de existir uma transação comercial associada é-me indiferente, apenas sinaliza que alguns colocam os seus interesses acima dos dos filhos, recebendo algo em troca, enquanto que outros o fazem de borla (quiçá porque não sabem mais).

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    6. Penso que o PID quer dizer que a publicidade até pide ser encapotada, agora a exploração infantil é explícita, cada foto de uma criança publicada nesses blogs é um ato de exploração. Se é isto que o PID quis dizer subscrevo completamente. Se não, fica aqui a minha opinião sobre o assunto.

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    7. Sim, a exploração é bastante evidente para quem a entende dessa forma. Acredita que a maior parte dos leitores não negativiza o facto de ser o filho a fazer de boneco publicitário, a ser usado pela mãe para esta ganhar o sustento. Podes bem ver que não o fazem, aliás aplaudem a coisa, seguem aquilo cegamente, compram aquela porcaria de olhos vendados. Incentivam e muito a continuidade destes miseráveis projectos caseiros. A salvaguarda de intimidade vem logo em primeiro lugar. Isso sim. Depois disso conspurcado tudo lhes é possível. O meu ponto é que a exploração dos filhos feita desta forma, com a conivência dos meios e das marcas, é que está errada. Errada depis de tudo o que tão bem referiste. Aplaudem-se as bloggers que andam a parir filhos para trabalhar. Isto meu caro PID, vai para lá da minha capacidade de encaixe.

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  5. Ai pic, que nervos a subirem por mim acima.

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  6. Opa, estivesses tu ao pé de mim agora e espetava-te duas grandes beijufas nas bochechas!!
    A mim tira-me do sério.
    E ver que há amigas minhas a fazer like naquelas merdas e a dizer que vão aos mercaditos. Fico doente,pronto já disse. (Gosto delas na mesma, das minhas amigas, claro! Mas fico, temporariamente, fora de mim)

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    1. Eu é como te digo. É um formigueiro por mim acima. Não as suporto.

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  7. Na vida tudo passa até os ditos mercaditos.

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    1. Não passa não. Nos últimos anos parecem pipocas, passo o termo.

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    2. eu também acho que esta moda acabará por passar com o tempo!
      Será apenas uma questão de quererem ter visibilidade ou será por dinheiro?

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    3. Ambas, claro! Depois, quem tiver um sugar daddy, aproveita todos os dividendos que consegue tirar disso. Olhe a participação no final de cada programa da SMS na TVI 24... É apenas um exemplo...

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  8. Uva, percebo e concordo com a tua indignação, mas a coisa vai muito além dos blogues.
    Em tempos idos trabalhei em televisão e também aí havia uma exploração inacreditável das crianças (era numa série infantil), mas pronto, ali era considerado arte ou estrelato, bem como uma fonte de rendimento para as famílias, ainda que a troco de 10 e 12 horas de filmagens por dia. Tivesse uma pessoa um café ou restaurante onde o filho ajudasse a tirar umas bicas ou servir umas travessas que vinha logo uma inspecção de trabalho dizer como era. Agora na tv, nos blogues e tudo o que for bling ou rosa, já não é exploração, são só vidas bonitas, com folhos e TOP e já ninguém está para se chatear...

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    1. A questão da TV é outra que tal. Lembro-me do meu pai já falar disso há mais de 20 anos, de como era ilegal o trabalho infantil mas apareciam crianças todos os dias na TV a trabalhar e ninguém dizia nada. O mal mantém-se, a exploração mantém-se e ninguém quer saber.
      Em Hollywood já se veio a saber que além da exploração laboral ocorreram inúmeras vezes exploração sexual, negligência, incitação ao consumo de estupefacientes e até à participação de menores em autênticas orgias que foi feita a grandes estrelas pelos seus managers (que muitas vezes ficavam a tomar conta deles pois os pais viviam na outra ponta do país...ou seja os pais deixavam-nos com completos desconhecidos). Só que estas possíveis futuras estrelas - alguns morreram, outros nunca chegaram a ser estrelas, outras realmente ainda o são - eram todos menores. Crianças. E os pais faziam isto tudo para quê? Para obterem fama, bling-bling, dinheiro e uma boa vida.

      Eu olho para o meu filho e não consigo compreender como é que se sujeitam as crianças a isto. Como é que estes pais se olham ao espelho e não sentem nojo das próprias atitudes? Meter fotos dos filhos quase nus na internet para qualquer pervertido pegar nelas e as distribuir por milhares de pedófilos online? Falar da intimidade dos filhos como se eles fossem meros objectos? Publicar as crianças na sanita, numa sanita, pelo amor da santa!!!
      Esta gente tem amor aos filhos? Ou será que só os conseguem ver como objectos que dão jeito enquanto podem ser usados?

      Eu se usasse o meu filho desta forma iria sentir-me enojada com as minhas atitudes.

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    2. Ainda assim (e ignorando agora o lado da exploração dos putos),por incrível que pareça,esses putos que aparecem na tv numa base semanal conseguem ter mais "privacidade" e divulgação das suas vidas do que estas crianças dos blogues...

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    3. Ah pois conseguem! Os sorvedores deste tipo de 'produto' ficam saciados com as novelas e acabam por deixar os miúdos em paz.

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    4. De facto tem mais privacidade, mas, e apesar de remunerado, para mim é igual, ou seja, indecente!
      Esta moda de pôr os filhos na net a troco do que seja, e às vezes é tão pouco, é repugnante além de muito perigosa. Por agora os que o fazem vêm isso como "cor de rosa " e lifestyle. Esperemos que com o tempo passe a ser considerado como crime, que o é.

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  9. Uva, eu cheguei a participar a situação à CPCJ, mas, como nunca me responderam, não faço ideia se o assunto já estava a ser abordado.

    Não me chocam só os mercaditos. A SMS, que tanta gente parece adorar, costumava mostrar fotos da filha, diariamente, a fim de publicitar lojas de Campo de Ourique. Depois, usou a filha para publicitar aulas de inglês, para encher farinheiras violando a privacidade da filha - chegou a mostrar o caralho de uma gravação da filha a rezar, dos hábitos de estudo, de brincadeira, conversas, etc - e, agora, neste momento, continuo a saber mais dos filhos dela do que alguma vez deveria saber.

    A Carlota perturba-me, mas não me enoja tanto como a SMS.

    Ao contactar a CPCJ, listei links para tudo o que dizia. Mencionei também o facto de que aquelas crianças eram exploradas, como, estava certa, não eram pagas pela sua contribuição.

    Sei lá, até à Assembleia poderíamos ir.

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    1. Podemos ir até onde nos levar a repugnância. Muito bem cara anónima, uma voz que não se limita às palavras.
      Não é um caminho fácil, mas eu já percorri caminhos bem mais difíceis.
      Não estou nada disposta a desistir.

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    2. Tenciono ver o que a ACT diz sobre isto.

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    3. Também não percebo a adoração de que a SMS é alvo se está cada vez mais dissimulada. No início tapava o rosto dos miúdos para, depois, mostrar orações da filha, esbardalhanços de um dos filhos,... Já para não falar da célebre viagem aos Açores em que andou com a sogra em cadeira de rodas para fazer a reportagem da "viagem" patrocinada.

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    4. E quando não era tão lida, as crianças estavam sempre doentes.
      Ainda a filha não tinha um ano e a SMS, numa obsessão doentia pelo peso e por dietas dementes, decidiu que iria inculcar na menina a ideia de que só um corpo idealizado era belo. Mas a PN é que é uma mãe de merda.

      As mesmas bloggers que criticam - e bem - a Fernanda passam a mão pela cabeça da SMS.

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    5. "Mas a PN é que é uma mãe de merda." Adorei!

      A questão é: mas vocês vão lá todas e todos os dias, não é? Acham aquilo doentio, ficam doentes com aquilo, mão vão lá todos os dias, não passam sem aquilo, não é? Pois.
      E elas sabem isso. Sabem que vocês, aprovando ou não, vão lá. E é por isso que continuam. O voyerismo vende. Nesta indústria como em qualquer outra.
      Sim, Uva, o recado também é para ti.

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    6. Anónima, eu não vou 'lá' todos os dias. Não preciso. Os ecos do que lá se faz estão em todo o lado. Ainda ontem umas quantas ganharam um prémio por serem umas grandes bloggers à pala da criançada. Acho muito bem que sim. Que a imprensa fomente isto, que as marcas possam faturar mais, que as bloggers possam ser luas lindas e grandes, luas cheias, daquelas que todos nós gostamos de fotografar, à pala da luz que os filhos-sol emanam. Também te digo outra coisa, a maioria delas não precisaria dos miúdos para nada, a não ser uma delas que nem escrever sabe, coitadas. Aqui a este post já veio muita blogger que vende os filhos na internet, julgas que não sei que aqui andam? Andam sim, e assim ficamos quites não é? Veja lá que ontem, no agradecimento do prémio uma delas até se agradeceu às haters como fonte de visualizações. Isto anda é tudo ligado não é? Não, não é. Eu não sou hater, mas aquilo atingiu ontem proporções dantescas, com aquela fantochada do blog do ano. Consigo no entanto perceber a distorção de valores que para ali vai, e o péssimo exemplo que dão aquelas crianças, que sem ter decidido nada, se vêm privadas da sua privacidade. Vá ser uma criança daquelas, vá lá, só para ver como é, com a vida toda escarrapachada, sem poder sequer ser uma surpresa para ninguém, sem poder dar uma novidade aos colegas no recreio, porque a mãe já escarrapachou tudo no blog. Estou à espera da primeira miúda que chegue à menstruação para a ver fazer um workshop televisivo ou no blog em direto, com a miúda a meter o respetivo tampão.

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  10. O problema é que em Portugal só os filhos dos pobres é que são maltratados. As CPM só funcionam (e mal) em situações de pais com fracos recursos.

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    1. É aí que as coisas acontecem. No melhor pano cai a nódoa.

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  11. A mim, também, me faz confusão mas não julgo. Nunca o fiz e tu sabes. Ando nisto dos blogues há muitoooos anos ainda essas crianças não eram nascidas e nunca expus uma fotografia que fosse da minha filha [com a cara visível]; agora, que ela tem 16 anos, publiquei umas duas ou três no instagram [que tu também sabes porque me segues], mas acho que nem dá para ver bem a cara dela. A minha filha tem o direito à sua intimidade e tem o direito à privacidade. Quando regulei os poderes parentais da MC tanto a Procuradora como a Juíz foram bastante claras em relação às redes sociais: « a imagem é um direito dela e só dela; não é porque é menor que são os pais a gerir; é um direito intransmissível». Foram claras, não foram? E não julgues que foi por isso que nunca usei a imagem dela - aliás o «recado» não foi para mim - não usei pelo que expus acima. E se precisasse de dinheiro, mais depressa ia lavar escadas. Um dia hei-de contar-te que há uns 5 anos atrás ligaram-me de um canal de televisão para ir dar uma entrevista na qualidade de mãe solteira: alguém da produção lia o meu blog. Queriam filmar a MC. Respondi: «Nunca na vida! A minha filha nunca me pediu para eu ter um blog... deumalibre». Mas, se há coisa que aprendi é a não julgar. Elas que façam o que quiserem, não sou eu que durmo com as consciências delas :-)

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    1. A questão é que as crianças não se podem defender e não têm força para se negar.

      Quais são os filhos que vão exigir ser pagos pelo seu trabalho? Como é que uma menina de cinco anos se apercebe de que a mãe a usa para fazer dinheiro no blogue? Que perfeitos desconhecidos sabem onde ela estuda, quais os seus hábitos alimentares, onde é o seu campo de férias, onde passa os fins-de-semana?

      Como referia a Joana Barrios, as bloggers saem baratas às marcas. Cada sessão que a Carlota organiza é uma sessão que a marca não paga nem às agências de modelos, nem aos modelos infantis, nem aos fotógrafos, etc.

      Isto não é uma questão de consciência, como não o são os falsos recibos-verdes.

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    2. Mas eu julgo, e julgo bem. Eu sou das que vai à luta pelos direitos humanos. A que é totalmente contra o código penal, a que tem aqui discussões de meia noite por causa disso. Elas que façam o que quiserem com elas, não com os filhos. Vai um grande passo nisso. Não podes mandar a tua MC trabalhar numa boite a servir gin's mesmo que ela seja alta e pareça ter mais idade. É errado. Ela é uma criança e não deve trabalhar. Fizemos muitas revoluções, houve mortes, pelos direitos humanos, pelos direitos das crianças, pelos direitos dos animais, para que agora existam nas nossas barbas, e aqui falo de médicos, psicólogos, políticos, técnicos que trabalham com crianças, em instituições, e que aceitam esta porcaria toda como normal. Crianças em fato de banho, a fazer cocó, a rezar, a chorar, tudo escarrapachado como fim de rendimento.
      Ó desculpa lá, elas só fazem o que querem! E não é possível, não é possível! porque alguém tem de lhes dizer que perderam a tineta, e não estão boas da cabeça!

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    3. Exacto! Os pais não podem fazer o que querem com os seus filhos menores.

      É preciso legislar este trabalho.

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  12. a reserva moral da internet mora aqui.fuck...é com cada uma.

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    1. Sim mãezinha, conte lá, em que blog é que vende os seus filhos?

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    2. Não caro anónimo, a reserva moral reside nos bloges de mães que num dia postam, em pânico, que viram um senhor a tirar fotos das suas ricas filhas na praia, que até chamaram o banheiro e tudo e 3 dias depois metem elas próprias fotos das filhas em bikini no blog. (Um exemplo, de mtos)
      Ide-vos fornicar.

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    3. Isso então foi de bradar aos céus! Essa Cacomae, uma pérola, um diamante em bruto. Não sei como é que consegue fazer dinheiro naquela espelunca. Numa das suas historietas sobre as filhas, e numa publicidade ao Skip, escreveu que têm sempre lá em casa 'kilos' de roupa para lavar... céus!

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    4. É muito triste chegar a 2016 e as pessoas começarem a confundir bom senso e amor aos filhos com somente reserva moral.
      Ainda que gostaria de saber qual é exatamente o problema de se ter valores morais, principalmente quando quem está em causa são crianças e o bem-estar das mesmas.

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    5. E essa dos kilos nem foi a pior que lá vi.
      Pq o público alvo quer é ver os matchi-matchi das pequenas, nem devem ler bem os textos (ou tb não assumem como erro...)

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    6. Mais do que a reserva moral. Aqui mora a Justiceira da Internet.

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    7. Aqui moro eu, que sou muito justa sim. Qual é o teu drama? Não gostas de pessoas justas e que se levantam pelos direitos das crianças é? Pois, temos pena. Sei muito bem o motivo para a tua azedice. Não gostas que te cutuquem não é? Queres reinar em paz não é? Pois mas não vai dar. Ainda há aqui pessoas com olhos na cara para ver o que se passa.

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    8. Em vez de ter tanta preocupação com a Justiceira da Internet porque não faz uma introspecção para perceber porque é que esta "justiceira" existe.
      Por norma, os justiceiros aparecem quando os fracos estão a ser vitimizados e não têm ninguém para os proteger, não é?
      Ora pense lá no que anda a fazer aos seus filhos e veja se ganha vergonha na cara de os expor da forma que o faz.

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    9. Xiça penico! Justiça ou dor de corno? Só visita esses blogues quem quer. Eu cá não vou, porque que me enervam e acho-os completamente desprovidos de qualquer inteligência. Mas como vivemos num país democrático, as bloggers stay @ home moms, têm direito ao seu espaço, assim como a Uva Passa tem.
      Faça a si própria um favor: deixe-as em paz, vai ver que deixa de ter tantos motivos para ficar enervada.

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  13. É verdade que não passeio muito pela blogosfera, mas já me tinha questionado como é que ainda ninguém tinha pegado neste assunto. Debato este assunto com alguns amigos de forma recorrente. Impressiona-me a forma como alimentam os blogues, como a produção de conteúdos passa, em 90% dos casos, pela exposição dos filhos: sejam fotos, sejam histórias sobre os mesmos, os episódios onde são sempre os protagonistas. Se isto não for ilegal é, sem sombra de dúvida, imoral!
    Em relação às marcas que patrocinam, não digo que sejam inocentes, mas limitam-se a explorar o filão. O papel de proteger as crianças é dos pais ou, em última instância é do Estado, não das marcas. Se é responsável por parte das marcas apoiar o mercantilismo desenfreado deste pais? claro que não! mas honestamente, neste contexto tão sujo, é o que menos me choca..

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  14. Qual é a diferença? O ranho no nariz?

    http://sol.sapo.pt/artigo/531708/bbc-denuncia-criancas-refugiadas-a-trabalhar-para-a-zara-e-mango

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  15. Apaguei o comentário porque estava cheio de erros: estava meia a dormir. Eu já volto, pá, eu já volto 😜

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    1. Hahahahahaha. Não tem mal. Tu és aqui da casa, pelo que tens carta branca até para assumir o comando!!! És muito querida.

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