10 de novembro de 2016

DO FAZER

Das coisas que mais adoro, é fazer. Tenho este espírito redutor, ou pelo menos assim me dizia a minha avó quando me via a fazer disparates: 'a vida é para ser pensada, menina'.
Eu penso muito na vida mas só o suficiente para fazer a vida. Se a minha vida para hoje é escrever, então eu vou pensar para escrever bem. Escrever é fazer. Se eu não tiver disposta a escrever, então de pouco me serve a intelectualidade e as grandes epifanias.

Nunca fui menina de tratar a vida com pinças.
A aprendizagem que advém da consequência dos atos praticados só se aprende se praticarmos os atos uma e outra vez, verificando a forma mais correta para nós, a mais confortável e a que melhor se encaixa na nossa maneira de viver.
Praticar bem um ato, isto é, praticá-lo socialmente bem, pode ser uma angustia muito grande e uma grande tormenta. Era isso que a minha avó me dizia. Pratica os atos de forma a que não te envergonhem socialmente. Pensa a vida em sociedade. Não subas às árvores. Não és nenhum macaco.
A minha avó não sabia que isso que ela dizia é que era ser macaco.

Nunca quis aprender a vida através da experiência dos outros. O comportamento social é um carreiro muito apertado para mim. Quero a maior parte das vezes abrir os braços. Não tenho muito espaço para correr se tenho constantemente gente à minha frente a ditar-me a exata velocidade da minha corrida. Eu só quero que me saiam da frente e me deixem fazer.
Depois logo penso se fiz bem ou mal.



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