31 de maio de 2014

"O inferno são os outros."



Às vezes é difícil entender essa coisa 'dos outros'. Os outros são um chatos, uns pirosos, só pensam em coisas sem sentido, fazem comentários estúpidos, abusam, são insolentes.
É.
Mas o que seria da minha vida sem os outros? Sem os espelhos?
Surgiu-me ontem este diálogo, é uma brincadeira (séria) que muito espelha o que é isso de ser 'o outro' em tão ilustres casas alheias, vulgo, os consagrados.
E espero, sinceramente, que na vida real as pessoas que julgam ter uma sombra maior que os 'outros', nunca tenham se se sentir ostracizadas e agredidas, por gente mais ou menos anónima, que prolifera na rede.
A crueldade é uma coisa que se paga muito caro.
E não fica nada, mas nada bem, a gente inteira e bem resolvida.

- O que eu gostava mesmo de ver, era quanto tempo duravam os blogs, sem a ´mítica' caixa de comentários. Sim. Como é que os blogs se faziam blogs de 'referência' sem a 'mítica caixa de comentários´ dos outros blogs ´consagrados'. Mas isto sou só eu a dizer, que não entendo nada disto dos blogs.
- Pois não entendes. Essa coisa de ter comentários e likes é um vício. Blog que é bom blog não gosta dessas coisas, quer é discorrer, falar, e dizer tudo o que lhe vai na alma, sem trânsitos matinais. É muito normal haver monólogos em blogs. Não sabes tu?
- Cala-te! Para mim um blog é uma companhia, melhor se for também para os outros. Se assim não fosse, lá se ia a graça disto. Então e a partilha? As outras opiniões? Como é que se fazem amigos? O objetivo disto não é a diversão com-os-outros-que-nos-lêem?
- Eu cá não acho.  Sim, porque é uma chatice imensa ter ali aquelas coisas a saltar e a fazer imenso barulho. Tou aqui, tou aqui! Ainda por cima com opiniões contrárias, sem jeiteira nenhuma?
- Barulho? Já as letras fazem barulho? Pois já eu, acho que quem não se sente não é filho de boa gente e que não tem mal nenhum fazer barulho com as letras. Querer dar a conhecer aos outros bloguers, e aos seus leitores, uma opinião diferente, ou fazer saber que há quem tenha mais a dizer, coisas, assuntos, alguns de grande interesse. E também te digo, há por aí muito comentador que se devia dedicar a isto dos blogs. Haviam de ser grandes contribuidores. Já assim o são. São a meia-alma daquilo. Mas isso às vezes não é fácil de compreender. Também há quem não goste, mas assim nunca saberá se vale a pena.
- Pois sim. Estás a falar daqueles que se metem ao pulos é? Insoburdinados, sempre a gritar. Já tenho visto alguns. Sempre a tentar que os grandes bloguers os visitem. Venha cá, ó Senhor? Olhe o que lhe trago hoje! É muito aborrecido. Os grandes bloguers também têm o seu emprego, as suas vidas. Havia de ser lindo se passassem o dia a visitar standérs de compota e de colarinhos com lacinhos.
- E que mal tem se quisermos que eles também visitem o nosso espaço, e nos digam o que pensam sobre aquilo que escrevemos? E porque não um link a piscar o olho e a dizer, estou aqui, estou aqui?
Estou aqui porra! Pois com certeza que estou.  Isto da bloga é uma coisa unidirecional, é?
- Pois, mas sabes bem que a maioria só fala da vida quotidiana (que é um tédio). Para não te falar daquelas que ganham dinheiro com o blog. Um horror.
- Ganhar dinheiro com um prazer? Que mal tem isso? Só lá vai quem quer. Eu não quero, não vou lá.
Eu até tenho uma box daquelas de gravar os programas para não levar com a publicidade, calha bem!
- Isso és tu falar, miúda, aquilo não vale nada.
- E se não valer? Ninguém pode ter um blogue de merda? Tem de ser tudo maravilhoso e lindo, e bem escrito? Tenho mesmo de seguir em modo privado aquele blog das unhas às bolinhas? Então agora já ninguém pinta as unhas, é? Há todo um público que pinta as unhas, caramba.
- Pois, passa-lhes a mão pelo pêlo. E quando aquilo muda de tom e às vezes puxam do vernáculo, as malandras?
- Ainda bem que falas nisso. Estou muito triste porque uma bloguer que eu admirava muito, disse caralho. Nunca pensei...
- Contigo não se pode falar, está visto. Sempre no gozo! Pareces aqueles que fazem bonecos!
- Bonecos? Já sei de quem falas. Para aí de TODOS, não?
- Não. A blogos(fera) é uma coisa séria. Tens que ser tu própria, tal e qual. Assim como vieste ao mundo.
- Hahahahaha. Não tinha escrito uma única linha deste blog se assim fosse. E já me divorciava, a ver pelo posts sobre o alérgico. Façam-se bonecos, porra! Que interesse podem ter as experiências da minha vida se não as posso contar por um lado à séria, com sentimento, e por outro a aldrabar, a deturpar, a exagerar, a fazer um boneco de mim própria e rir-me disso? Quem é a Uva Passa? Quem é a Loira? Quem é Pipoco? Picante? Doce?
- Assim ninguém quer saber de ti. Ninguém te visita. És mázinha, estás sempre a inventar.
- Ah, eu não gosto que me leiam, isso de ter seguidores, não gosto. Gosto mais do sossego... Também gosto imenso de cozinhar. Cozinho sempre para dez, mas como lá em casa só eu é que janto ... sobra imensa comida... Contem-me histórias.
- Histórias, histórias. Só pensas nisso. Nas histórias que te vão na cabeça.
- Queres ver que agora não podem as pessoas expressar-se livremente? Não é assim que funciona esta coisa da escrita, da literatura, da linguagem? E nascemos ou não todos com o livre arbítrio? Posso ou não escolher o que leio? Posso ou não separar o trigo do joio, mesmo que num mesmo blog, hoje seja trigo, e amanhã joio?
- Mas à que ter cuidado com isso das letras. Não achas tu? Escrever só sobre coisinhas interessantes, sem abusos.
- Concordo. Mas lá vou eu outra vez para a liberdade de expressão. Olha, agora não quero ninguém a escrever sobre sexo porque o meu marido é eunuco. Olha agora não quero ninguém a escrever sobre o marido dela que é eunuco, porque o meu tem uma grande pila. Olha agora não quero ninguém a gozar com a pila....
- Mas então resumindo. Já que tudo aceitas e tudo compreendes, como se fosses o grande mestre tibetano, o que é que aflige e te faz alergia?
- O bullying. A provocação malcriada. A falta de senso. A falta de respeito pelos leitores e por si próprio. Mas lá está, isso sou eu. Até lá, dou a todos o benefício da dúvida, porque também sei que às vezes um mau dia, é só um mau dia.
E eu farto-me de ter maus dias.
E talvez hoje seja um deles.

O significado da palavra ABUSO.

 
A história é muito antiga, tão antiga que a imagem que tenho dela é já difusa.
Talvez o meu blogue sirva sobretudo para isto, para me lembrar das histórias, para que a memória não me leve, no pardacento dos dias, as recordações que guardo da minha vida.
Assim, no dia em que as quiser contar direito, sobre quaisquer linhas retortas, poderei lembrar-me delas, pois que muitas não poderão, nunca, ser esquecidas. Como esta.
Madalena.
A história desta menina é uma história dura.
Dura para mim, que tinha acabado de me formar e fui deixada à minha sorte numa escola de intervenção prioritária (TEIP) e dura para a menina, que não vendo um fim à história, se viu para sempre nela, porque decerto ainda perdura.
A Madalena chegou a Portugal com 6 anos.
Fazia parte de um protocolo de cooperação entre Portugal e Angola, na altura muito em voga, sobretudo por ser coordenada por um conceituado cirurgião plástico e cirurgião pediatra português, e que veio acompanhada de um progenitor (vamos chamar-lhe assim, já que a palavra PAI não cabe nesta história) angolano, seu tutor, a quem foi dada a oportunidade de trabalhar no mesmo hospital em que a menina fazia tratamentos, durante o tempo que eles durassem.
A Madalena tinha, e tem, um problema físico relativamente incapacitante, que tratava num hospital da capital e que a obrigava a usar umas próteses nas pernas, que lhe pesavam na alma e lhe davam um andar estranho, e por isso, diferente.
Mas a diferença da Madalena não era só física. Com efeito, a menina era diferente de todas as meninas daquela escola. A Madalena era uma menina abusada.
Quando se fala em abuso, a maioria das pessoas pensa em violação.
Sim, há decerto uma violação, mas no sentido mais amplo da palavra, porque violação é abuso, mas abuso é muito mais do que violação.
Mas não, a Madalena não foi violada, mas sofria um imenso abuso físico, constante e brutal, que o progenitor perpetuava, para que a sua permanência em Portugal perdurasse, ou seja, era o progenitor que infligia à Madalena os danos físicos que, de certo modo, a obrigavam a manter os tratamentos que ela fazia em Portugal.
Quando conheci a Madalena, já ela cá estava há dois anos. Sem melhoras.
Lembro-me bem da forma direita como se sentava na pontinha da cadeira, e de como andava com as costas estranhamente descaídas para trás, quase como se não aguentasse a roupa no corpo. 
Não deixava ninguém tocar-lhe.
Não me lembro de quantas vezes que a vi a chorar ao portão da escola, encolhida, com malinha nas costas. Era a única menina que não queria voltar para casa.
O progenitor vinha todas as tardes, sorridente, cumprimentava a diretora, as auxiliares, e levava a menina pela mão, pelo caminho estreito de terra batida que bordejava a escola, e ela olhava para trás, uma e outra vez, dando sinais que ninguém percebia.
Eu, que tinha a meu cuidado cerca de doze crianças em risco, olhava para ela e não a via a melhorar. Escrevia coisas sobre ela, e pensava coisas dela, e sentia-me mal por ela, porque era tudo inútil. A visita domiciliária era inútil, a conversa com aquele tutor era inútil, eu era inútil, a escola era inútil, os médicos eram inúteis e tudo o que tinha, os estúpidos relatórios, as infrutíferas reuniões multidisciplinares, o apoio alimentar, não serviam para nada.
O cerne do problema da Madalena não estava nas próteses tão pesadas que usava, tão pouco nas dificuldades financeiras e materiais ou nas letras que não entendia, que lhe toldavam o futuro. Era naquele regresso a casa, aquele sofrimento infantil e constante, aquele afastamento físico que se impunha a ela própria, sem liberdade, sem culpa, nas brincadeiras que não tinha, no ser amorfo que se tornava a cada dia.
Passei então a dedicar todo o meu tempo aquela criança. A escola achava que a menina tinha um problema mental, além de físico. Em Portugal não havia, à época, grandes apoios na saúde mental para crianças, os psicólogos eram contados a dedo, ainda hoje há falta de psicólogos nas escolas, 20 anos depois. Na área do Serviço Social, que era a minha, ainda pior.
Como técnica, não podia desfraldar no meio da escola a bandeira da intervenção, ou seja, não podia dar a conhecer aos outros meninos que intervinha nesta ou naquela criança, sob pena da estigmatização e crueldade infantil, tão profícua em rotular os diferentes, ainda que inocentemente.
No início, a Madalena tinha muito medo de perguntas. A resposta pronta de 'não sei' era desculpa para um medo gigante, que se via crescer a cada dia.
Certo dia, na sala de aula, enquanto registava a condição física dos meninos na primeira hora da manhã, reparei na Madalena. Era muito comum os meninos virem fraquinhos, a abanar de fome, mas a Madalena estava visivelmente transtornada.
Ao aproximar-me da mesa dela, inclinei-me e pousei a minha mão nas costas dela.  
O que se seguiu foi de tal forma impressionante, que receio não ter as palavras certas para escrever, (que não tenho), e que não tenha ainda os sentimentos no lugar, devidamente distanciada como se quer numa técnica, para espelhar a plenitude da palavra ABUSO.
Madalena estava queimada.
Nas costas pequeninas, desenhava-se um mapa. Uma mapa sórdido. Uma mapa desenhado com pontas de cigarros, feridas abertas que lhe marcavam a pele, a infância, e toda a (nossa) vida, antes e depois daquele dia.
Abuso. Um progenitor que magoa a filha, que lhe bate e lhe retorce as pernas depois de cada tratamento, que a queima com pontas de cigarro para a fazer prometer que não conta o que lhe faz, e que a faz crer, acima de tudo, que o sofrimento dela é para um bem familiar maior, que lá onde viviam era pior, que precisavam de ficar.
Abuso. Uma sociedade que não vê, que não tem meios para resolver, parar ou enfrentar, que não é capaz de prevenir, mesmo que olhos médicos vejam todos os dias, esses mesmo maus tratos.
Abuso. Uma escola displicente, cheia de miúdos-órfãos, descrente, que encolhe os ombros e não se aflige, não se aplica, não tem meios nem os procura, que se demite, que se demitiu, deixando nas mãos de uma miúda, que era eu, a resolução de uma problema tão profundo, tão grave e tão miserável.
Abuso. Uma sociedade que não se compromete com os outros, e que no fim do seu turno, vai para casa, tomar conta da sua vidinha, como se a vidinha dos outros fosse só mais um episódio de uma série de terror, que à primeira oportunidade se pode passar para a frente.
Abuso. Madalena não foi retirada ao progenitor. O progenitor-abusador é o primeiro a beneficiar do benefício da dúvida, da redenção. A família é suprema, mesmo que a criança esteja em risco.
Abuso. Há oportunidades que nunca deveriam ser dadas.
Tenho desta história uma lembrança muito difusa.
Misturada em tantas outras, esta aparece-me sempre que oiço falar em Carolinas, Rui Pedros, Joanas, Catarinas, e em tantas, tantas outras que povoam o lado escuro da nossa sociedadezinha global, ridícula e mesquinha.
Por isto é que eu sou uma eterna preocupada com o crescimento da caridade, do povo que acolhe, que dá de comer, que cola com cuspo as feridas abertas. Não é o povo que deve ajudar estas crianças, não é o povo que tem de arcar com tamanha responsabilidade. Não tem arcaboiço para isso.
Mas é o Estado, o Estado-Providência, as instituições, que vemos desaparecer a cada dia, que deve ser o cerne da nossa LUTA, da nossa manifestação.
As Madalenas desta vida, são pessoas como nós.
Mas lá está.
É tão difícil virar um espelho como é fácil seguir em frente...
É que na vida, nem tudo passa.
E esta culpa não morre sozinha, morre comigo.

(Madalena é um nome fictício.)

30 de maio de 2014

As saudades que eu tenho disto

 

Podeís não acreditar, mas aí até aos meus 12 anos, fui atleta, e a minha posição era basicamente aquela: volante.
É tão bom ser pequenino.

E agora para uma coisa totalmente diferente desta maré negra que me assolou: PARIS!!

Da mesma forma que colecionamos os dias, colecionamos alegrias.
Nem só de nuvens se cobre o céu.
E aproveitando um post de uma rapariga muito picante, - que me deixa sempre bem disposta, porque faz uma coisa deliciosa que é ser irónica-malvada e com isso virar as pessoas do avesso, mas com os olhos da parte de fora, para conseguirem ver o estado em que ficaram, e isso, caramba, é fenomenal, é ser uma verdadeira artista, não é cá como eu, que fico logo deprimida se me aparecem visitas mal encaradas - decido deixar-vos aqui um dos momentos mais felizes da vida, só para verem que eu também tenho um momento em bom, e que a minha vida não é sempre este mesmo inferno.
Pois então:
Duas raparigas muito loucas, fartinhas de me ouvir e de me aturar as madurezas, decidiram fazer-me uma pequenina surpresa.
Levaram-me para uma tasca, enfrascaram-me de vinho e deram-me, no meio da loucura, uma caixa pequenina, fechada, e que eu ao abrir, pasmei, e ao pasmar, toldaram-se-me os olhos, e foi um mar de lágrimas tal, que o dono da tasca achou que o que ali se passava era mais um caso de violência noturna. Não era. Era só um bilhete de avião.
37 anos neste rabo, e nunca tinha ido a Paris. Saloia.
Mas isso foi só até há poucos dias, porque Paris nunca mais foi a mesma, e eu nunca mais fui a Paris, quero dizer, Paris ficou na mesma, e eu nunca mais fui a mesma desde que fui a Paris. (isto não anda bom..)
Era um sonho antigo. Demasiado.
Foram as minhas amigas de sempre.
Isto é que foi o maior afago de ego que eu tive na minha vida, depois do caso do casamento com um Designer, tão habituado à beleza, à arte e ao belo, e se encalhou à mesma por aqui, numa Uva Passa careca.
 

 
UAAAAAUUUUUU!!!!!!!!!!


 
O Pipoco Mais Salgado Parisiense...
(Tentei saltar para ali, mas elas não me deixaram, as invejosas..)
 
 
Museu D´Orsay, é lindo, lindo, lindo, etc
 
 
Estavam todos a olhar para mim, claro. No bairro dos pintores onde comprei um famoso avental ao Sr. Designer. Tudo a ver...


 
 
E era isto que eu queria comprar, mas a loja estava fechada.
No Bairro das Piiiiiiiii.

 
Galerias La Fayette, onde o dinheiro se derrete....
 
 
Atenção anónimos!!!!! Cuidado com a Uva!
(Louvre)
 
 
 I am the Lizard King I can do anything.
Até visitar um cemitério...
Jim Morrison (1965–1971) - Cimetiere du Pere-Lachaise


Há coisas que me afligem, e algumas não são palavras.




Às vezes vivo num sítio escuro.
Às vezes o que vejo são só as ondas de impacto.
Esforço-me por entender por que motivo agem as pessoas só por ver fazer.
Talvez porque ao ver fazer, se livrem da culpa de fazer primeiro.
Toda a nossa historia negra, tudo aquilo que nos envergonha, as guerras, as crises, o medo e a culpa, são só uma questão de querer  'ser o primeiro'.
Mas quando o primeiro atira uma pedra ao invés de deitar a mão, o outro que vem depois, não constroí nada.
O primeiro que atira a pedra, tem certas certezas, julga-se, toma a dianteira daquela ação, e sente-se forte por ser o primeiro, o mais audaz.
Mas é um tolo. Cheio de si mesmo.
Ser o primeiro é um fardo demasiado grande, pois que podem os outros que nos dão força, desistir de nos acompanhar.
E fica a culpa.
E a culpa ninguém partilha.
É que a vida muda a cada dia, e a cada dia nos ensina, que para sermos alguém neste mundo, precisamos primeiro de ser nós próprios. 
E não uma sombra dos outros.
 
O mundo não se fez de pedras.
Nao é com pedras que se constroiem castelos.
 
 

29 de maio de 2014

Cães na pradaria? Não, só um bando de anónimos que precisam de ser colocados no seu devido lugar.

A conclusão a que chego, é que lhes dá o cheiro.
Ninguém lhes disse que havia aqui festa, nunca por cá passaram, não tem qualquer interesse pela tasca, mas um dia, vá-se lá saber porquê, dá-lhes o cheiro e vêm cá largar o seu comentáriozinho azedo e malcriado.
Ora este espaço pessoal, discreto, para amigos (os virtuais e os outros), que é utilizado apenas para distrair, para fazer um ou outro leitor bem disposto, alegre, triste ou zangado, enfim, um espaço vulgar que me serve de afago ao ego, e sobretudo para me rir de mim própria, não é de todo um depósito de frustrações virtuais nem tão pouco é posto de trabalho de anónimos de guerrilha, que gostam de pisar as Uvas, como fazem os vinhateiros, para ver se lhe chega o bagaço ao nariz e se as faz descambar para aquilo que tanto gostam de ver: a faca na liga.
Ora descambar é coisa que eu adoro fazer, mas não aqui, meu menino.
Eu sou uma Uva paciente e compreensiva, e acredito que possa ser às vezes ultra irritante, uma perfeita anormal e estupidamente fútil, mas caramba, ser atacada por anónimos que só aqui vêm largar três ou quatro patacoadas sem jeiteira nenhuma, para destabilizar uma alma já de si inquieta, que é a minha, a da verdadeira artista, é que não.
Tenham lá paciência.
Sigam para a frente, há por aí tanto blog giro, cheio de qualidades literárias, altamente trabalhados e preparados para vos receber, a vocês e à vossa iluminada cabeça. Que querem de uma Uva Passa? Querem rir-se, riam-se, mas não sejam desagradáveis, ok?
Vem uma pessoa aqui, todos os dias, escrever sobre temas tão interessantes, com opiniões tão lúcidas, num esforço imenso para fazer rir (alguns) leitores e com isso aliviar-lhes o fardo da vida, precisa de tudo menos de farejadores de tascas, não é verdade? que só servem para levantar a perna e mijar naquilo que os outros fazem.
Foi profundamente desagradável o comentário.
Queria só fazer um grande brinde com os meus seguidores e amigos, e com todos os que me leem e gostam do vinho que aqui se produz,  e aproveitar para explicar que coloquei a minha caixa de comentários (ai que tristeza tão grande) sob vigilância cerrada, porque considero que, sendo já o que basta a pinga que vos sirvo aqui, não vejo necessidade nenhuma de levarem com a zurrapa de cão de pessoas (que até são boas pessoas, lá na aldeia delas), mas que se comportam como profundos porcalhões.
Por isso, caro anónimo: põe-te a milhas.
Na minha tasquinha não metes tu o dedinho.


26 de maio de 2014

E agora um post inteirinho para a malta das 'binas'!

Eu ainda não vos disse, mas agora vou dizer: a minha filha, filha de mim, com um 'catrefadão' de genes meus, genes hiperativos (agora mais nos dedos), genes que tiveram patins voadores, triciclos com asas, carrinhos de rolamentos, pranchas de windsurf, de bodyboard, canoas (algumas de esferovite), genes de pernas compridas e velozes, capazes de ir da escola a casa em menos de um farelo, tudo genes do melhor, desportistas, elegantes, e tudo do melhor que há, hum, e a minha filha, essa coisinha mai-linda que só tem é olhos e cabelo, não sabe andar de bicicleta...
Hã?? Não sabe andar de bina? Nem com rodinhas, nem aquelas da princesa? Não. Nada.
Também não nada, mas este verão, caramba, vai aprender. Ó se vai.
Mas dizia eu, esta miúda elétrica, que sou eu, teve uma filha alentejana que gosta mais de dormir que a preguiça, é um zero nas pedaladas.
Vai daí, que eu desesperada por ela ser assim igualzinha a minha mãe, ando cá a pensar em trazer-lhe a montanha cá para casa, já que alpinista também não é, e o Maomé foi para Bruxelas presidir ao Partido da Terra,  e encontrei esta preciosidade numa daquelas revistas chiques que mandam para o meu chefe eu recebo cá em casa.
Metam os olhinhos nisto:
 
 
 
Isto sim, isto é outra forma de pedalar. É um halo de design que se desprende daquelas formas. A grande roda, inspirada nos monociclos do séc. XIX, é uma imagem de marca e pêras. Além disso, foram pensadas justamente para as filhas-não-pedalantes-viciadas-em-tablets, já que possuí um exclusivo suporte de Ipad, Iphone, Ipod, ai ai ai ,que promete revolucionar o exercício físico da mai piquena.
Agora é pedalar para poupar uns poucos tostões, que é quanto custa esta belezura desenhada por Luca Schieppati, abrir a janela da sala, colocar uma ventoinha a fazer vento e voi-lá.
O capacete que acompanha a peça, servirá só para não me magoar quando bater com a cabeça nas paredes, depois de saber os anos que terei pela frente  a pedalar para pagar a obra de arte. 
Quem é amiga?
Pois.
 
Entretanto (deixa-me lá continuar isto) em folheando a revista dos ricos, deparei-me com mais esta preciosidade, que é uma bina à sério, mas só para ricos, ou seja, só para mim.
Aquele ali da foto é o meu marido (em velho rico). Já não falta tudo e isso deixa-me... apetecia-me algo, Ambrósio, leva a bina e vai buscar...
CYKNO. A bina retro, que foi apresentada recentemente em Milan, manufaturada, elétrica, é uma forma de afirmação.
Sim! Quero.
 
 
Anda cá à mamã.

25 de maio de 2014

Uso as palavras para falar dos meus silêncios...


Eu tinha umas pessoas na minha vida. As minhas pessoas.
Não eram meus pais, nem meus irmãos, nem amigos. Mas eram pais, irmãos e amigos.
Estas pessoas da minha vida, foram durante muitos anos os espelhos de mim.
Era nelas que me revia, foi com elas que aprendi, foi assim que me ensinaram.
E era um orgulho tê-las, porque ninguém as tinha como eu, tão amigas, tão unidas, tão alegres, tão minhas.
As minhas pessoas eram só quatro, mas eram seis, mas eram oito, mas eram elas e outras como elas, parecidas com elas, que me envolviam, e me viam, e eu via-me nelas.
Durante esse tempo, em que nos tínhamos e víamos uns aos outros, a nossa vida mudou muito, tanto como a vida que muda, para todos nós.
Mas as mudanças, mesmo as mais agrestes, daquelas que fazem lágrimas e deixam desgostos, eram isso mesmo, pequenas mudanças mundanas, que íamos levando, aguentando, nos dias que nos envolviam como uma teia, e nós nela, protegidos, apertados.
Os fardos que cada um carregava, como carregamos todos sem exceção, toda a vida, eram fardos repartidos, que iam ficando mais leves, e os sete à volta de uma mesa, na venda, no café, na varanda olhando a lagoa, nas noites passadas em claro, recortando amarguras e desejos findos, e bebendo, e brindando, e  cantando sempre as alegrias, e as modas tristes, tão tristes desta vida.
E por ali passaram abraços, palmadas fortes nas costas, lágrimas secas, outras molhadas, invejas, parecenças. Em tudo nos entendíamos e em tudo nos ajudávamos.
A vida era assim, tão mais fácil. E tão melhor.
Mas um vento frio, um nevoeiro agoirento, um azar, uma inconsciência, separou-nos a todos. Partiu-se um espelho, sete espelhos. Não sobrou nada, nem cacos para apanhar.
A vida é inesperada, indomável, e agora, agora, já não as tenho.
Sou metade? Somos sempre metade de nós, se não podemos ver nos outros o espelho de nós próprios.
E agora?
Onde estão os meus laços?
Onde deixei a minha marca?
Os meus laços quebraram-se ali, no nevoeiro. A minha marca já não se vê. E eu não percebi, achei que a minha pena e esta pena de mim,  poderia ficar escondida na rama da vida, no abotoar dos botões, nos ganchos do cabelo, nos livros, na escrita, e nas palavras que não disse e não digo, mas que oiço e lamento.
Hoje percebi tudo.
Tenho saudades daqueles tempos, tenho saudades deles, de nós.
E agora que a vida se complica, agora que precisamos uns dos outros, que precisamos de espelhos, de conselhos, de cantigas e de conversas, não nos temos. Estamos perdidos, ausentes de nós e sofremos. Choramos?
Choro eu.
Alguém me compreenderia se dissesse que não me vejo?
A quem poderei deitar a mão, agora que tudo se complica e se enubla...
Deixo-me cair?
E depois, quem me levanta?
Ainda não morri e já me enterro.
Quem consegue refazer uma teia desfeita, se espreita a aranha ferida?
Porque não podemos nós, conservar para sempre aquilo que nos faz felizes?
Não sei. Mas tudo isto é triste.
Tudo isto é fa(r)do.

24 de maio de 2014

Mandas mãe?

Ainda na semana passada li um típico post conárosa de uma amiga que já não vejo há tempo.
Dizia ela com indisfarçável orgulho que tinha recebido naquele dia, o primeiro email do filho Pedro.
O Pedro não passa de um miúdo, e daquilo que me lembro dele, é um piolhito .
Pensei logo no meu caso. Claro.
Miúda pequena, a despontar dos totós para o cabelo solto, tecnológica que só ela, enfim, não tardaria a ter de lhe colocar uma corrente eletrizada no Magalhães, cuja única sorte é ser lento p´ra xuxu.
E a minha vida lá continuou, linda e maravilhosa, aliás como eu sempre sonhei, a trabalhar das 10h às 20h (que nem uma mula alentejana moira), dormir pouco, sair ainda menos, estar uma Uva Passa, cansada, lisa, e não é só no cabelo.
Andava nisto há dois dias, uma eternidade portanto, quando a menina da receção me liga ao gabinete:
- Mademoiselle Uva?
- Oui, ces´t moi!
- Tens a tua filha ao telefone.
A minha filha ao telefone???? Mas passaram dois dias ou 2 anos?
- Uva, estás a ouvir, tenho a tua filha ao telefone, falas?
- Sim, falo, obrigada.
- Mããããããeeeeee?
- Sim filha, tás onde? A avó? O avô?
- A Avó ´tá aqui, mas eu queria mesmo era falar contigo. Preciso de dinheiro.
- Dinheiro? Mas para que queres tu o dinheiro? A avó?
- Ó mamã, então, é para comprar o Pirilampo Mágico, mas em caneca!
- Porque é que não pedes a avó? A mamã agora está aqui no trabalho, como queres que te dê o dinheiro?
- Então, mandas alguém aí do teu trabalho, que tenha assim, sabes, um tempinho livre, e ela vem cá trazer-me o dinheiro. São 4 euros mamã. Dizes a ela que estou aqui em casa da avó. Ela que se despache que estou quase a ir para escola.
 
É.
A minha filha não manda mails, mas já manda a mãe dar ordens no Rule of Law hahahahaha, a alguém que supostamente é o meu Ambrósio particular, hahahahahahahaha, para lhe levar dinheiro a casa, para ela, a princesa minorca, fazer umas comprinhas na 5th avenue lá da aldeia, tipo umas canecas, sei lá.
Sabes filha, a mãe aqui não manda nada. Quanto muito uns papeis usados para o lixo, e mesmos esses, filha, mesmo esses, são sempre alvo de uma criteriosa seleção pela senhora das limpezas...
 
Eu agora, para não ser tudo mau, podia postar uma coisinha conárosa na minha página a dizer orgulhosamente que a minha filha (que ainda ontem nasceu e nem sequer tem os dentes da frente do mesmo tamanho), já pega no telefone sozinha e liga para o meu trabalho para me cravar moedas...
Mas não. Nem esse prazer.
A minha filha terá sido, alegadamente instruída, como se faz a um processo crime, pela minha avozinha mais doce, para que me ligasse a pedir o dinheiro.
- Ouve lá Uva, sabes quanto dinheiro é que eu já gastei com esta miúda no chinês, desde que apareceram aquelas pulseiras infernais? Pois, vocês devem achar que ando a roubar carteiras!
 
Olha, como as coisas estão avozinha, até que não era má ideia.
 
 




 

23 de maio de 2014

Doutores...

 
 
A história é passada em frente à mesa da sala de reuniões principal.
Uma secretária conhece muito trambolho, graças a Deus, mas tem às vezes o privilégio de conhecer gente com história, gente importante, gente com graça.
Ainda ontem, por exemplo.  
Um contabilista dos seus 70 e muitos. De Coimbra. Amigo da família.
- Bom dia Sôtor. (estico-lhe um  bacalhau apertado) Uva Passa. Muito prazer. Sou a super-secretária do Sôtor-chefe.
- Que alta que a meneína é. Parece uma estrangeíra. É estrangeíra?
- Não sôtor. Nasci aqui, em Lisboa.
- Hum... olhe que num parece náda.  
E saca de uma mica ranhosa, dobrada em dois, cheia de papeís, de dentro do casaco).
- Olhe cá meneína, bim traxêr-lhe o quódigo do Sôtor.
- Sim, bem sei.
Ele remexe na papelada e eu espero, com um ar muito profissional.
- Ò meneína, posso dizer-lhe já o quódigo da certidão permaneínte?
- Pode, com certeza. Deixe-me pegar aqui numa esferográfica. 
E diz ele muito rápido, com um ar duvidoso:
- E a meneína, sabe escrever?
Caramba! Os meus olhos ficaram de tal forma esbugalhados, que quase tive de os meter para dentro.
- Infelizmente não, Sôtor, importa-se que vá ali chamar a minha colega? É que eu até me safo muito bem com isto da respiração, já com as letras... (e saio da sala).
- Ò meneína. meneíííína!
Volto à sala.
- Diga Sôtor.
- Eu estaba a reinar consigo. Diz ele abrindo os braços.
Eu, abrindo o sorriso:
- Também eu sôtor, também eu.
 
Em Coimbra de 1930, só o engraxador não era doutor; De resto, a nomenclatura era António da parte da mãe, Doutor da parte do pai.
E reza a história, que o Escrivão de Direito do Tribunal de Coimbra, sobejamente conhecido pelo seu ofício, foi engraxar os sapatos.
O engraxador, fazendo juz ao nome, trata logo de lhe pedir um 'grande favor'.
- Ò Sôtor, ainda bem que o encontro, sabe lá, recebi aqui uma carta, coisas lá da família da minha mulher, e parece que a coisa é séria.
(Retira a carta do bolso do casaco, mas ao esticá-la, recolhe-a logo rapidamente).
- O Sôtor sabe ler, não sabe?
 
É incrível perceber onde nasce uma certa forma de estar e de pensar, no Portugal dos doutores.
Por estes dias, é preciso ser-se muito esperto para não deixar que a ilusão nos baralhe na cabeça, a diferença entre saber e sabedoria.
O saber que se aprende nos livros, fica muito aquém da sabedoria que se aprende com a vida.
E o engraxador (que não era doutor), sabia disso.
Hoje a maioria não sabe. E aplaude o Palito à entrada da prisão, como aplaude o governante corrupto, o médico incompetente, o advogado pimpão.
Doutores...

22 de maio de 2014

Dizem que as pessoas dos blogs ...

... gostam muito de livros, e em calhando, também gostam de ouvir falar sobre livros.
Venham daí, que eu sei de um sítio maningue nice para 'os malucos dos livros' ouvirem falar de livros, e ainda por cima com esta antecedência sensacional, para conciliarem as vossas agendas.
Já para não falar do autor... riquíssimo.
 
Ler Gabriel García Márquez
Muitos dias depois (da sua morte), diante (não do pelotão) mas da plateia, Gabriel García Márquez vai ser recordado. 
Com Clara Ferreira Alves e José Eduardo Agualusa (que lança novo romance no dia seguinte). 
Dia 5 de Junho, às 18.30h, na Bertrand do Chiado.
Moderação: Anabela Mota Ribeiro

Sobre a crise do BES Internacional

BESI, bates  no fundo forte cá dentro!

21 de maio de 2014

Ninguém fez o relatório da passadeira vermelha de Cannes 2014, pois não?

Foi uma festa e peras!
Não fosse ter tropeçado no Paulo Branco logo à chegada, vinha ele do supermercado, e não tinha conseguido esta foto sensacional.
O bigode? Oras, o bigode ficou guardado no hotel. Parece que anda meio fugido da AT (Autoridade Tributária) e 'uma pessoa se vem para se divertir, bolas, deslarguem-me, que pagar e morrer...'

 
Parece que a Patrícia Vasconcelos também lá andava a fazer uns castings. Vai daí apareceu o D. Duarte de Bragança, fartinho de estar na obscuridade, e lançou a sua sorte aos bichos. Faltava-lhe era ali qualquer coisa assim, a modos que, especial. E como a vida não lhe deu limões, foi pedir alguns emprestados aos que o Paulo Branco tinha no saco e toca de os meter nas calças! Ficou uma bela foto. Por mim, passa.


 
A Xiou Ming-do, a nova 'namoradinha' da Coreia do Norte, veio numa nuvem. Para as câmaras referiu tímida: 'Cannes é um sonho.'
Sim, Cannes é um sonho, porque só em sonhos é que alguém consegue sair da Coreia do Norte.
E agora, uma salva de palmas para o nosso Lider Supremo Kim bolas Jong-un!!
(2 horas depois) Obrigada. Podem parar.
 
 
 
Lili Caneças, foi convidada de honra mas chegou um tudo-nada atrasada. Não foi no entanto motivo de preocupação para a severa organização, e numa produção espetacular de 3 pisos, qual bolo de noiva, abriu os braços e disse: Ò meu querido Dudu, venham daí essas bolas cá beijinho!
O penteado foi muitíssimo aplaudido, só não consegui perceber se ia de costas ou de frente. Neste aspecto acho que uma franja tinha feito todo o sentido.

 
E aqui, nesta produção chiquèrrima 'selva de sapos do Pacífico', muito em vouga no.... Pacifico, justamente, a Lady Gaga faz o devido tributo ao novo filme dos Marretas, transformando o sapo Cocas, numa peça de arte contemporânea, só vista nos melhores dias de Serralves. 

 
Prometo voltar para o ano, não sei se é se com tanto glamour como este.
Duvido.
 
 

Sensação de Impunidade ou Impunidade Sensacional?


Jardim Gonçalves, antigo líder do BCP – conseguiu escapar a várias multas que totalizavam um milhão de euros, por terem 'deixado passar' mais de oito anos desde que as infracções foram cometidas.
A 4 de Dezembro de 1980 o avião onde viajava Sá Carneiro, o primeiro-ministro português, caiu sobre Camarate. Acidente ou atentado? O caso prescreveu há 15 anos, sem resposta.
Alberto João Jardim prossegue prepotente e arrogante, na sua tarefa impiedosa de gastar e corromper.
No seu mundo à parte Alberto João continua a exibir-se em fatos ridículos de Carnaval, suado e anafado. Entretanto, gastou mais de três milhões de euros em luzes de Natal e no fogo-de-artifício da passagem de ano. A adjudicação foi feita por ajuste directo à Luzosfera, empresa do antigo amigo deputado regional do PSD Sílvio Santos que é favorecida pelo Governo Regional desde 1996.
E nós a pagar. E o bofe a engordar.
Dos 150 doentes hemofílicos que receberam tratamento com plasma contaminado com o vírus da SIDA, só 30 sobreviveram.
A acusação recaiu sobre a então ministra da Saúde Leonor Beleza. Houve ou não negligência? Onde está a Setença? Quem foi responsabilizado? Ninguém. Em 2003 o Supremo Tribunal de Justiça decidiu arquivar o processo. O caso havia prescrevido, sem nunca ter ido a julgamento.
Em 2004 estalou o escândalo dos submarinos. Paulo Portas, tal como no caso Moderna, nuca foi ouvido pelo Tribunal.
Atualmente os portugueses aguardam a resolução na justiça do caso do BPN. No início do julgamento em 2010, o juiz alertou para um litígio longo e demorado. Até dezembro de 2012, tinham prestado declarações apenas 12 das mais de 300 testemunhas. E já se vendem Mirós.
O sistema de Justiça absolveu Valentim Loureiro no caso da quinta do Ambrósio. Mesmo com provas evidentes, os tribunais não conseguiram, mais uma vez, apanhar os poderosos.
Na Câmara de Gondomar, com a participação ou patrocínio de Valentim Loureiro, um terreno agrícola é adquirido por um milhão de euros. A classificação do solo é alterada e em seis dias o terreno é vendido pelos protegidos de Valentim por cerca de quatro milhões. Esta operação de tráfico de terrenos, caucionada pela câmara, gerou uma margem de lucro de 300 por cento. Para quem? Eu cá não vi nada. Ninguém viu. O povo é cego.
Também por falta de provas foram arquivados os três processos com que lidou o presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, no âmbito da investigação Apito Dourado. Apesar da condenação a perda de mandato, Valentim Loureiro não abandonou o seu cargo de autarca de Gondomar.
Já Isaltino Morais só entrou na prisão em 2013, 10 anos depois do escândalo das contas na Suíça ter estalado, e depois de incontáveis recursos. Durante este tempo todo, continuou no cargo de presidente da Câmara de Oeiras. E mesmo estando preso, apresentou a sua candidatura a presidente da Assembleia Municipal.
Por causa do regabofe dos SWAP, neste momento o zé povinho pagou 122 milhões de euros  para poder cancelar um contrato ruinoso com o J. P Morgan. Pagamos o prejuízo dos SWAP, pagamos o cancelamento, pagamos os salários aos larápios que os fizeram, e pagamos contratos ilegais aos bancos amigos do governo, contratos esses que poderiam e deveriam ser cancelados sem multas, dada a total ilegalidade que os envolve, segundo a opinião de vários especialistas. Quem assinou? Quem é o responsável? Niguém sabe, niguem quer saber. 
Estes são alguns (poucos) dos escândalos a que Portugal assistiu em 40 anos de democracia.
Há na sociedade portuguesa uma sensação de impunidade, e diria mais, há na sociedade portuguesa uma impunidade sensacional.
Quem ganhará esta batalha?  Quem ficará impune? Quem será absolvido, só pelo passar do tempo, um dia após o outro?
Resposta: A prescrição.
Por dia, dois arguidos escapam à Justiça por prescrição do crime.
S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L!
Só para dizer.
              

Insólitos

 
Ups! Caíu?  Que biolência...

 
Foi uma bela resfrescada!
O namorado nem pestanejou: "Esta gaja só dá é barraca!"

 
Andá cá minha magana! Já para casa!
 
 
Estes gajos não têm criatividade nenhuma. É sempre a mesma merda de produtos. Apre!
 

 
Zás, zás, zás! Duas contra uma. Não é justo...

20 de maio de 2014

E o presente para o marido do ano, na categoria 'quase 40' foi?

Um tacho!
 
 
É.
Eu sou assim, má como as cobras uma rapariga despachada.
Não ando cá com mariquices, e áh, deixa cá ver o que o moço merece, e áh,  deixa cá ver se cumpriu os mínimos para levar uma coisinha, vá, mais recreativa, uma coisinha mais ronhónhó, para ele mostrar aos cabeludos lá do escritório.
Já não estou para isto, calha bem. Este ano decidi que não queria vê-lo desembrulhar o presente como quem não espera mais nada da vida,  e soltar-me um sorriso amarelo, esticar-me uns beiços displicentes, como quem diz, já não me surpreendes, fazes sempre como eu gosto, e eu gosto assim, e ainda bem, porque nem de propósito, estive para comprar isto ontem, mas ainda bem que me fizeste o favor de ir comprar por mim, e ai que é tão giro (credo), e ai que cheira tão bem (são azedas não é?), e ai ai ai, e alto e pára tudo!
Isso é que era bom, meu menino.
Posso não ter um único pelo nas axilas, posso até não ter farta cabeleira, mas para te comprar essas coisinhas conárosa tens a  tua mãezinha, a minha sogrinha do coração, que te engendrou muito bem engendrado com um senhor de bigode, numa certa noite de folia amor e que depois (mal contente) te pariu (cheio de alergias, raispartam), e por isso tem o dever ( e isso é pedir pouco, dado os defeitos de fabrico) de te dar e fazer as coisinhas ronhónhós, que tu sabes que a minha mãe (santinha) não fez questão de me transmitir nos genes.
Eu sou a tua Mulher, calmeirona, bruta como as casas, sempre aos gritos, desgrenhada e de cacete na mão, não sou a tua barbie-princesa.
Vai daí que se deu um caso, e só por acaso, fui ao hipermercado.
Acontece que foi justo no dia em que o moço fazia (muitos) anos de nascido. Ia só comprar uma alface, mas de subito que aquilo das bruxas sempre se confirma, senti as pernas possuídas, a levarem-me sabia eu lá para onde, e em passando ali na zona dos utensílios de cozinha, parei, e em parando, olhei, e em olhando... enfim, aquilo ficou-me na retina, e depois nos neurónios e quando mais tarde tentei devolver a Wok à prateleira, na certeza absoluta que a minha sogra havia de me lançar uma praga de 5 meses de trabalhos forçados em frente ao fogão, num nítido volte-face do feitiço contra a minha pessoa (cruzes canhoto, afasta de mim esse cálice), já eu estava numa caixa, com uma senhora amarela que sorria para mim, a dizer: então, quer fatura?
Ainda fiquei a olhar para ela, com aquele ar de incerteza esdrúxula, ou lá o que isso é, mas depois lembrei-me do avental que lhe tinha trazido de Paris, e aquilo era o Universo, só podia ser o Universo a fazer pendant (ai, o que eu adoro fazer pendant) e zás, uma Wok debaixo do sovaco e cá vai ela, de cabelos a dar a dar, para o balcão do cliente, aliviada, por aquilo ter contribuído com mais 20 euros em cartão e ainda ser embrulhado de borla.
E a minha sogra pensa vocês pensam: que cabra!
Oferecer um tacho ao marido, coitado, aquela bondade de pessoa,  o único que a desencalhou, que lhe fez uma filha mesmo sabendo que o gene ruim podia passar para a inocente criança, que iria ter de conviver com aquela família com nome de fruto doce, mas só por dentro, casca grossa, que não pinta a unha, não usa saia, não fala francês, e a paga é esta. Um tacho.
Mas o moço é moço do campo, das gentes simples, um píncaro da humildade, e de beiços estendidos, pronto para mais um ano de felicidade conjugal, braços abertos e sorriso rasgado, recebeu a oferta e disse:
- Caramba! Era mesmo isto que eu queria.
- Ainda bem, meu menino. Agora apressa-te a fazer qualquer coisa de comer, que eu estou cheia de fome. A alface está ali para ser arranjada, no frigirífico. Áh, e comprei-te um óptimo detergente para a loiça.
Resumindo: Se a vida te oferecer limões woks, faz um jantar, convida os teus amigos e brinda.
PARABÉNS MIÚDO!

18 de maio de 2014

Retalhos da vida de um médico


Há pessoas que se distinguem, e quando me chega uma história destas, gosto de pensar nela e tenho prazer de a contar aos outros, para que pensem também, e se encantem, e se perguntem, como pode uma coisa tão simples, ser ao mesmo tempo tão complexa.
Às vezes, estas pessoas de quem falo, as "salientes-comuns", não sabem pessoalmente que carregam na pele uma rugosidade, um cheiro, que impressiona os outros. São pessoas (in)vulgares, displicentes com a sua capacidade extraordinária e subtil (que desconhecem), mas que no fundo é 'a' capacidade que nos abre todas as possibilidades da vida: a observação atenta e dedicada daquilo que nos rodeia.
Obviamente que todos pensarão que estou louca, que sou mais uma tonta que só escreve tonteiras. Também, mas não só.
Ora atentem a esta pequenina história que aqui vos vou aqui deixar, verdadeira, portuguesa, de um médico do Porto, por quem tenho muita estima, estima esta que ele nem sonha que tenho, porque simplesmente não se dá essa importância, de achar que os outros possam ter por ele algo mais, que não seja aquela que se nutre socialmente... por um médico.
Então vamos a isto.
Olhem para aquela imagem ali no topo. Vou começar por ali.
A mulher carrega aquele bebé desde as 10h horas da manhã. São 16h da tarde. Ela está a trabalhar e o bebé está ali, a dormitar. Deve ter 1 mês de vida, no máximo dois.
O bebé não sabe onde está, mas sabe que está protegido pela mãe. Não vemos ali stress, birras, choros, gritos ou questões que possam afetar o momento. É só a mãe e o filho. O quadro é perfeito.
Quantas vezes vimos isto? Milhões.
E o que retirámos deste quadro que possa ser importante para os outros ou para nós?
Eu pessoalmente, nada. Talvez ninguém nada, ou pouca gente alguma coisa.
Houve umas miúdas que retiraram dali uma ideia, e montaram um negócio de panos que vendem às mamãs. O negócio vende bem. Estas miúdas são inteligentes. Observadoras. 
De certeza que outras pessoas perguntam, agora que estão a olhar para a imagem, o que pode um médico retirar dali. Talvez algo relacionado com o nariz. Talvez os negros tenham o nariz esborrachado por andarem ali às costas desde os tempos ancestrais. O médico pode ter encontrado uma forma de os fazer (finalmente) ter os narizes não-aduncos. Não. A criança tem sempre a cabeça de lado.
O que será então? Posso fazer aqui um momento tchanan, vou aproveitar.
O bebé tem fralda?
Não.
Os bebés africanos que andam às costas da mãe, não usam fralda. As mães não precisam desse acessório.
Caramba. Então os bebés, coitadinhos, fazem os cocós ali dentro? Ou têm um código especial para avisar a mãe que vem lá companhia?
São bebés inteligentes, dizem vocês. Habituados desde pequenos a estar ali... não, não é isso. Aquele bebé tem um mês de vida.
O médico sabia perfeitamente que o bebé nunca fazia cocós nas costas da mãe. Mesmo que lá estivesse 8 horas seguidas.
Então como é?
É assim: a mãe assim que a criança nasce, dá-lhe de mamar. Logo após a mama, agarra o bebé de pé, com o polegar por baixo das axilas dele, amparando-o com resto dos dedos nas costas, as pernas do bebé ligeiramente fletidas, e o rabinho do bebé dentro duma panelinha daquelas. E espera o tempo que for preciso até o bebé fazer o cocó. Assim que o bebé faz o cocó, zás, mete-o no lenço atrás das costas. Outra mamada, outra vez a mesma técnica. Mama, cocó, zás, lenço. Nas primeiras duas semanas o bebé perfeito, faz cocó no minuto seguinte à mamada. Três semanas depois, só faz cocó naquela posição até perceber, com o normal desenvolvimento de uma criança que cresce, a fazer em outro local, até porque a mãe não o aguenta muitos meses ali e o bebé também oserva outras a fazer de forma diferente.
Este médico observou isto com atenção (trabalhava como pediatra em Africa, até retornar a Portugal) e trouxe esta ideia para o Porto. Como?
As mães portuguesas não andam com os filhos às costas (só no sentido figurativo, claro) mas gastam rios de dinheiro em fraldas, durante muito tempo. 
No seu consultório, desenhou um bacio que permitiu com que as crianças, devidamente amparadas pudessem ser colocadas para fazerem o cocó, logo após a mamada. O bacio de espaldar alto quase que nem precisava que a mãe amparasse. Essa era a ideia. O bebé pequeno não passar pela fase da fralda.
Nos meses seguintes ensinou às mães esta técnica simples e eficaz, e muitos meninos do Porto deixaram de usar fralda pouco tempo depois de nascer.
Este médico não ficou rico a fabricar bacios, mas as mães faziam, à época, fila para conseguir uma consulta com ele.
E isto não vingou porquê?
Além dos lobbies da indústria, o médico em causa não entendeu esta possibilidade como um negócio, apenas a transmitiu como o bom sábio das montanhas, imune às pragas económicas que parecem molas que fazem todos saltar.  
E por isso esta história é deliciosa por três motivos.
O primeiro, está relacionado com a humildade de um ser invulgar, o segundo com a importância que a observação atenta e ponderada tem na nossa vida. Passar os dias com a cabeça nas nuvens, no espelho ou invejando a vida dos outros, só nos traz dissabores e problemas. 
A ultima é a maravilha de conseguirmos aprender qualquer coisa com os outros,  que não nos estão conscientemente a ensinar nada, observando-os e adaptando essas pequenas lições à nossa própria vida.
É que às vezes, parecemos apenas símios a quem deram os primeiros talheres.
Um beijo a todos. 

15 de maio de 2014

FRASE

"Comentário no blog é como risada para palhaço."

Momento Citações

Eu já percebi tudo.
Futebol? Telenovelas? Filmes da Cicciolina, ganzas, minis, raves e sexo na banheira?
Nada disso.
As pessoas que vivem na linha (não, não é a malta de Carcavelos, que esses é mais feiras) o que mais adoram é ver uma boa citação.
É uma página de citações??? GOSTO!  
O que interessa, meus amigos, se o país se está a desfazer em cacos, se o canalha do Rendeiro escapou à prisão, se o o IVA vai subir outra vez, ou se agora é que é, agora é que podemos tudo na eleições europeias, ups, não vai dar que tenho de ir até à praia! hum?
E depois, uma citação-zinha cai sempre bem, aliás, há páginas, blogues, colunas no Expresso, que vivem deste tipo de bengala psicológica, tipo, não tenho mais nada para dizer, não sei alinhar um pensamento, não sei fazer merda nenhuma, mas, alto é pára tudo! sei postar uma citação.
E vai daí, dá ao dedinho, e bosta posta.
Não disse nada, não criou nada, não se comprometeu com nada, não leu nada, não sabe de nada mas postou uma senhora citação e é seguido por milhares de fãs.
A estas pessoas eu chamo de abduzidoras de pensamentos alheios-sem-vergonha, já que se aproveitam das epifanias dos outros (algumas muitos estúpidas mas que dizem peaneurs, e isso é giro) para se salientaram no meio de tanta coisinha sem interesse, como são, e até não discordo, os discursos do Assis, as imagens de praias na Tailândia, ou cenas do Big Irmão.
Mas ó gente da minha terra! abrir a internet à segunda e ter TODOS os amigos a desejar-me em corações, gatinhos, florzinhas, meninas na praia, 'feliz segunda feira' , 'tu és capaz', 'já só faltam 4 dias', 'amanhã vai ser melhor', bolas!! é que não há cu que aguente.
Vai daí que eu, moça cómica e de humor bastante inteligente, que até estou em vias de ser contratada pelo RAP (já tinha dito? desculpem) resolvi fazer uma ode a esta gente que adora citações e ajudá-las a encontrar citações que na realidade valem mesmo a pena, e que se não tivessem sido já pensadas por outros, eram concerteza pensadas por mim.
E posto isto, posto assim:
 
 
 
Exatamente. Estamos carecas de saber.
 

 
É. E vomitar o almoço é como ir comer ao Avillez, só que ao contrário.
 
 
 
Pouco tempo - fast food - imenso espaço no estômago - citação n.º 1


 
Que é o mesmo que dizer: tens de cagar para depois limpares o rabo.
 

 
A minha paciência para esta gente é ZERO. Mas zero é infinito e infinito é o amor, e o amor é um pneu...
 
 
Já quem não vê um caralho, é bem capaz de estar num evento de eunucos.


 
Todos nós nascemos originais, gosto. É original fazer cópias do Freud, mas isso não interessa nada. Estão ambos mortos.


Hahahahahahahahahaha! A loucura é coisa rara! Hahahahaha! Nos indivíduos! Hahahahahahaha!
 Ò velhinho, vai mais é falar ali com o Jung, ou interna-te num asilo!

 
Ò Pierre, não brinques com coisas sérias.
 
 
 
Fónix, esta agora foi forte.
Devia comer mais bróculos para aguentar com isto!
 
 
E foi da grossa.
Vão ver do que falo nas próximas eleições europeias...